segunda-feira, 29 de fevereiro de 2016

“Nunca é tarde demais para converter-nos, mas é urgente fazê-lo”, disse o Papa no Angelus de ontem

Diante das crônicas, que diariamente relatam terríveis notícias de “homicídios”, “acidentes” e “catástrofes”, não devemos ceder a atitudes supersticiosas, vendo nessas coisas punições divinas e culpar os homens ou até mesmo Deus. Em face de tais eventos, disse nesse domingo, 28, o Papa Francisco, por ocasião do Angelus, é necessário comportar-se como recomendado por Jesus. No Evangelho de hoje (cf. Lc 13,1-5), o Senhor menciona “dois acontecimentos trágicos que, naquele tempo, tinham causado grande espanto: uma repressão cruenta realizada pelos soldados romanos dentro do templo; e a queda da torre de Siloé, em Jerusalém, que tinha causado dizoito vítimas”, recordou o Santo Padre. Jesus é consciente da “mentalidade supersticiosa” de seus interlocutores e do “caminho errado” com o qual interpretavam esses eventos: eles pensam que “se aqueles homens foram mortos de forma tão cruel, é sinal de que Deus os castigou por alguma culpa grave que tinham cometido” e que, em certo sentido, “eles mereciam”, enquanto que quem tinha sido poupado poderia estar “tranquilo” na consciência. De fato, explica Jesus, “Deus não permite as tragédias para punir as culpas”, também porque “aquelas pobres vítimas não eram piores do que outros”. O seu convite é de “tirar destes fatos dolorosos uma advertência que diz respeito a todos, porque todos somos pecadores”, tanto assim que, aos que lhe haviam perguntado, tinha dito: “Se não vos converterdes, perecereis todos do mesmo modo” ( v. 3). Também a nós, contemporâneos, pode vir a tentação de “descarregar” a responsabilidade dos eventos trágicos ou catastróficos “sobre as vítimas, ou mesmo sobre o próprio Deus”. No entanto, o Evangelho nos levanta algumas questões: “que ideia de Deus nós nos fizemos? Estamos convencidos de que Deus seja assim, ou aquela não é, isso sim, uma projeção nossa, um deus feito ‘à nossa imagem e semelhança’?”. Jesus nos chama a “mudar o coração, a fazer uma mudança radical no caminho da nossa vida, abandonando os pactos com o mal” e as “hipocrisias” para “definitivamente tomar o caminho do Evangelho”. Deus não gosta de “boas pessoas” ou de simples “fieis, até bastante praticantes”, que, por isso, “acreditam que são justificados”. Muitos de nós são como “uma árvore que, durante anos, tem dado muitas provas de sua esterilidade”, como a “figueira estéril”, de que fala o Evangelho (cf .. V.9). No entanto, nisso, Jesus mostra uma “paciência sem limites” oferecendo-nos tempos de graça e arrependimento como a Quaresma ou o atual Ano Jubilar da Misericórdia. “Vocês já pensaram na paciência de Deus? – perguntou o Papa aos fieis – . Pensaram também na sua preocupação inflexível com os pecadores, como deveriam provocar-nos à impaciência nas relações conosco mesmos. Nunca é tarde demais para converter-se, nunca! Até o último momento: a paciência de Deus que nos espera”. Bergoglio, portanto, citou a anedota de Santa Teresa do Menino Jesus, quando começou a rezar por um condenado a morte, que até o último momento rejeitava o sacerdote para a confissão final. Enquanto Santa Teresa continuava a orar no seu convento, aquele homem, “bem no momento de ser morto, dirigiu-se ao sacerdote, tomou o crucifixo e o beijou”. Um episódio que revela a “paciência de Deus”, que se manifesta com qualquer um de nós, que estamos sempre na iminência de cair em pecado e Ele “nos salva”, com “sua misericórdia”. “Nunca é tarde demais para se converter, mas é urgente, é agora! Comecemos hoje”, recomendou o Pontífice, invocando Nossa Senhora, para que nos ajude a “abrir o coração à graça de Deus, à sua misericórdia” e a “não julgar jamais os demais, mas deixar-nos provocar pelas desgraças diárias para fazermos um sério exame de consciência e converter-nos”.

Papa Francisco, qual é o milagre que o senhor gostaria de fazer?

“O amor antes do mundo – o papa Francisco escreve às crianças” é o título (ainda sem tradução oficial em português) de um livro lançado na Itália na semana passada com 31 respostas do papa Francisco a cartas enviadas por crianças de 6 a 13 anos, de todos os continentes. A coletânea foi organizada pelo padre jesuíta Antonio Spadaro, diretor da centenária revista italiana La Civiltà Cattolica. As crianças, como lhes é próprio, fazem perguntas que vão do engraçado ao profundamente desconcertante. Confira algumas delas – você provavelmente teria que pensar com calma antes de tentar respondê-las a, por exemplo, um menino órfão de 8 anos de idade: – Querido papa Francisco, a minha mamãe já está no céu. Lá ela vai ter asas, como os anjos? – Santidade, o meu vovô não é católico. Mas ele não é mau. Quando morrer, ele vai para o céu? – Qual é o milagre que o senhor gostaria de fazer? – Por que hoje em dia não acontecem mais milagres? – O que o senhor ainda gostaria de fazer na vida para tornar o mundo mais bonito e justo? – Papa Francisco, o senhor sabe por que alguns pais brigam? As respostas de Francisco são reveladoras não só para as crianças – talvez, elas sejam especialmente adequadas para nós, adultos, que, tantas vezes, entendemos menos a vida do que as crianças. Sobre o “milagre que gostaria de fazer”, o papa responde que “curaria todas as crianças. Eu ainda não consegui entender por que as crianças sofrem. Para mim, é um mistério. Eu não sei dar uma explicação… Eu rezo fazendo a Deus esta pergunta: por que as crianças sofrem? A minha resposta para a dor das crianças é o silêncio, ou alguma palavra que nasce das minhas lágrimas. Eu não tenho medo de chorar. Você também não precisa ter”. Quanto aos milagres que “hoje em dia não acontecem mais”, ele devolve a pergunta: “Mas quem foi que disse isso? Os milagres também existem hoje em dia: por exemplo, o milagre das pessoas que sofrem, mas não perdem a fé… Eu mesmo já experimentei muitos milagres. Não, não são aqueles milagres espetaculares! Eu nunca vi um morto ressuscitar. Mas tenho visto muitos milagres diários na minha vida!”. E uma resposta de que nós, adultos, certamente precisamos muito mais do que os pequenos: o porquê de os pais brigarem e discutirem. Francisco não só responde, como, principalmente, propõe uma solução: “Eu também já discuti. Viver junto com outra pessoa envolve sempre alguns problemas… É normal as pessoas discutirem. E os papais também discutem algumas vezes. Mas existe uma receita mágica para resolver as discussões, sabe? É a seguinte: que os pais nunca terminem o dia sem fazer as pazes. Se alguém for dormir levando junto esse mal-estar durante a noite, ele vai causar uma frieza que, na manhã seguinte, será difícil de superar”. Respondido, papais?

Papa: que não haja lugar para o desprezo em nosso coração “Fará bem a nós tomar um pouco de tempo – hoje, amanhã – ler as Bem-aventuranças, ler Mateus 25, e ficarmos atentos"

O Papa Francisco iniciou a semana celebrando a missa na Casa Santa Marta. A sua homilia foi inspirada nas leituras do dia, que nos falam da indignação. Naamã, o sírio, indigna-se por um leproso e pede ao profeta Eliseu que o cure, mas não aprecia o modo simples com que esta cura pode acontecer. E se indignam também os moradores de Nazaré diante das palavras de Jesus, seu conterrâneo. É a indignação diante do projeto de salvação de Deus que não segue os nossos esquemas. Não é como nós pensamos que seja a salvação, a salvação que todos queremos. Jesus sente o desprezo dos doutores da Lei que buscavam a salvação na casuística da moral e em tantos preceitos, mas o povo não tinha confiança neles. “Os saduceus que buscavam a salvação nos compromissos com os poderes do mundo, com o Império… uns com grupos de clérigos, outros com grupos de políticos, procuravam assim a salvação. Mas o povo percebia e não acreditava. Sim, acreditava em Jesus porque tinha ‘autoridade’. Mas por que este desprezo? Porque na nossa imaginação, a salvação deve provir de algo de grande, de majestoso; somente os poderosos nos salvam, aqueles que têm dinheiro, que têm poder: eles podem nos salvar. E o plano de Deus é outro! Se indignam porque não podem compreender que a salvação vem somente do pequeno, da simplicidade das coisas de Deus”. “Quando Jesus faz a proposta do caminho de salvação – prosseguiu o Papa – jamais fala de coisas grandes”, mas “de coisas pequenas”. São “os dois pilares do Evangelho” que se leem em Mateus, as Bem-aventuranças e, no capítulo 25, o Juízo final, “Vem, vem comigo porque você fez isto”: “Coisas simples. Você não buscou a salvação ou a esperança no poder, nas negociações… não… fez simplesmente isto. E isto indigna a muitos. Como preparação à Páscoa, eu os convido – também eu o farei – a ler as Bem-aventuranças e a ler Mateus 25, e pensar e ver se algo disso me indigna, me tira a paz. Porque o desprezo é um luxo que somente os vaidosos, os orgulhosos podem se permitir. Se… no final das Bem-aventuranças, Jesus diz uma palavra que parece… mas por que isso? ‘Bem-aventurado aquele que não se escandaliza comigo’, que não despreza isso, que não sente desprezo”. O Papa Francisco assim conclui a sua homilia: “Fará bem a nós tomar um pouco de tempo – hoje, amanhã – ler as Bem-aventuranças, ler Mateus 25, e ficarmos atentos ao que acontece em nosso coração: se existe desprezo, e pedir a graça ao Senhor para entender que o único caminho da salvação é a ‘loucura da Cruz’, ou seja, a aniquilação do Filho de Deus, de Deus, e fazer-se pequeno. Representado, aqui, no banho no Jordão ou na pequena aldeia de Nazaré”. (Rádio Vaticano)

Falta de tempo: será mesmo que precisamos viver sempre tão ocupados? Pode não parecer, mas viver ocupados demais é uma escolha – e podemos mudá-la

Você pergunta a um amigo como ele está. Resposta: “Ocupado”. Mas por que vivemos tão ocupados? Somos pressionados a pensar que a vida é algo a ser agendado: ficar sentados numa sala de aula durante três, quatro ou cinco horas, depois academia ou futebol ou vôlei ou natação ou artes marciais, depois aula de música ou de inglês ou de balé ou de reforço acadêmico, depois a lição de casa, depois um jantar apressado e insosso, depois uma curta noite de sono. Os pais de muitos de nós, é claro, nos modelaram desse jeito, trabalhando em tempo integral durante oito horas todo dia e agendando com quatro semanas de antecedência aquele espacinho da tarde de domingo para tentar encontrar o amigo Fulano ou Beltrano, que também não podia encontrá-los em nenhum outro momento. Bom, vamos ser justos: podemos argumentar que os nossos pais estavam apenas tentando nos preparar adequadamente para as realidades competitivas de uma sociedade cada vez mais focada no sucesso material. Mas não podemos deixar de reconhecer a tensão cotidiana entre trabalhar pelo sucesso financeiro futuro e aproveitar a vida agora mesmo. Criar um filho materialmente bem sucedido e criar uma criança carinhosa e emocionalmente madura são tarefas que pedem estilos radicalmente diferentes de paternidade: a corrida pelo sucesso e a felicidade entram em conflito, muitas vezes, uma com a outra. Quando a vida é pura preparação para o futuro e não sabemos apreciar o tempo do agora, mais cedo ou mais tarde “chegaremos lá”, mas não saberemos fazer mais nada a não ser tentar “chegar mais longe ainda”. É que o nosso modo de viver de hoje vai influenciar a nossa vida de amanhã. Se permitirmos que a exaustão dite os nossos hábitos e delimite o nosso lazer agora, vamos continuar cansados também amanhã. Vamos continuar estagnados – nós e aqueles que vierem depois de nós. Todos nós juramos que vamos ser diferentes dos nossos pais. O pêndulo geracional oscila dos pais ausentes aos pais onipresentes e volta. Sabemos que a paternidade ao estilo “corrida pelo sucesso” não é nova. Nas Confissões, Santo Agostinho já lamentava que o pai tivesse investido enormes quantias de dinheiro para lhe dar a “melhor” educação (ou seja, informações e habilidades), mas não se importava em saber como o coração do jovem Agostinho estava sendo moldado: “Fui deixado como um deserto, sem cultivo para ti, ó Deus” (Confissões 2,3). Soa familiar, não? A maioria dos jovens que conhecemos segue um estilo de vida agitado na vida adulta, com o excesso de ocupações e o estresse que vem com ele. Eles não sabem como parar essa espiral. Não sabem ser espontaneamente disponíveis para as coisas não programadas, para as interações da vida real. E, certamente, não têm uma visão clara do que significa “chegar lá”. O que fazer? Há coisas que os locais de trabalho poderiam fazer para ajudar os funcionários. Afinal, as pessoas realmente trabalham melhor quando têm mais tempo para respirar: lazer é igual a melhores resultados. Mas a chamada “geração do milênio” também vai precisar fazer algumas escolhas. E aqui vão algumas perguntas para você mesmo se fazer: O que importa mais, o trabalho ou outras coisas? Se a resposta é o trabalho, as outras coisas sempre vão sofrer. E, mais cedo ou mais tarde, você mesmo vai ser apenas mais uma das “outras coisas”. Quais são as “outras coisas”? O que realmente faz a sua vida valer a pena? Quaisquer que sejam as opções, duas delas deveriam ser estas: “relacionamentos” (ou “comunidade”, se você preferir) e “lazer”. Por “lazer”, eu não quero dizer apenas ócio, jogos e afins. Quero dizer momentos em que se tenha tempo livre para pensar, imaginar e intercambiar ideias. Trata-se de momentos como aquele em que se lê um bom romance acompanhado de um vinho ou de um café; em que se faz uma pausa ligeiramente alargada para o almoço e se dá um passeio ao ar livre; em que recebe um amigo ou um casal de amigos e se fica conversando durante algumas horas, dando folga às pressões do relógio. Nosso instinto pode ser o de programar os tempos livres, mas as coisas programadas raramente são voltadas ao lazer e ao investimento em relacionamentos reais. Não quero dizer que nunca se deva agendar nada. Mas as pessoas que optam na vida por priorizar “as outras coisas” parecem conquistá-las mais facilmente, em especial quando convencem os amigos a fazerem o mesmo. Sou bem consciente de que isto é muito mais difícil do que parece, já que a vida moderna parece estruturada para tornar tudo isso quase impossível, como se “O Sistema” quisesse ter a certeza de que nunca viveremos uma vida que faça sentido. Mas o difícil não é impossível. Se estivermos construindo a nossa vida em cima de coisas que não queremos priorizar, é hora de fazer alguma coisa para mudar esse panorama.

E o Oscar vai para… a Igreja! A premiação do filme "Spotlight", sobre o escândalo de pedofilia em Boston, é positiva

“Spotlight: Segredos Revelados” é o longa-metragem de Tom McCarthy premiado com o Oscar de melhor filme de 2015. A produção relata a investigação jornalística realizada em Boston em 2001 e que denunciou por abuso sexual de crianças e adolescentes nada menos que 249 dos cerca de 1.500 padres católicos da cidade. Matérias curtas em jornais locais já tocavam no pavoroso assunto desde a década de 1960. Mas nada que fosse realmente a fundo no pântano da pedofilia e da manipulação sacrílega. As coisas começam a mudar quando o judeu Marty Baron (Liev Schreiber) se torna o novo diretor de redação do jornal The Boston Globe. Ele destaca para o caso dos escândalos de abuso sexual a equipe de jornalistas investigativos conhecida como Spotlight (“holofote”, em inglês), formada por Robby (Michael Keaton), Sacha Pfeiffer (Rachel McAdams), Matt Carroll (Brian d’Arcy James) e Michael Rezendes (Mark Ruffalo). A Spotligh já tinha sido responsável, por exemplo, pela revelação das nebulosas ligações do mafioso James “Whitey” Bulger com o FBI, nos anos 1990 – outra história transportada para o cinema em “Aliança do Crime“, com Johnny Depp. Os repórteres agora dedicados a investigar os casos de abuso sexual clerical descobrem as primeiras vítimas, a maioria psicologicamente frágil e com famílias desestruturadas. Várias vítimas já tinham se suicidado. As ainda vivas recebiam de um grupo de apoio o título – bastante eloquente – de “sobreviventes”. Seus depoimentos dolorosos revelaram abusos que iam muito além do físico, chegando também ao âmbito da covarde manipulação moral e espiritual. Não raro, vítimas de abusos sexuais de religiosos, no caso de Boston ou em qualquer outro, chegam a considerar que elas próprias são mais “sujas” perante Deus do que os seus abusadores – e por isso sepultam em seu interior atormentado o segredo que não se atrevem a revelar ao mundo. A equipe Spotlight percebe também que, no geral, os padres abusadores ou suspeitos de abuso eram sistematicamente afastados de suas paróquias sob justificativas diversas – mas nunca entregues à justiça. Os jornalistas descobrem que o advogado Jim Sullivan (Jamey Sheridan) acobertava os criminosos, cobrando 20 mil dólares da Igreja, por cada processo, para não divulgar o escândalo na mídia. O diretor de redação insiste em fazer a sua equipe chegar até o cerne do esquema de acobertamentos, que, além da conivência da diocese, contava também com a leniência do poder judiciário, da polícia e até do próprio ex-diretor de redação do The Boston Globe, que fizera vista grossa a várias denúncias e documentos que tinham chegado ao seu poder anos antes. Mais do que o escândalo da pedofilia clerical em si mesmo, o tema central do filme é o papel crucial do jornalismo investigativo, tão sufocado em nossos tempos por um pseudojornalismo focado em angariar o máximo possível de “curtidas” e “compartilhamentos” nas redes sociais – o que lhe exige prostituir-se para agradar a um público raso e obcecado por fofocas, futilidades e pífias batalhas ideológicas carentes de argumentação racional. Isto não quer dizer que o premiado filme “Spotlight” seja ele próprio um cabal modelo de isenção jornalística e de imparcialidade absoluta. Há sutis detalhes no filme que parecem insinuar certa concessão à inexata e estendida ideia de que a Igreja toda é uma instituição corrompida: em várias cenas do filme pode-se ver uma igreja ao fundo, como a indicar a “onipresença” dessa “poderosa organização” e a possibilidade de que em cada um desses templos esteja acontecendo às escondidas mais alguma coisa terrível; também perturbadoras são as cenas em que os jornalistas preparam a matéria-denúncia enquanto se ouve como trilha sonora um sugestivo coral infantil de Natal… O próprio Oscar é, com frequência, um holofote de marketing a serviço de interesses ideológicos laicistas, e, neste caso, não deixa de chamar certa atenção que um filme que não era apontado como o favorito tenha deixado para trás o provável vencedor “O Regresso“. Como quer que seja, a vitória de “Spotlight” se justifica amplamente e não precisa ser vista como um enésimo “ataque à Igreja” – alguns setores do catolicismo procuraram levantar esta acusação, que é bastante parcial. Em primeiro lugar, porque o escândalo que o filme aborda é uma devastadora verdade, desmascarada, comprovada e inegável, que não pode mesmo ser acobertada sob “justificativa” alguma. Padres pedófilos constituem um horror tamanho que o seu crime abominável deve ser desmascarado com a mais irrestrita de todas as ênfases, em todos os tempos. E isto passa muito longe de ser um “ataque à Igreja” – pelo menos não é um ataque externo: em todo caso, é muito mais um ataque vindo de suas próprias entranhas do que de inimigos “de fora” dela. Em segundo lugar, setores da Igreja erraram sim, e criminosamente, ao acobertarem o inacobertável, tornando-se cúmplices de um sacrilégio que clama aos céus. O próprio Vaticano admitiu o erro gravíssimo de um número muito relevante de organismos eclesiais e e, graças também ao empurrão das denúncias tornadas públicas, adotou uma série de medidas de imensa importância para evitar que tais abominações continuassem a ser facilitadas ou mantidas impunes. Aliás, a Igreja católica nos Estados Unidos se tornou, depois dessa duríssima provação moral, uma das instituições com os protocolos de precaução mais avançados e rígidos do planeta em termos de regras voltadas a garantir a segurança de crianças e adolescentes em suas paróquias, escolas, abrigos, orfanatos, grupos juvenis – seu atual nível de atenção e transparência não é seguido nem de longe por instituições públicas, associações laicas, clubes esportivos, colégios particulares de renome e mesmo o exército. Em terceiro lugar, o Oscar para “Spotlight” é um prêmio para todos aqueles que combatem o abuso cometido sob os disfarces da fé e da religião – seja o abuso sexual, moral, econômico, político. Ainda que houvesse intenções “tortas” por trás da premiação a um filme que expõe pecados hediondos de uma quantidade espantosa de membros do clero, essa mesma premiação serve como favor à própria Igreja, cujos setores limpos e sérios agradecem pelas ajudas fornecidas para a purificação de todas as suas estruturas humanas. Quanto às ainda vastas porções da opinião pública que generalizam ao falarem (mal) da Igreja, reduzindo-a irresponsavelmente a uma máfia bimilenar e ignorando tudo o que ela oferece de bom e de belo ao mundo, a solução não cabe ao cinema. Cabe à própria Igreja, através de nós, católicos, que temos a missão de testemunhar a Verdade não apenas com palavras, mas, obrigatoriamente, com obras. Em vez de nos queixarmos daqueles que nos acusam, devemos parar de lhes dar motivos para nos acusar – e, muito mais do que isso: devemos lhes dar cada vez mais e mais motivos para nos respeitarem e reconhecerem, porque respeito não se pede.

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2016

Ônibus da Misericórdia" é mais uma iniciativa do Ano Santo

Sob o título de “Ônibus da Misericórdia”, a Diocese de Salford transformou um ônibus de dois andares em um confessionário ambulante, como parte das ações do tempo da Quaresma para motivar o retorno dos fiéis que se distanciaram da Igreja. O ônibus conta com a presença de sacerdotes com os quais as pessoas podem dialogar próximos de Deus ou ter acesso ao sacramento da Penitência.O Ônibus da Misericórdia está em serviço aos sábados, e é estacionado em lugares concorridos da cidade de Manchester e as povoações próximas. Enquanto os sacerdotes atendem aos fiéis, um grupo de voluntários convoca aos transeuntes, presenteando com medalhas religiosas abençoadas pelo Santo Padre. Os voluntários também oferecem informações sobre a Fé Católica e a organização da Igreja local, como a localização das paróquias e o horário das Missas. O foco é nas pessoas distanciadas da Fé, que podem dialogar, receber uma bênção ou confessar-se, tem “superado as expectativas” nas palavras do Padre Frankie Mulgrew, um dos organizadores da iniciativa, a Catholic News Service. Nas primeiras duas semanas, mas de 400 pessoas visitaram o veículo. “Estamos encontrando pessoas ali onde estão, estamos estacionando junto às suas vidas”, comentou o sacerdote. “Estamos tratando de reconectar as pessoas com a Fé e dar um espaço de boas vindas para elas, de aceitação, um lugar onde vão encontrar a misericórdia de Deus de uma forma tangível”. O própio Padre Mulgrew viveu na própria carne o processo que poderia ter um dos visitantes, já que sua conversão se produziu ao experimentar a misericórdia de Deus em uma confissão sacramental. Após o sucesso, mudou sua profissão de comediante para servir a Deus como sacerdote. Segundo o presbítero, alguns dos visitantes do Ônibus da Misericórdia se ausentaram da Igreja durante décadas. O ônibus foi desenvolvido como uma das iniciativas do Ano Santo da Misericórdia para o tempo da Quaresma, e supõem um investimento de 330 dólares por dia tratando-se de um veículo alugado. No entanto, o amplo êxito da iniciativa motivou a Diocese a avaliar a possibilidade de continuar oferecendo este serviço durante o resto do Ano Jubilar, que culminará no mês de novembro. (GPE/EPC, via Gaudium Press)

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2016

Portugal pede mais imigrantes “para dar o exemplo”

Numa Europa em que muitos países levantam muros para defender as suas fronteiras de possíveis invasões de imigrantes, há um que derruba as barreiras para acolher os refugiados. É Portugal, cujo primeiro-ministro, António Costa, declarou a intenção de abrir as fronteiras para os refugiados de outros países da União Europeia como sinal de solidariedade. Costa enviou uma carta ao colega grego Alexis Tsipras e aos primeiros-ministros da Itália, da Áustria e da Suécia para expressar a sua intenção. Na carta, Lisboa se oferece para abrigar 5.800 refugiados, além dos 4.500 já previstos no sistema de quotas da UE. Portugal se declara inicialmente capaz de acomodar 2.800 requerentes de asilo, mas diz que poderia acomodar outras 2.500 a 3.000 pessoas. Costa reconhece que este gesto não resolverá o problema do afluxo massivo de imigrantes à Grécia e aos outros países mais expostos, mas insiste que é importante dar um sinal de acolhimento e de apoio em relação a outros países da UE. “Nós temos que ser um exemplo. Somos contra uma Europa fechada, que blinda as suas fronteiras para impedir a entrada de refugiados. Queremos uma Europa diferente”.

“Se não existe justiça, misericórdia e respeito à vida a autoridade é mera codícia”, disse o Papa Na audiência geral desta semana o Santo Padre recorda que só Jesus pode curar as feridas e mudar a história

Mais uma vez o Papa Francisco reuniu-se na praça de São Pedro com milhares de fieis vindos de todas as partes do mundo para escutar a sua catequese durante a audiência geral. Previamente, o Santo Padre percorreu os corredores como papamóvel saudando os peregrinos, de forma especial os menores. Na catequese desta semana, o Papa refletiu, continuando com a série iniciada há algumas semanas, sobre a misericórdia na perspectiva pública. No resume da catequese, feito em português o Papa disse que “a Bíblia em diversas passagens nos fala dos perigos do poder e das riquezas. Em si mesmos, riqueza e poder podem ser bons e úteis ao bem comum, colocados ao serviço dos necessitados, com justiça e caridade”. Mas – advertiu o Pontífice – “quando são vividos como privilégio, egoísmo e prepotência, tornam-se instrumentos de corrupção e de morte, como aconteceu no caso da vinha de Nabot, narrado no primeiro Livro dos Rei”. Portanto, disse Francisco, “Vemos aqui, através do exemplo do rei Acab, até onde leva a sede de riqueza e poder: transforma-se numa cobiça que nunca se sacia e que não mede esforços para alcançar o que deseja, chegando até a matar”. Contudo, continuou o Papa, “a misericórdia de Deus é maior do que a maldade do coração humano. Cristo, verdadeiro rei, cujo trono é a Cruz, exerce seu poder entregando a sua vida, mostrando assim que a ternura pode sanar as feridas do pecado e mudar o mundo”. Em seguida o Papa Francisco cumprimentou os fieis de língua portuguesa, especialmente “os fiéis de Leiria-Fátima, Nova Oeiras e Lisboa, bem como os fiéis vindos do Brasil”. Assim, fez votos de que “a vossa peregrinação quaresmal a Roma fortaleça em todos a fé e consolide, no amor divino, os vínculos de cada um com a sua família, com a comunidade eclesial e com a sociedade”. “Que Nossa Senhora vos acompanhe e proteja!” Depois dos resumes da catequese nas diversas línguas, o Papa dedicou umas palavras aos enfermos, aos recém-casados e aos jovens. Recordando que a quaresma é um tempo favorável para intensificar a vida espiritual, desejou aos jovens que a prática do jejum seja de ajuda “para adquirir mais domínio de si mesmo”. Da mesma forma pediu que a oração seja para os enfermos “o meio para encomendar a Deus os vossos sofrimentos e senti-lo cada vez mais próximo”. E para concluir, exortou que as obras de misericórdia ajudem os recém casados “a viver a vossa existência conjugal abrindo-a às necessidades dos irmãos”.

Papa pede que políticos corruptos se convertam

O Papa Francisco afirmou hoje que os poderosos e os exploradores precisam compreender os seus erros, converterem-se e pedirem perdão. Em sua catequese, Francisco deu sequência ao ciclo sobre o Jubileu, falando desta vez da misericórdia na Sagrada Escritura. Em vários trechos, explicou, se fala de poderosos e reis, homens que estão “no alto”. A riqueza e o poder são realidades que podem ser boas e úteis ao bem comum se colocadas a serviço dos pobres e de todos. Mas com frequência, quando vividos como privilégio, com egoísmo e prepotência, se transformam em instrumentos de corrupção e morte. O Papa citou como exemplo o episódio descrito no Livro dos Reis, da vinha de Nabot. No capítulo 21, o Rei de Israel, Acab, quer comprar a vinha de um homem, Nabot, que fica ao lado do palácio real. Diante da rejeição de Nabot de vender sua propriedade, a mulher do Rei, Jezabel, elabora um plano para eliminar Nabot, transformando o poder real em arrogância e domínio. “E essa não é uma história de outros tempos. É uma história atual, dos poderosos que, para ter mais dinheiro, exploram os pobres, exploram as pessoas. É a história do tráfico de pessoas, do trabalho escravo, das pessoas que trabalham na informalidade, com o mínimo, para enriquecer os poderosos. É a história dos políticos corruptos, que querem sempre mais e mais.” “Eis até onde leva o exercício de uma autoridade sem respeito pela vida, sem justiça e misericórdia. Eis até onde leva a sede de poder: transforma-se numa cobiça que nunca se sacia”, acrescentou o Papa. Contudo, Deus é maior do que a maldade e o jogo sujo feito pelos seres humanos. Na sua misericórdia, Deus envia o profeta Elias para ajudar Acab a se converter. O Rei entende o seu erro e pede perdão. “Que bonito seria se os poderosos e os exploradores de hoje fizessem o mesmo.” O Senhor, por sua vez, aceita o arrependimento do Rei, mas um inocente foi morto e a culpa cometida terá consequências inevitáveis. De fato, o mal realizado deixa seus rastros dolorosos, e a história dos homens carrega as feridas. Neste caso, prosseguiu Francisco, a misericórdia mostra o caminho a ser percorrido: “Ela pode sanar as feridas e mudar a história. Mas abra o seu coração à misericórdia. A misericórdia divina é mais forte do que o pecado dos homens, este é o exemplo de Acab. Nós conhecemos o poder de Deus quando nos recordamos da vinda do seu Filho, que se fez homem para destruir o mal com o seu perdão”. Jesus Cristo é o verdadeiro rei, concluiu o Pontífice, mas o seu poder é completamente diferente. “O seu trono é a cruz. Ele não mata. Pelo contrário, dá a vida”. (Com Rádio Vaticano)

Papa Francisco: sou cristão de falar ou de fazer?

O Papa Francisco pediu hoje que os cristãos não sejam pessoas fechadas em seu pequeno mundo, vivendo só de aparências. O Papa comentava o Evangelho do dia na missa na Casa Santa Marta, na manhã desta quinta-feira. Na passagem da Escritura, Jesus conta a parábola do homem rico “que se vestia com roupas finas e elegantes e fazia festas esplêndidas todos os dias” e não percebia que à sua porta havia um pobre, chamado Lázaro, cheio de chagas. O Papa convidou a fazer-se a seguinte pergunta: “Sou um cristão que caminha na estrada da mentira, somente do dizer, ou sou um cristão que segue o caminho da vida, ou seja, das obras, do fazer?” Este homem rico, de fato, ressalta Francisco, “conhecia os mandamentos, certamente todos os sábados ia à sinagoga e uma vez por ano ao templo”. Tinha uma certa religiosidade”. Bolha de vaidade “Mas era um homem fechado, fechado em seu pequeno mundo, o mundo dos banquetes, das roupas, da vaidade, dos amigos. Um homem fechado numa bolha de vaidade. Não tinha a capacidade de olhar além, mas somente ao seu próprio mundo. E este homem não percebia o que acontecia fora de seu mundo fechado. Não pensava, por exemplo, nas necessidades de muitas pessoas ou na necessidade de companhia dos doentes, somente pensava nele, em suas riquezas, em sua vida boa: se entregava à boa vida.” Era, portanto, um religioso aparente, “não conhecia nenhuma periferia, era fechado em si mesmo. Não conhecia a periferia que estava próxima à sua porta de casa. Percorria o caminho da mentira, porque confiava somente em si mesmo, em suas coisas, não confiava em Deus”. Um homem que não deixou herança, não deixou vida, porque somente era fechado em si mesmo. É curioso, sublinha o Papa Francisco, que tinha perdido o nome. O Evangelho não diz como se chamava, somente diz que era um homem rico, e quando o seu nome é somente um adjetivo é porque você perdeu a substância, perdeu a força”: O pobre é o Senhor que bate à porta “Este é rico, este é potente, este pode fazer tudo, este é um sacerdote de carreira, um bispo de carreira. Quantas vezes nós nominamos as pessoas com adjetivos, não com os nomes, porque não têm substância. Mas eu me pergunto: “Deus que é Pai, não teve misericórdia deste homem? Não bateu à porta de seu coração para movê-lo? Sim, o Senhor estava ali na porta, na pessoa de Lázaro, que tinha um nome. Este Lázaro com as suas necessidades e suas misérias, suas doenças, era o Senhor que batia à porta para que aquele homem abrisse o coração e a misericórdia pudesse entrar. Mas ele não via, estava fechado: para ele além da porta não havia nada”. Estrada da vida ou da mentira Estamos na Quaresma, recorda o Papa, e nos fará bem nos perguntar: qual estrada estamos percorrendo? “Estou na estrada da vida ou na estrada da mentira? Quantas fechaduras tenho ainda em meu coração? Onde está a minha alegria: no fazer ou no dizer? O sair de mim mesmo para ir ao encontro dos outros é para ajudar? Olha as obras de misericórdia, hein! Ou a minha alegria é ter tudo arrumado, fechado em mim mesmo? Peçamos ao Senhor, enquanto pensamos nisto, em nossa vida, a graça de ver sempre os Lázaros que estão à nossa porta, os Lázaros que batem ao coração, e que possamos sair de nós mesmos com generosidade, numa atitude de misericórdia a fim de que a misericórdia de Deus possa entrar em nosso coração.” (Rádio Vaticano)

terça-feira, 23 de fevereiro de 2016

Papa: o cristianismo é a religião do fazer, não do dizer

Depois da viagem ao México, o Papa Francisco retomou nesta terça-feira, 23, a celebração da Missa na Casa Santa Marta. Na homilia de hoje, frisou que o cristianismo é uma religião concreta, que age fazendo o bem, não uma “religião do dizer”, feita de hipocrisia e vaidade. Deus é concreto, afirmou, mas são muitos os cristãos de aparência, que fazem da pertença à Igreja um adorno sem compromisso, uma ocasião de prestígio, ao invés de uma experiência de serviço aos mais pobres. O Papa se concentrou na dialética evangélica entre o dizer e o fazer. A ênfase recai sobre as palavras de Jesus, que desmarcara a hipocrisia dos escribas e fariseus, convidando os discípulos e a multidão a observarem aquilo que eles ensinam, mas não a se comportarem como eles. “O Senhor nos ensina o caminho do fazer. E quantas vezes encontramos pessoas – também nós, eh! – na Igreja: ‘Oh, sou muito católico!’. ‘Mas o que você faz?’ Quantos pais se dizem católicos, mas nunca têm tempo para falar com os próprios filhos, para brincar com eles, para ouvi-los. Talvez seus pais estejam num asilo, mas estão sempre ocupados e não podem ir visitá-los e os abandonam. ‘Mas sou muito católico, eh! Eu pertenço àquela associação’. Esta é a religião do dizer: eu digo que sou assim, mas faço mundanidade”. O “dizer e não fazer”, segundo o Papa, é uma enganação. As palavras de Isaías, destacou, indicam o que Deus prefere: “Deixai de fazer o mal, aprendei a fazer o bem”. “Socorrei o oprimido, fazei justiça ao órfão, defendei a causa da viúva”. E demonstram também a infinita misericórdia de Deus, que diz à humanidade: “Vinde, debatamos. Ainda que vossos pecados sejam como púrpura, tornar-se-ão brancos como a neve”. Fazer a vontade de Deus “A misericórdia do Senhor vai ao encontro daqueles que têm a coragem de discutir com Ele, mas discutir sobre a verdade, sobre as coisas que fazem ou não fazem, só para corrigir. E este é o grande amor do Senhor, nesta dialética entre o dizer e o fazer. Ser cristão significa fazer: fazer a vontade de Deus. E, no último dia – porque todos nós teremos um, né? – naquele dia, o que o Senhor nos pedirá? Dirá: ‘O que disseram de mim?’. Não! Ele nos perguntará sobre as coisas que fizemos”. Neste ponto, o Papa mencionou o capítulo do Evangelho de Mateus sobre o juízo final, quando Deus pedirá contas ao homem sobre o que fez em relação aos famintos, sedentos, encarcerados, estrangeiros. “Esta é a vida cristã. Dizer, somente, nos leva à vaidade, a fazer de conta de ser cristão. Mas não, não se é cristão assim”. “Que o Senhor nos dê esta sabedoria de entender bem aonde está a diferença entre dizer e fazer e nos ensine o caminho do fazer e nos ajude a percorrê-lo, porque o caminho do dizer nos leva ao lugar aonde estavam os doutores da lei, os clérigos, que gostavam se vestir e ser como majestades, não? E esta não é a realidade do Evangelho! Que o Senhor nos ensine este caminho”.

Uma Festa para os pecadores

No próximo dia 3 de abril estaremos celebrando a Festa da Misericórdia, festa essa explicitamente instituída a pedido do próprio Jesus Misericordioso. Ele foi quem definiu o dia: -Primeiro domingo depois da Pàscoa; -Quem definiu os destinatários da Festa:os pecadores; -Quem definiu como deveria ser celebrada: expondo a Imagem da Misericórdia por ele mandada pintar; -O conteúdo da pregação: falar sobre a misericórdia de DEUS; -Que seria concedida indulgência plenária. A Igreja na pessoa de São JOão Paulo II acolheu e aprovou a Festa tal e qual Jesus pediu a S. Faustina. Então aproveitemos a oportunidade que Jesus está a conceder a cada um de nós.

Perguntaram à esposa se o seu marido a fazia feliz – e sua resposta foi impressionante

Em um seminário para casais na Universidade de Fresno (Califórnia), um dos palestrantes perguntou a uma das esposas: “Seu marido lhe faz feliz? Ele lhe faz feliz de verdade?”. Neste momento, o marido levantou seu pescoço, demonstrando total segurança. Ele sabia que a sua esposa diria que sim, pois ela jamais havia reclamado de algo durante o casamento. Todavia, sua esposa respondeu a pergunta com um sonoro “NÃO”, daqueles bem redondos! “Não, o meu marido não me faz feliz”! O marido ficou desconcertado, mas ela continuou: “Meu marido nunca me fez feliz e não me faz feliz! Eu sou feliz”. “O fato de eu ser feliz ou não, não depende dele; e sim de mim. Eu sou a única pessoa da qual depende a minha felicidade. Eu determino que serei feliz em cada situação e em cada momento da minha vida, pois se a minha felicidade dependesse de alguma pessoa, coisa ou circunstância sobre a face da Terra, eu estaria com sérios problemas. Tudo o que existe nesta vida muda constantemente: o ser humano, as riquezas, o meu corpo, o clima, o meu chefe, os prazeres, os amigos, minha saúde física e mental. E assim eu poderia citar uma lista interminável. Eu preciso decidir ser feliz independente de tudo o que existe! Se tenho hoje minha casa vazia ou cheia: sou feliz! Se vou sair acompanhada ou sozinha: sou feliz! Se meu emprego é bem remunerado ou não, eu sou feliz! Hoje sou casada mas eu já era feliz quando estava solteira. Eu sou feliz por mim mesma. As demais coisas, pessoas, momentos ou situações eu chamo de “experiências que podem ou não me proporcionar momentos de alegria ou tristeza”. Quando alguém que eu amo morre, eu sou uma pessoa feliz num momento inevitável de tristeza. Aprendo com as experiências passageiras e vivo as que são eternas como amar, perdoar, ajudar, compreender, aceitar, consolar. Há pessoas que dizem: hoje não posso ser feliz porque estou doente, porque não tenho dinheiro, porque faz muito calor, porque está muito frio, porque alguém me insultou, porque alguém deixou de me amar, porque eu não soube me dar valor, porque meu marido não é como eu esperava, porque meus filhos não me fazem felizes, porque meus amigos não me fazem felizes, porque meu emprego é medíocre e por aí vai. Amo a vida que tenho mas não porque minha vida é mais fácil do que a dos outros. É porque eu decidi ser feliz como indivíduo e me responsabilizo por minha felicidade. Quando eu tiro essa obrigação do meu marido e de qualquer outra pessoa, deixo-os livres do peso de me carregar em seus ombros. A vida de todos fica muito mais leve. E é dessa forma que consegui um casamento bem sucedido ao longo de tantos anos.” Nunca deixe nas mãos de ninguém uma responsabilidade tão grande quanto a de assumir e promover sua felicidade! SEJA FELIZ, mesmo que faça calor, mesmo que esteja doente, mesmo que não tenha dinheiro, mesmo que alguém tenha lhe machucado, mesmo que alguém não lhe ame ou não lhe dê o devido valor. E isso vale para mulheres e homens de qualquer idade. (via Sábias Palavras)

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2016

O Papa, na audiência jubilar, exortou a sempre “levar a carícia de Deus” O Papa convidou a transformar a nossa vida em um compromisso de misericórdia para com todos

Levar aos necessitados a carícia de Deus e transformar a nossa vida em um compromisso de misericórdia para com todos. Este foi o convite do Papa Francisco na audiência mensal do último sábado, 20, por ocasião do Ano da Misericórdia. Na manhã do último sábado o Santo Padre chegou no jeep aberto que percorreu os corredores da Praça de São Pedro, cumprimentou os fieis que lá o esperavam agitando lenços e bandeiras e, como de costume, abençoou várias crianças. O Papa recordou, em sua catequese, da necessidade de comprometer-se, e lembrou que o Pai se comprometeu entregando-nos Jesus, e Jesus, que é a expressão viva da misericórdia do Pai comprometeu-se a dar-nos a esperança. Assim acrescentou que “o Jubileu da Misericórdia é uma oportunidade para aprofundar o mistério da bondade e do amor de Deus”. Em particular “neste tempo de Quaresma, a Igreja convida-nos a conhecer mais e mais o Senhor e a viver coerentemente a fé com um estilo de vida que expresse a misericórdia do Pai. É um compromisso que assumimos para oferecer aos demais o sinal concreto da proximidade de Deus”. “Comprometer-se – continuou o Pontífice – é aceitar uma responsabilidade com alguém, realizando-a com uma atitude de fidelidade, dedicação e interesse; é ter boa vontade e constância para melhorar a vida”. O Papa acrescentou que “Deus se comprometeu conosco. Primeiro, ao criar o mundo e conserva-lo, apesar do nosso esforço em destruí-lo”. Mas que “seu compromisso maior foi dar-nos Jesus e, nele, comprometeu-se plenamente restituindo esperança aos pobres, a todos os que estavam privados de dignidade, aos estrangeiros, aos doentes, aos prisioneiros, e aos pecadores, que acolhia com bonadade”. Assim, a partir “deste amor misericordioso, nós podemos e devemos corresponder ao seu amor levando aos demais a misericórdia de Deus, com um compromisso de vida que seja testemunho da nossa fé em Cristo”. E ao saudar os peregrinos de língua espanhola, bem como os grupos vindos da Espanha e América Latina, desejou-lhes “que este Jubileu possa ajudar-nos a experimentar o compromisso de Deus sobre cada um de nós e, graças a isso, transformar a nossa vida em um compromisso de misericórdia para com todos”. Estiveram presentes nesta audiência, realizada logo após da viagem apostólica ao México, integrantes da Federação italiana de Associações de doadores de sangue. Celebrou-se, além do mais, o jubileu dos trabalhadores do setor do turismo. A audiência concluiu com o canto do Pai Nosso em latim, e concedeu a sua benção apostólica a todos os presentes.

Entrevista a três Missionários da Misericórdia

Mais de 1.000 sacerdotes, missionários da Misericórdia, que foram enviados pelo Papa Francis durante o Ano Jubilar para serem “sinal vivente de como o Pai acolhe a todos aqueles que estão em busca do seu perdão” e “confessores acessíveis, amáveis, compassivos e atentos especialmente às difíceis situações das pessoas particulares”. O Santo Padre, ao presidir a missa da quarta-feira de cinzas no Vaticano realizou o envio dos Missinários da Misericórdia. Um cargo muito especial recebido por sacerdotes de todos os cantos do mundo. Jesus Luis Vinas, sacerdote da Diocese espanhola de Cáceres, disse a ZENIT o que significa para ele esta missão. “No começo, o convite pareceu-me que era uma piada, mas quando o bispo da diocese confirmou, pensei que era algo que me superava e que não era o melhor para realizar este trabalho. Então, só me vinha à cabeça o texto de Paulo: ‘Te basta a minha graça’, para enfrentar a tarefa com entusiasmo”, disse. E recorda que assim como lhes disse o Papa “ser missionários da misericórdia é uma responsabilidade”, a de “ser em primeira pessoa testemunhas de Cristo e da sua forma de amar”. “Tomara que seja assim”, indicou o pe. Viñas. Por sua parte, o Pe José Aumente Dominguez, diretor do Departamento de pastoral de circos e feiras do Secretariado da Comissão Episcopal das Migrações, destaca do discurso do Santo Padre, a forma com a qual lhes falou de “cura a cura, de confessor a confessor, de pastor a pastor” para dizer-lhes “como se deve receber uma pessoa que vem confessar-se, como a devemos acolher, cobrir”. Da mesma forma sublinha a idea de que a Igreja tem que ser como uma mãe. O grande desafio de um confessor hoje em dia – diz o Pe. Aumente – é examinar o motivo das pessoas terem deixado o sacramento da reconciliação, por que não sentem a necessidade de confessar-se. “Perdemos a consciência do pecado”, observa. Mas, esclarece que ele teve experiências muito bonitas no confessionário. E assim pode confirmar que “é verdade que a misericórdia atua” e pode-se viver uma verdadeir conversão graças a este sacramento. Também indica que, sobre a autorização que lhes foi dada para absolver os pecados reservados à sé apostólica, “é uma responsabilidade, mas é também dizer que se a Igreja é mãe, qual é a mãe que não perdoa o seu filho, por muito que erro que tenha cometido?”. Refletindo sobre os frutos desta missão, o padre Viñas indica que espera poder ser, como lhes disse o Papa Francisco, “expressão viva da Igreja que, como Mâe, acolhe a todos aqueles que se aproximam”. Não é que vamos encontrar-nos com muitos casos penitentes que confessem algum dos pecados reservados que o Papa nos concede perdoar – esclarece – mas o fato de concedê-lo a tantos missionários é já um sinal de que a Igreja, mais do que nunca, quer ser mãe e mostrar abertamente a misericórdia que vem do Pai. Das palavras do discurso do Papa, afirma que duas coisas chamou-lhe a atenção: uma relacionada à grande responsabilidade que é ser confessor: “Se não estás disposto a ser pai, não vá ao confessionário; pode-se fazer muito dano a uma alma”. A outra foi desejo expresso do Santo Padre de que se manifeste com generosidade a misericórdia de Deus, que recebe sem nem sequer a necessidade de que o pecador seja capaz de manifestar o seu arrependimento com palavras; às vezes ‘um gesto basta’, disse. Também achou muito bonita “a imagem de Noé, considerado um homem justo, mas que, em um episódio bastante desconhecido, nu e bêbado, é coberto e recolhido pelos seus filhos. O Papa usou-a para falar do trabalho da Igreja misericordiosa que recebe e cobre a nudez do pecador”. O pe. Victor Hernandez, missionário da misericórdia da diocese de Madrid, geralmente confessa cada verão em Lourdes e também em todos os encontros de jovens da diocese e pensou que esta podia ser “uma aventura apaixonante”. Do discurso do Papa destaca o “ser rosto materno da Igreja” e “a importância que deu aos gestos mais do que às palavras, gestos de acolhida e carinho”. Também manifesta que o seu desejo para esta missão e este Ano da Misericórdia é que “os que se aproximem sintam o amor de Deus, descubram a alegria de sentir-se perdoados e amados”. O Jubileu – explica – é uma ocasião para a inversão do ónus da prova. Então, em vez de dar o passo, converter-se e mudar de vida para receber o amor de Deus, neste Ano da Misericórdia recuperamos o sentido de que Deus nos ama e isso é o que move a converter-se e mudar de vida.

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2016

10 frases do Papa Francisco sobre a confissão

. Costumo dizer aos confessores: falai, escutai com paciência e sobretudo dizei às pessoas que Deus lhes quer bem. E se o confessor não pode absolver, que explique as razões, mas que dê de todo o modo uma bênção, ainda que seja sem absolvição sacramental. O amor de Deus também existe para quem não está na disposição de receber o sacramento; esse homem ou essa mulher, esse jovem ou essa rapariga também são amados por Deus, são procurados por Deus, estão necessitados de bênção. 2. Os apóstolos e os seus sucessores — os bispos e os sacerdotes que são seus colaboradores — convertem-se em instrumentos da misericórdia de Deus. Atuam in persona Christi. Isto é muito bonito. 3. Confessar-se com um sacerdote é um modo de pôr a minha vida nas mãos e no coração de outro, que nesse momento atua em nome e por conta de Jesus. É uma maneira de sermos concretos e autênticos; estar frente à realidade olhando para outra pessoa e não para si mesmo refletido num espelho. 4. É verdade eu posso falar com o Senhor, pedir-Lhe logo perdão a Ele, implorar-lho. E o Senhor perdoa, logo. Mas é importante que vá ao confessionário, que me ponha a mim mesmo frente a um sacerdote que representa Jesus, que me ajoelhe frente à Mãe Igreja chamada a distribuir a misericórdia de Deus. Há uma objetividade neste gesto, em ajoelhar-me frente ao sacerdote, que nesse momento é a via da graça que me chega e me cura. 5. Como confessor, mesmo quando deparei com uma porta fechada, sempre procurei uma fissura, uma greta, para abrir essa porta e poder dar o perdão, a misericórdia. 6. O que se confessa está bem que se envergonhe do pecado; a vergonha é uma graça que é preciso pedir, é um fator bom, positivo, porque nos faz humildes. 7. Há também a importância do gesto. O simples facto de que uma pessoa ir ao confessionário indica que já há um início de arrependimento, ainda que não seja consciente. Se não tivesse existido esse movimento inicial, a pessoa não teria ido. Que esteja ali pode evidenciar o desejo de uma mudança. A palavra é importante, explicita o gesto. Mas o próprio gesto é importante. 8. Que conselhos daria a um penitente para fazer uma boa confissão? Que pense na verdade da sua vida diante de Deus, o que sente, o que pensa. Que saiba olhar-se com sinceridade a si próprio e ao seu pecado. E que se sinta pecador, que se deixe surpreender, assombrar por Deus. 9. A misericórdia existe, mas se tu não a queres receber… Se não te reconheces pecador quer dizer que não a queres receber, quer dizer que não sentes a necessidade. 10. Há muitas pessoas humildes que confessam as suas recaídas. O importante, na vida de cada homem e de cada mulher, não é nunca voltar a cair pelo caminho. O importante é levantar-se sempre, não ficar no chão a lamber as feridas. O Senhor da misericórdia perdoa-me sempre, de maneira que me oferece a possibilidade de voltar a começar sempre. Frases extraídas do livro entrevista ao Papa Francisco “O nome de Deus é misericórdia, conversa com Andrea Tornielli”. Seleção realizada pela página web Lexicon Canonicum. (via OpusDei)

Arcebispo do Rio receberá o patriarca da Igreja ortodoxa russa no Cristo Redentor

Depois de ter o encontro com o Papa Francisco em Cuba, o Patriarca Kirill passa pelo Brasil em visitas à Brasília, Rio de Janeiro e São Paulo
No próximo sábado (20/02), às 11h, o Arcebispo Metropolitano do Rio de Janeiro, Cardeal Orani João Tempesta, vai receber o Patriarca de Moscou e de Toda a Rússia, Kirill, no Santuário Cristo Redentor. A cerimônia faz parte da visita do Patriarca ao Brasil, com a delegação oficial, que também passará por Brasília e São Paulo. No alto do Corcovado, será realizado um momento de oração e ação de graças.
Na última sexta-feira, 12, o Papa Francisco teve um encontro histórico com o líder da Igreja Ortodoxa Russa. Francisco e o patriarca Kirill concordaram em unir forças para proteger os cristãos de perseguições, principalmente, as do Oriente Médio. Esse foi o primeiro encontro entre os líderes das duas igrejas, que se separaram há quase mil anos, em 1054, depois do cisma.

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2016

Os 5 defeitos de Jesus

Os cinco defeitos de Jesus
Van Thuan declara-se apaixonado pelos defeitos de Jesus e os descreve no livro “Testemunhas da esperança”:
PRIMEIRO DEFEITO: JESUS NÃO TEM MEMÓRIA
No calvário, no auge da indescritível agonia, Jesus ouve a voz do ladrão à sua direita: “Jesus, lembra-te de mim quando estiveres em teu reino” (Lc 23,43). Se fosse eu, teria respondido: “Não vou esquecê-lo, mas seus crimes devem ser pagos por longos anos no purgatório”. No entanto, Jesus respondeu-lhe: “…hoje estarás comigo no Paraíso” (Lc 23,43). Jesus esqueceu todos os crimes desse homem.
A memória de Jesus não é igual à minha…
SEGUNDO DEFEITO: JESUS NÃO “SABE” MATEMÁTICA
Se Jesus tivesse se submetido a um exame de matemática, por certo teria sido reprovado… “Um pastor tinha 100 ovelhas. Uma se extravia. Ele, imediatamente, deixa as 99 no redil e vai em busca da desgarrada. Reencontra-a, coloca-a no ombro e volta feliz” (cf. Lc 15,4-7).
Para Jesus, uma pessoa tem o mesmo valor de noventa e nove e, talvez, até mais.
TERCEIRO DEFEITO: JESUS DESCONHECE A LÓGICA
Uma mulher possuía 10 dracmas. Perdeu uma. Acende a lâmpada; varre a casa… procura até encontrá-la. Quando a encontra convida suas amigas para partilhar sua alegria pelo reencontro da dracma… (Lc 15,8-10)… de fato, não tem lógica fazer festa por uma dracma… O coração tem motivações que a razão desconhece… Jesus deu uma pista: “Eu vos digo que haverá mais alegria diante dos anjos de Deus por um só pecador que se converte…” (Lc 15,10).
QUARTO DEFEITO: JESUS É AVENTUREIRO
Executivos, pessoas encarregadas do “marketing das empresas”, levam em suas pastas projetos, planos cuidadosamente elaborados… Em todas as instituições, organizações civis ou religiosas não faltam programas prioritários; objetivos, estratégias…
Nada semelhante acontece com Jesus. Humanamente analisando, seu projeto está destinado ao fracasso.
Aos apóstolos, que deixaram tudo para segui-lo, não garante sustento material, casa para morar, somente partilhar do seu estilo de vida. A um desejoso de unir-se aos seus, responde: “As raposas têm tocas e as aves do céu ninhos, mas o Filho do Homem não tem onde reclinar a cabeça” (Mt 8,20)…
Os doze confiaram neste aventureiro. Milhões e milhões de outros igualmente. Já vão lá mais de dois mil anos e a incalculável multidão de seguidores continua a peregrinar. Galerias enormes de santos e santas, bem-aventurados, heróis e heroínas da aventura. No Universo inteiro esta abençoada romaria continua… Vai que este aventureiro tem razão…? Neste caso, a mais fantástica viagem na “contramão” da história será a verdadeira…! “A quem iremos?”…
QUINTO DEFEITO: JESUS NÃO ENTENDE DE FINANÇAS NEM ECONOMIA
Se Jesus fosse o administrador da empresa, da comunidade, a falência seria uma questão de dias. Como entender um administrador que paga o mesmo salário a quem inicia o trabalho cedo e a outro que só trabalha uma hora? Um descuido? Jesus errou a conta? …
Por que Jesus tem esses defeitos? Porque é o Deus da Misericórdia e Amor Encarnado. Deus Amor (cf. 1Jo 4,16). Portanto, não um amor racional, calculista, que condiciona, recorda ofensas recebidas. Mas um amor doação, serviço, misericórdia, perdão, compreensão, acolhida… Em que medida? Infinita.
Os defeitos de Jesus são o caminho da felicidade. Por isso, damos graças a Deus. Para alegria e esperança da humanidade, esses defeitos são incorrigíveis.

VIVER DA PROVIDENCIAR

A Comunidade Anunciadores da Misericórdia  como  uma  das Novas Comunidades vive inteiramente da Providência,  isso é,  vive inteiramente  daquilo que  Deus  faz chegar às  nossas mãos  através  de  doações  ou outras formas.
Nenhum dos  membros  da  Comunidade de Vida  recebe salário,  seja o casal, seja o sacerdote. Só esse testemunho  já  evangeliza, a coragem  de um casal trabalhador, honesto optar por viver com  sua família  totalmente  entregues nas mãos de Deus. E Deus  é  fiel,  sempre cumpre o que  promete. Às  vezes as pessoas de  outros  estados  perguntam como poderiam  ajudar à  Comunidade?
A melhor opção  para  os de fora da cidade  de São Gonçalo  é o  depósito  bancário  através  da seguinte  conta:
Associação Comunidade Divina Misericórdia
Banco Itáu Agencia 8446 C/C 13926-6.

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2016

A Polônia se une a favor da vida O Governo polonês decidiu apoiar a Federação provida contra a Comissão Europeia

“Estou escrevendo para comunicar-lhes uma grande notícia: o governo polaco decidiu fazer parte do apoio a One of Us na causa pendente junto à Corte de Luxemburgo contra a Comissão europeia”. Assim Jakub Baltroszewicz, secretário-geral da Federação para a vida e a dignidade humana One of Us escreve aos membros do comitê executivo.
O documento foi apresentado no dia 16 de janeiro, no Tribunal de Luxemburgo. Isso significa, explica Baltroszewicz, que a Polônia está agora “oficialmente da nossa parte nesta disputa legal para One Of Us contra a decisão tomada pela Comissão Europeia”. Um novo passo em frente, portanto, enquanto se aguarda a audiência.
Na sequência da rejeição da Comissão da Cidadania Europeiada Iniciativa popular europeia One of Us, o Comitê dos cidadãos, que tinha lançado a própria iniciativa, de acordo com a Federação nascente, decidiu recorrer ao Tribunal de Luxemburgo contra esta decisão através do advogado Claire de la Hougue.
O recurso foi proposto 25 de julho de 2014 contra o Parlamento Europeu, Comissão Europeia e Conselho da Europa. Após a defesa da Comissão Europeia, 03 de abril de 2015, Mary Stopes International, seguida depois também por Planned Parenthood (duas fábricas de abortos), entraram com o pedido de poderem entrar em apoio aos réus, contra One of Us.
Seguia a réplica do advogado de La Hougue, 14 de abril de 2015, que defendia o pedido original, ou seja, de anular a rejeição da iniciativa e em alternativa subordinar-se ao artigo 10, nº 1, alínea c, do Regulamento UE n 211/2011, que diz respeito às iniciativas Populares Europeias.
Ainda não se sabe se os pedidos de Mary Stopes International e Planned Parenthoo foram acolhidos, explica o advogado Gregor Puppink, ex-chefe do Comitê dos Cidadãos de One of Us. Carlo Casini, fundador da One of Us, ex-europarlamentar e atualmente presidente honorário da Federação One of Us, está feliz com a decisão do Governo Polaco porque exerce “uma pressão política”. Claro – acrescenta – “seria necessário que também outros estados se juntassem”, mas já é “um bom começo”.
“Temos um poderoso aliado e devemos assegurar que os políticos escutem de novo One of Us. A Federação deve provar que não está buscando a luta política, mas que luta pela mesma ideia e pelo mesmo fim”, diz Baltroszewicz.
Proximamente, no dia 22 e 23 de fevereiro, Ana del Pino, coordenadora da Federação, juntamente com o presidente Jaime Mayor Oreja, visitará oficialmente o vice-ministro polaco dos Assuntos Europeus, Konrad Szymanski, ex-eurodeputado. Embora no dia 30 de março, a Federação foi oficialmente convidada a participar do Dia Nacional para a Vida na Polônia.

Kairós para as Mulheres no próximo domingo

Francisco aos jovens: não sejam mercadorias do narcotráfico

Um discurso veemente e claro com uma mensagem de esperança aos jovens mexicanos, “a riqueza desta terra”, cuja esperança em um futuro melhor é ameaçada pelos tentáculos do “narcotráfico, das drogas, de organizações criminosas que semeiam o terror”.
O antídoto oferecido pelo Papa à juventude para que não se deixe roubar a esperança – mesmo quando tudo parece estar perdido? Jesus! Sentir o amor de Cristo que revela o que há de melhor em nós foi o pedido que “El Papa Pancho” fez aos milhares de jovens presentes no Estádio “José Maria Morelos y Pavón”, em Morelia, no final da tarde desta terça-feira (16/02).
Abaixo, a íntegra do discurso de Francisco. Os grifos são da redação.
***
Queridos jovens, boa tarde!
Quando cheguei a esta terra, fui recebido com boas-vindas calorosas, podendo assim constatar algo que já intuíra há tempos: a vitalidade, a alegria, o espírito de festa do povo mexicano.
Agora mesmo, depois de ouvir e sobretudo depois de ver vocês, constato de novo outra certeza, algo que disse ao Presidente da nação, na minha primeira saudação: um dos maiores tesouros desta terra mexicana tem um rosto jovem, são os seus jovens. É verdade! Vocês são a riqueza desta terra. Eu não disse a esperança desta terra, mas a sua riqueza.
Não se pode viver a esperança, pressentir o amanhã, se antes a pessoa não consegue estimar-se, se não consegue sentir que a sua vida, as suas mãos e a sua história, têm valor.
A esperança nasce, quando se pode experimentar que nem tudo está perdido, mas para isso é necessário exercitar-se começando “em casa”, começando por si mesmo.
Nem tudo está perdido. Não estou perdido, valho… e muito! A principal ameaça à esperança são os discursos que te desvalorizam, fazem ter sentir um ser de segunda classe. A principal ameaça à esperança é quando sentes que não interessas a ninguém, ou que te deixaram de lado.
A principal ameaça à esperança é quando sentes que tanto vale estares como não estares. Isto mata, isto aniquila-nos e é porta de entrada para tanta amargura.
A principal ameaça à esperança é fazer-te crer que começas a valer qualquer coisa, quando te mascaras com roupas de marca, do último grito da moda, ou que ganhas prestígio, te tornas importante por teres dinheiro, mas, no fundo do teu coração, não crês ser digno de carinho, digno de amor.
A principal ameaça é quando uma pessoa sente que tudo aquilo de que precisa é ter dinheiro para comprar tudo, inclusive o carinho dos outros. A principal ameaça é crer que, pelo fato de ter um grande “carro”, és feliz.
Vocês são a riqueza do México, vocês são a riqueza da Igreja. Compreendo que muitas vezes se torna difícil sentir-se tal riqueza, quando estamos continuamente sujeitos à perda de amigos ou familiares nas mãos do narcotráfico, das drogas, de organizações criminosas que semeiam o terror.
É difícil sentir-se a riqueza de uma nação, quando não se tem oportunidades de trabalho digno, possibilidades de estudo e formação, quando não se sentem reconhecidos os direitos levando vocês a situações extremas.
É difícil sentir-se a riqueza de um lugar, quando, por serem jovens, usam vocês para fins mesquinhos, seduzindo vocês com promessas que, no fim, se revelam vãs.
Mas, apesar de tudo isto, não me cansarei de dizer: vocês são a riqueza do México.
Não pensem que digo isto, porque sou bom ou porque já vejo tudo claro! Não, queridos amigos, não é por isso.
Digo isto a vocês, e digo-o convencido, sabem porquê? Porque, como vocês, creio em Jesus Cristo. E é Ele que renova continuamente em mim a esperança, é Ele que renova continuamente o meu olhar.
É Ele que me convida continuamente a converter o coração. Sim, meus amigos! Digo isto, porque em Jesus encontrei Aquele que é capaz de estimular o melhor de mim mesmo.
E é graças a Ele que podemos abrir caminho; é graças a Ele que sempre podemos recomeçar; é graças a Ele que podemos ganhar coragem para dizer: não é verdade que a única forma possível de viver, de poder ser jovem seja deixar a vida nas mãos do narcotráfico ou de todos aqueles que a única coisa que fazem é semear destruição e morte.
É graças a Ele que podemos dizer que não é verdade que a única forma que os jovens têm de viver aqui seja na pobreza e na marginalização: marginalização de oportunidades, marginalização de espaços, marginalização da formação e educação, marginalização da esperança.
Jesus Cristo é Aquele que desmente todas as tentativas de tornar vocês inúteis, ou meros mercenários de ambições alheias.
Vocês me pediram uma palavra de esperança… A que tenho para dar, chama-se Jesus Cristo. Quando tudo parecer pesado, quando parecer que o mundo cai em cima de vocês, abracem a sua cruz, abracem a Ele e, por favor, nunca larguem a Sua mão; por favor, nunca se afastem d’Ele.
É assim, junto com Ele é possível viver plenamente, junto com Ele é possível crer que vale a pena dar o melhor de vocês mesmos, ser fermento, sal e luz no meio dos amigos, no seu bairro, na sua comunidade.
Por isso, queridos amigos, em nome de Jesus peço que não se deixem excluir, não se deixem desvalorizar, não se deixem tratar como mercadoria.
Claro, é provável que vocês não tenham à porta o último modelo de carro, a carteira cheia de dinheiro, mas vocês têm algo que ninguém poderá jamais roubar: a experiência de se sentirem amados, abraçados e acompanhados; a experiência se sentirem família, de se sentirem comunidade.
Hoje o Senhor continua a chamar vocês, continua a convocar como fez com o índio Juan Diego. Convida a construir um santuário; um santuário que não é um lugar físico, mas uma comunidade: um santuário chamado paróquia, um santuário chamado nação.
A comunidade, a família, o sentir-se cidadãos são alguns dos principais antídotos contra tudo o que nos ameaça, porque nos faz sentir parte desta grande família de Deus.
E não para nos refugiarmos, não para nos fecharmos; antes, pelo contrário, para sairmos a convidar outros, para sairmos a anunciar a outros que ser jovem no México é a maior riqueza e, por isso, não pode ser sacrificada.
Jesus nunca nos convidaria para ser algozes, mas chama-nos discípulos. Nunca nos mandaria à morte, mas tudo n’Ele é convite à vida: uma vida em família, uma vida em comunidade; uma família e uma comunidade a favor da sociedade.
Vocês são a riqueza deste país e, quando tiverem dúvidas sobre isto, olham para Jesus Cristo, Aquele que desmente todas as tentativas de tornar vocês inúteis ou meros mercenários de ambições alheias.

terça-feira, 16 de fevereiro de 2016

Prefiro uma família com rosto cansado do que maquiada por não saber nada de ternura e compaixão”

O Papa Francisco disse que prefere “uma família ferida, que tenta todos os dias combinar amor, família e sociedade doente por causa do fechamento e da comodidade do medo de amar”, “uma família que uma e outra vez tenta voltar a começar, do que uma família e sociedade narcisista e obcecada com o luxo e o conforto”, “uma família com rosto cansado pela entrega do que rostos maquiados que não tiveram ternura e compaixão”.
Assim faltou nesta segunda-feira em Tuxtla Gutierrez, depois de compartilhar algum tempo, mas especialmente depois de abraçar as famílias do México. Nessa festa protagonizada pela alegria, os cantos e a música; tanto crianças, como jovens, adultos e anciãos acolheram o Pontífice com grande entusiasmo. Além do mais, aproveitou a ocasião para encorajar os matrimônios a renovarem as suas promessas matrimoniais e aos noivos a pedir a graça de uma família fiel e cheia de amor.
O Santo Padre ouviu o testemunho de Humberto e Lucy, ele solteiro e ela divorciada, casaram-se no civil há 16 anos. Há 3 anos que o Senhor falou-lhes e se aproximaram da Igreja. Sabem que não podem comungar, mas que podem “comungar através do irmão necessitado, do irmão doente, do irmão privado da sua liberdade”.
Também ouviu Beatriz, mãe solteira. Uma infância marcada pela pobreza, a violência e o abandono do seu pai, o que lhe fez não sentir-se querida e ter relações na adolescência, ficando grávida em várias ocasiões experimentando a tristeza, a rejeição social e a solidão mais profunda. Depois, encontrou com o amor de Deus através da sua Igreja. A tentação do aborto sempre se apresentou como uma alternativa que parecia a solução dos problemas, mas com a ajuda de Deus, pôde sair vitoriosa dessas lutas.
E Manuel, que é um adolescente deficiente. Antes caminhava, corria, brincava como toda criança, mas, aos 5 anos foi diagnosticado com distrofia muscular. Mas sabe que Deus lhe abençoou com essa habilidade especial. Nele confia e se é a sua vontade lhe dará a sua saúde física. Manuel evangeliza com a sua cadeira de rodas e faz isso com muita alegria para convidar muitos adolescentes que não conhecem o amor de Deus.
E, finalmente, compartilhou seu testemunho uma família da diocese de Tapachula. Graças ao testemunho dos pais do marido, aprenderam o valor da oração, da escuta e da leitura da palavra de Deus. Aprenderam a reconhecer o grande valor da participação nos sacramentos.
Estes testemunhos de vida inspiraram o discurso do Santo Padre. Referindo-se à Manuel, o Papa disse que gostou de uma expressão que utilizou “echarle ganas” (algo assim como “motivar-se”, ndr). Dessa forma indicou que isso é o que o “Espírito Santo sempre quer fazer em nosso meio: echarnos ganas (motivar-nos) para continuarmos apostando, sonhando e construindo uma vida que tenha gosto de casa, família”. E isso é o que o Pai Deus sempre sonhou e que desde tempos antigos tem lutado. Quando parecia tudo perdido naquela tarde, no jardim do Éden, quando o Povo de Israel sentia que não aguentaria mais no caminho do deserto, quando chegou a plenitude dos tempos, “o Pai Deus le echó ganas” (motivou-os).
O Santo Padre reconheceu que todos nós já tivemos a experiência disso, quando o Pai Deus le há echado ganas a nuestra vida (motivou-nos na vida). Assim, explicou que Deus faz isso “porque não sabe fazer outra coisa”, porque seu nome é “amor, doação, entrega, misericórdia”.
Sobre o testemunho de Beatriz, o Santo Padre destacou que “a precariedade, a escassez, o não ter muitas vezes o mínimo pode nos desesperar, pode nos fazer sentir uma angústia forte já que não sabemos como fazer para seguir em frente e mais ainda quando temos filhos sob nossa responsabilidade”. E assim advertiu que a precariedade não só ameaça o estômago, mas pode ameaçar a alma, desmotivar, tirar força e tentar com caminhos ou alternativas de aparente solução, mas que, no final, não solucionam nada. Também falou da precariedade que nasce da solidão e do isolamento, reconhecendo que “o isolamento sempre é um mau conselheiro”.
Da mesma forma, o Papa Francisco explicou às famílias que “a forma de combater esta precariedade e isolamento, que nos deixa vulneráveis a tantas aparentes soluções, deve dar-se em diferentes níveis”. Um é “por meio de legislações que protejam e garantam os mínimos necessários para que cada lar e para que cada pessoa possa desenvolver-se por meio do estudo e um trabalho digno”. E por outro lado, buscar “o modo de transmitir o amor de Deus que tinham experimentado no serviço e na entrega aos demais”.

Explicação do brasão do Ano Jubilar da Misericórdia

Que as palavras e os gestos  digam a mesma coisa”
O DESENHO símbolo do Jubileu da Misericórdia parte do Evangelho de Lucas (6,36) em que Jesus nos convida a sermos “misericordiosos como o Pai“.
O padre jesuíta Marko Rupnik preparou esta imagem trazendo uma das primeiras representações de Jesus, o Bom Pastor. Ao invés de uma ovelha nos ombros, Jesus traz uma pessoa. O Bom Pastor da humanidade carrega sobre Seus ombros o ser humano e, assim, conhecemos o mistério de Sua Encarnação e de nossa Redenção.
O olhar de Cristo
O Papa Francisco conclamou o Ano Jubilar afirmando, na bula intitulada “Rosto da Misericórdia”, que Jesus é o rosto vivo da misericórdia do Pai. Por isso, o centro da imagem é o olhar. A figura que representa Jesus carrega aos ombros uma figura alusiva a Adão e a toda humanidade. O olho esquerdo de Cristo e o direito de Adão são um só, mostrando que Deus é capaz de ver como que com nossos olhos as situações em que vivemos. E também que o homem pode ver o caminho da vida iluminado pelo olhar de Deus.
As cores
Os tons utilizados se referem ao significado milenar dado pelos artistas cristãos. O vermelho é a cor de Deus e simboliza a vida; o azul, a cor do homem, daquele que é capaz de olhar para o céu; o branco é a cor do Espírito Santo e representa a Ressurreição de Jesus; o dourado, de Adão, lembra que o homem caminha para a perfeição.
O estilo medieval foi escolhido pelo Padre Rupnik por dar ênfase na cultura simbólica, poética e metafórica. É algo que contrasta com o modelo pós-moderno que é crítico e racional.
As palavras
O lema do Ano Jubilar faz parte do desenho da mesma forma que na arte medieval as palavras e as imagens não se separam. Esta também é a proposta do Papa Francisco: que as palavras e os gestos digam a mesma coisa, que os discursos sobre a misericórdia sejam acompanhados por atitudes.
No Jubileu da Misericórdia, a principal linguagem será a simbólica. Os gestos vão transmitir a mensagem da Igreja. A figura de Jesus com o rosto rente ao de Adão, por exemplo, expressam o desejo do Papa Francisco de uma Igreja mais próxima das pessoas.

O beato mártir cristero de 14 anos que foi assassinado gritando “Viva Cristo Rei!”

A visita do papa Francisco ao México tem redespertado as atenções para uma história arrepiante: a de um garoto de 14 anos que foi martirizado, com sadismo satânico, durante a brutal perseguição anticatólica perpetrada naquele país pelo governo ateu e covarde do presidente Plutarco Elías Calles.
O garoto José Luis Sánchez del Ríonasceu na cidade de Sahuayo no dia 28 de março de 1913.
Aos 10 anos de idade, ele já ensinava os seus amigos a rezar e os levava para a adoração eucarística.
Aos 13 anos, ele testemunhou em primeira pessoa os inícios da “guerra cristera“, a épica resistência armada dos católicos mexicanos em defesa da sua fé e da sua liberdade. Naquele contexto de leis anticristãs e violência covarde contra padres, religiosos, fiéis, templos católicos e contra a própria Eucaristia, tantas vezes profanada, os irmãos de José Luis se alistaram no improvisado exército católico. Ele, obviamente, não foi aceito como soldado porque ainda era um menino; mas tanto fez e insistiu que conseguiu ajudar os cristeros em muitas outras tarefas e serviços.
Aos 14 anos, ele foi até o túmulo do beato Anacleto González Flores, um dos mártires cristeros, morto porque não renunciou à fé em Cristo. Diante do túmulo, José Luis pediu a Deus “a coragem de testemunhar a verdade do Evangelho até a oferta plena da minha vida“.
E a sua oração foi atendida.
Ainda aos 14 anos, o valente José Luis foi preso pelas tropas do governo ateu e perseguidor. Foi ridicularizado, humilhado. Foi torturado. Foi provocado e intimidado para trair a fé. Foi tentado com ofertas de dinheiro, carreira militar e vida nova nos Estados Unidos. Do alto dos seus 14 anos, o pequeno grande José Luis não aceitou nenhuma dessas tentações. Ele apenas respondia com os gritos heroicos dos cristeros:
“Viva Cristo Rei!”
“Viva a Virgem de Guadalupe!”
Os covardes sequestradores (que eram do governo: o governo que é sustentado com os impostos do povo para proteger, respeitar e servir ao povo) pediram à família de José Luis um resgate pela vida do garoto. Mas o próprio garoto implorou à mãe que não pagasse e a encorajou a preferir um filho mártir a um filho apóstata.
No dia do martírio, uma tia de José Luis, Madalena, conseguiu levar para o sobrinho a sua última comunhão eucarística – literalmente, um viático para o seu caminho da cruz.
E a via-crúcis começou.
De início, os soldados cortaram a pele da sola dos pés de José Luis – a sola dos pés de um garoto de 14 anos.
Os soldados o obrigaram, em seguida, a caminhar  sobre sal, com o único intuito de torturá-lo – torturar um garoto de 14 anos.
Os soldados o levaram, depois, até o cemitério do povoado, numa procissão grotesca de insultos, golpes, empurrões. E lhe fizeram a última tentativa de chantagem apóstata: “Se tu gritares ‘morra Cristo Rei’, nós te salvaremos a vida. Grita: ‘Morra Cristo Rei!’”.
José Luis Sánchez del Río gritou com todas as forças que lhe restavam:
“VIVA CRISTO REI”.
Um tiro da pistola do capitão o matou nesse instante.

O ecumenismo do testemunho

O encontro de Francisco e Kirill abre um novo capítulo na construção da unidade entre a Igreja Católica e a Igreja Ortodoxa: o ecumenismo do testemunho. Embora o diálogo teológico, que ajuda a esclarecer as diferenças doutrinárias, seja fundamental, o testemunho comum de ambas as Igrejas é de maior importância. As ações dos discípulos divididos de Jesus já não serão convincentes. Frente aos mesmos desafios globaisos dois pulmões do cristianismo, o ocidental e o oriental,devem respirar juntos.
O encontro em Cuba pretende romper o gelo da incerteza e dos prejulgamentos, já que ambas partes tinham se dado conta de que agora é o momento de reagir em conjunto ao que está acontecendo no mundo.
Tendo em vista as ameaças à paz, as guerras no Oriente Médio, África e Ucrânia, que Francisco chama “a terceira guerra mundial travada em partes”, os dois pastores perceberam que as declarações separadas das Igrejas não eram suficientes. Na Síria, Iraque e outros países do Oriente Médio ou no norte da África, os cristãos foram deixando em grande número os territórios que haviam ocupado desde os tempos apostólicos.
Há a necessidade urgente de solidariedade internacional: a cooperação, a ajuda humanitária a um número sem procedentes de refugiados e a segurança de seu regresso a seu país de origem. Os dois líderes pedem a resolução dos conflitos através de negociações e prevenção do terrorismo. Por outro lado, eles enfatizam a necessidade de diálogo entre as religiões, o respeito aos que professam outras religiões, e condenam os crimes cometidos “em nome de Deus”.
A declaração do Papa e do Patriarca indica a necessidade urgente de que ambas igrejas adotem uma posição conjunta sobre os problemas mais urgentes do mundo. A declaração enumera muitos problemas: a secularização agressiva, a restrição dos direitos das pessoas que creem em Deus, a flagrante injustiça social, a crise da família e a falta de respeito pela vida humana mediante o aborto, a eutanásia ou as manipulações genéticas.
Ambos reconhecem a necessidade de um testemunho comum das Igrejas na Europa atual, para que a cultura do continente conserve os valores que sempre formaram seus fundamentos, erguidos sobre a rocha da herança judaico-cristã.
Os problemas das relações entre a Igreja católica e a ortodoxa russa são derivados do fato de que esta última tem sido sempre sujeita à autoridade secular e tem atuado “em sintonia” com ela, tanto no plano espiritual quanto no político. A grande máquina da diplomacia russa, incluindo o próprio patriarca, tende a falar a uma só voz, tanto fora como dentro de casa.
Desde que o Patriarca condenou os crimes “cometidos em nome de Deus”, aumentou a pressão sobre ele para finalmente deixar de justificar a agressão na Ucrânia através da teoria religiosa de “Russkiy Mir” e inequivocamente censurar os crimes.
A Igreja ortodoxa continua a fornecer combustível ideológico para o neo-imperialismo da Rússia. A prova de fogo da credibilidade do Patriarca Kirill deve ser seu convite para Francisco visitar a Rússia, sem temor de que sua própria autoridade se apague, comparada com a do sucessor de São Pedro.
No que diz respeito à declaração, também deve levar em conta o contexto do próximo e primeiro Santo e Grande Conselho da Igreja Ortodoxa, que está previsto para junho. O encontro entre Kirill e Francisco foi destinado a reforçar a posição do Patriarcado de Moscou entre as outras Igrejas ortodoxas.
Neste momento, o Patriarcado de Moscou está fazendo tudo em seu poder para mudar a posição de “terceira Roma” para “segunda Roma” e para controlar os poderes do Patriarcado Ecumênico de Constantinopla e do futuro Conselho. A situação é tensa, como se constatou pela confrontação entre Bartolomeu I e Kirill durante uma reunião de preparação do Conselho, realizada no final de janeiro deste ano em Genebra.
Durante a reunião, cheia de ressentimentos mútuos, o Patriarca de Moscou tentou mudar o local das reuniões do Conselho para Moscou e impedir a autonomia da Igreja ortodoxa da Ucrânia, que a tornaria independente do Patriarcado de Moscou. Sua estratégia tem sido bem sucedida, e ele não vai demorar para aproveitar o encontro com o Papa para reforçar ainda mais a sua posição.
Marcin Przeciszewski é diretor da agência de notícias polonesa KAI