quarta-feira, 27 de julho de 2016

perdoar as injurias sofridas:

O Papa Francisco disse: “não se pode viver sem perdão”. Realmente o perdão é essencial para o ser humano, perdoar e sentir-se perdoado produz grande liberdade interior para a pessoa. O que é injuria: A palavra Injúria significa: insulto, ofensa, invasão dos direitos, injustiça, falsidade. No Direito consiste em atribuir a alguém qualidade negativa, que ofenda sua honra, dignidade ou decoro. É um crime que equivale em ofender verbalmente, por escrito ou fisicamente (injúria real), a dignidade ou o decoro de alguém, ofendendo o moral, abatendo o ânimo da vítima. A quinta obra de misericórdia nos chama a perdoar as injúrias, ou seja, dar o perdão para todo e qualquer tipo de ofensa, mesmo aquelas que continuam nos machucando. Motivos para perdoar as injurias sofridas: A maioria dos problemas tem origem na falta de perdão, ele gera doenças, ansiedade, angustia, medo, etc. Desta forma podemos compreender porque Jesus enfatiza tanto a importância do perdão. Pedro aproxima-se de Jesus e pergunta: “Senhor, quantas vezes devo perdoar meu irmãos, quando ele pecar contra mim? Até sete vezes?” O número sete na Bíblia significa infinitas vezes (Mt 18,21). Diante deste questionamento Jesus declara que devemos perdoar “setenta vezes sete”, isto é, um número infinito de vezes. Devemos perdoar sempre. (Mt 18, 22). Quando os discípulos perguntaram a Jesus como deveriam orar, Jesus responde que deveriam perdoar como são perdoados (Mt 6,12), isto é, se não perdoamos a oração fere mais do que cura. É o único aspecto do Pai Nosso que Jesus comenta: “Porque, se perdoardes aos homens as suas ofensas, vosso Pai celeste também vos perdoará”(Mt 6, 14-15). É a insistência no perdão e no passar a diante este perdão. Ele nos foi dado no derramamento do seu sangue no calvário. Porque nós recusamos o perdão a alguém? Geralmente de forma mais ou menos inconsciente queremos controlar os que nos feriram, castigando-os e, desta forma nos proteger de sofrimento maior, e atingir a consciência do outro. Mas a reação não será a esperada. Quando tentamos manipular os outros, através da falta de perdão, eles se revoltam, além do que, o sofrimento de nossos inimigos é mínimo, comparado com o sofrimento que impomos a nós mesmos. Em (Mt 7,2) lemos que seremos julgados com o mesmo julgamento que julgamos os outros. Lemos ainda que falta de perdão é um veneno fatal que nos separa do perdão de Deus (Mt 6, 12-15), da cura (Eclo 28,3) da oração (Mc 11, 24-25) e da adoração (Mt 5, 23-24). Sem estas graças somos entregues aos torturadores (Mt 18, 34). Estes torturadores não são pessoas, mas sentimentos como medo, depressão, frustração, ansiedade e ódio de si mesmo. À medida que estes algozes nos enfraquecem, nossa qualidade de vida se deteriora, caracterizando-se pela inutilidade, escapismo e ações compulsivas. Só Deus pode perdoar. Perdoamos os outros e a nós mesmos, ou nos destruímos, no entanto, é humanamente impossível perdoar. “Errar é humano e perdoar é divino”. Só Deus pode perdoar. Perdoar alguém é um milagre maior que a cura de um câncer terminal, mas Deus fará este milagre para nós. O Senhor nos pede para perdoar amorosamente com misericórdia como o Pai do filho pródigo (Lc 15, 20). As perguntas abaixo ajudam a diagnosticar se realmente perdoamos ou estamos enganando a nós mesmos. Tenho consciência de que Deus me deu a graça de perdoar e eu não aproveitei? Posso me imaginar abraçando quem me ofendeu? (Lc 15,20). Valorizo o sacramento da confissão e me utilizo dele frequentemente? Perdoo facilmente as pessoas que são injustas comigo no dia-a-dia? Se perdoarmos gratuitamente e amorosamente, seremos perdoados da mesma forma. Sabendo disso a confissão torna-se mais atraente. Um não a qualquer uma destas perguntas não significa que fomos perdoados, mas é um mau sinal. Para concluir, perdoar é um bom negócio, além de nos tornar livres, nos levará a cumprir a quinta obra de misericórdia: Perdoar as injúrias.

Acolher os Peregrinos

Senhor… quando foi que te vimos peregrino e te acolhemos…?” (Mt 25,38). Ao que o Senhor responde: “Em verdade eu vos declaro: todas as vezes que fizestes isto a um destes meus irmãos mais pequeninos, foi a mim mesmo que o fizestes” (Mt 25,40). Não podemos escapar às palavras do Senhor, com base nas quais seremos julgados, em cada um destes “mais pequeninos”, está presente o próprio Cristo. A sua carne torna-se de novo visível como corpo martirizado, chagado, flagelado, desnutrido, em fuga … a fim de ser reconhecido, tocado e assistido cuidadosamente por nós. Não esqueçamos as palavras de São João da Cruz: “Ao entardecer desta vida, examinar-nos-ão no amor ”. “Não vos esqueçais da hospitalidade…” Quem é o peregrino a quem Jesus convida a dar acolhimento? O peregrino é o romeiro, aquele que vai em peregrinação a um local sagrado ou para participar de um evento eclesial, a este peregrino, que muitas vezes necessita de hospedagem o Senhor espera que recebamos em nossa casa e que partilhemos de nossos alimentos. Recomenda a cartas aos Hebreus: “Não vos esqueçais da hospitalidade, pela qual alguns, sem o saberem, hospedaram anjos.”(Hb 13,2). A hospitalidade nos liberta do egoísmo. Abrir as portas de nossa casa atrai amizade, partilha, liberalidade, benignidade e enriquece nossos relacionamentos. “É para isso que passastes perto de vosso servo” Também se entende por peregrino aquela pessoa andante, que viaja que empreende longas jornadas, entre ele os estrangeiros, os deslocados e os refugiados. A Palavra de Deus ensina que um visitante sempre traz uma boa nova que passará despercebida se acostumarmos a cuidar somente de nossa própria vida, reclusos em nossos próprios problemas, sem prestar atenção no que acontece em torno. Temos o exemplo de Abraão, que justamente em meio a muitas tribulações foi visitado por Deus através de três homens desconhecidos: “Abraão levantou os olhos e viu três homens de pé diante dele. Levantou-se no mesmo instante da entrada de sua tenda, veio-lhes ao encontro e prostrou-se por terra. Meus senhores, disse ele, se encontrei graça diante de vossos olhos, não passeis avante sem vos deterdes em casa de vosso servo.” (Gn 18,2-3). É para isso que passastes perto de vosso servo…” (Gn 18, 5), Abraão reconheceu a presença de Deus naqueles peregrinos… – Passastes aqui – pensou Abraão – para que eu os ajudasse e pudesse ser abençoado por Deus. Quantas vezes, o Senhor nos envia pessoas precisando de nossa ajuda, para através delas nos abençoar, curar, libertar do egoísmo, nos salvar. “Fica conosco, já é tarde, e já declina o dia…” A passagem dos discípulos de Emaús narra que dois discípulos de Jesus estavam se retirando de Jerusalém, foi então que o próprio Jesus aproximou-se e caminhou com eles. Diz a Palavra de Deus: “Seus olhos estava como que vedados e não o reconheceram…” (Lc 24,16). Sabemos quem é Jesus, o que nem sempre sabemos é de que forma ele se manifestará para nós. Em dado momento os discípulos disseram: “Fica conosco, já é tarde, e já declina o dia…” (Lc 24,29); o Senhor ficou com eles e manifestou-se, o Senhor sempre se manifesta quando é bem acolhido. “Então se lhes abriram os olhos e lhe reconheceram… mas ele desapareceu” (Lc 24,31). O Senhor desapareceu e se esconde em muitos que cruzam conosco todos os dias. Não deixe o Senhor passar sem estender sua mão para ele.

quinta-feira, 21 de julho de 2016

Rezar pelos vivos e pelos mortos

Como indica o Catecismo da Igreja Católica no tópico 362, “A pessoa humana, criada à imagem de Deus, é um ser ao mesmo tempo corporal e espiritual”. Isto é, toda pessoa tem uma dimensão espiritual a qual rompe as barreiras do espaço e do tempo, de maneira que, em certa forma, pode ser estado unido a outras pessoas sem importar o local ou o momento em que se encontre; já seja que se encontre neste mundo ou que parta dele, como o afirma o Catecismo da Igreja no tópico 953, se referindo à comunhão dos santos. Uma dessas obras de misericórdia é rezar pelos vivos e pelos defuntos, pois os efeitos da oração cumprem as características próprias de nossa condição espiritual. 362. A pessoa humana, criada à imagem de Deus, é um ser ao mesmo tempo corporal e espiritual. A narrativa bíblica exprime esta realidade numa linguagem simbólica, quando afirma que “Deus formou o homem com o pó da terra, insuflou-lhe pelas narinas um sopro de vida, e o homem tornou-se num ser vivo” (Gn 2, 7). O homem, no seu ser total, foi, portanto, querido por Deus. 953. A comunhão da caridade: na sanctorum communio, “nenhum de nós vive para si mesmo, e nenhum de nós morre para si mesmo” (Rm 14, 7). “Se um membro sofre, todos os membros sofrem com ele; se um membro for honrado por alguém, todos os membros se alegram com ele. Vós sois Corpo de Cristo e seus membros, cada um na parte que lhe diz respeito” (1 Cor 12, 26-27). “A caridade não é interesseira” (1 Cor 13, 5) (512). O mais insignificante dos nossos actos, realizado na caridade, reverte em proveito de todos, numa solidariedade com todos os homens, vivos ou defuntos, que se funda na comunhão dos santos. Pelo contrário, todo o pecado prejudica esta comunhão. A oração A Igreja convida-nos a orar pelos vivos e os defuntos; porém, o que é a oração? Através dos anos, deram-se muitas definições; uma delas é apresenta o tópico 2559 do Catecismo da Igreja, onde afirma que é “a elevação da alma a Deus ou a petição a Deus de bens convenientes”; e como Santa Teresa da Criança Jesus dizia: “É um impulso do coração”, com o qual se pode interceder ante Ele. 2559. “A oração é a elevação da alma para Deus ou o pedido feito a Deus de bens convenientes”. De onde é que falamos, ao orar? Das alturas do nosso orgulho e da nossa vontade própria, ou das “profundezas” (Sl 130, 1) dum coração humilde e contrito? Aquele que se humilha é que é elevado. A humildade é o fundamento da oração. “Não sabemos o que havemos de pedir para rezarmos como deve ser” (Rm 8, 26). A humildade é a disposição necessária para receber gratuitamente o dom da oração: o homem é um mendigo de Deus. Rezar pelos vivos Muitas vezes uma pessoa aproxima-se a outra para lhe dizer: “Reze por mim”, ou “Reze por meu irmão, amigo, ou avô”; talvez porque há algum problema que lhe está afligindo, lhe faz cair na desesperança e em alguns casos ir perdendo o sentido da vida; e tem a confiança de pedir à outra pessoa que interceda ante Deus, pois acha firmemente que Ele escuta as súplicas que se lhe enviam. Mas, como saber se as orações para valer são escutadas pelo Pai? Em numerosas passagens dos Evangelhos, Jesus mesmo convida as pessoas que lhe seguiam a que pedissem confiadamente ao Pai, porque sabe que seu Pai realmente escuta as súplicas e as atende segundo seja Sua Vontade. (Cf. Mt 7:7-11; Mt 18:19-20; Mt 21:22; Mc 11:24-26; Jn 15:7; Jn 14:13; Jn 15:16) Alguns exemplos escritos no Novo Testamento são: a intercessão de Maria no milagre das bodas de Canã (Jn 2:1-11), com a mulher Cananeia que pede por sua filha doente (Mt 15: 21-28), e como o pai de um epiléptico que se ajoelha ante Jesus (Mt 17:14-20). Nestes exemplos demonstra-se como quem se acerca a Jesus e pede ao Pai por outras pessoas, este escuta a seu Filho e concede o que aquele esteja necessitando. Rezar pelos defuntos Talvez se tenha escutado de parte de muitas pessoas, em especial das “não católicas”, que de nada serve rezar pelos que já morreram, e a maioria das vezes se baseiam em Eclesiastes 9:5 (onde se afirma que os mortos deixam de existir, pelo que é inútil pedir por eles) e em que nas Escrituras nunca se pede para orar por eles. O primeiro que teria que assinalar é que o Eclesiastes é um livro do Antigo Testamento, e o Povo de Israel, nesse tempo, estava confuso quanto acreditar ou não em uma vida após a morte, pelo que existia certa divisão (Cf. Atos 23:7-8). Com a vinda de Jesus Cristo ao mundo, Deus deixa claro que após a morte o homem espera, seja para contemplar Sua Glória no Céu ou o “pranto e rechinar de dentes”, isto é, o Inferno. Portanto, se uma pessoa crê em Cristo, sem importar que seja católico ou não, necessariamente deve crer nas palavras escritas no Novo Testamento, pois neste se dá a plenitude da mensagem da salvação desenvolvida progressivamente nos livros do Antigo Testamento... Cristo veio para dar plenitude à lei. (Cf. Mt 5:17) Agora, se olhar com cuidado o que diz Jesus nos Evangelhos, fica claro sua mensagem de que qualquer coisa que peçamos ao Pai, Ele a concederá; não faz exceções, nem notas aclamatórias que assinalem que de nada vale pedir pelos que já morreram. Em disso, Jesus ora, e devolve a vida a Lázaro ante o pedido de Marta e Maria (Jn 11:17-44); à filha de Jairo quando este lhe implora que a cure (Mc 5:21-43); ou ao filho da viúva de Naín (Lc 7:11-17). Cristo faz isto porque sabe que tão importante é pedir pelos vivos ou pelos mortos, pois Ele sempre está da mesma maneira disposto a acolher com ternura as súplicas e a atuar segundo Sua Vontade. Purgatório Também nesta parte é importante fazer menção ao purgatório. O Catecismo da Igreja, nos tópicos 1030 e 1031, explicam como “... a purificação final dos escolhidos...“, isto é, que aqueles que morrem na graça e amizade de Deus, mas não purificados no tudo, precisam ser abraçados pelo fogo do Espírito Santo, “...a fim de obter a santidade necessária para entrar na alegria do Céu.” Biblicamente, Paulo expressa que no dia do Julgamento “... o fogo provará a obra de cada qual: se sua obra resiste ao fogo será premiado... ele se salvará, mas como quem passa pelo fogo” (1Co 3:13-15). Este processo de purificação pode ser acelerado mediante práticas como a oração (Cf. 2 Macabeos 12:46); daí as intenções particulares que se apresentam nas Eucaristias, e a Celebração dos Fiéis Defuntos onde se pede por todos os mortos, inclusive por aqueles dos quais ninguém se recorda. Agora bem, muitos que negam a existência do purgatório argumentando que essa palavra não se encontra na Bíblia; no entanto, as palavras Encarnação e Trindade também não aparecem, mas são necessárias para explicar os mistérios de Nossa Redenção. 1030. Os que morrem na graça e na amizade de Deus, mas não de todo purificados, embora seguros da sua salvação eterna, sofrem depois da morte uma purificação, a fim de obterem a santidade necessária para entrar na alegria do céu. 1031. A Igreja chama Purgatório a esta purificação final dos eleitos, que é absolutamente distinta do castigo dos condenados. A Igreja formulou a doutrina da fé relativamente ao Purgatório, sobretudo nos concílios de Florença (622) e de Trento (623). A Tradição da Igreja, referindo-se a certos textos da Escritura (624) fala dum fogo purificador: “Pelo que diz respeito a certas faltas leves, deve crer-se que existe, antes do julgamento, um fogo purificador, conforme afirma Aquele que é a verdade, quando diz que, se alguém proferir uma blasfêmia contra o Espírito Santo, isso não lhe será perdoado nem neste século nem no século futuro (Mt 12, 32). Desta afirmação podemos deduzir que certas faltas podem ser perdoadas neste mundo e outras no mundo que há-de vir” (625). Conclusão Então, para que orar pelos vivos e pelos defuntos? Oramos pelos vivos para que Deus, no infinito de seu Amor e Misericórdia, devolva a esperança, a ilusão, a vontade de viver para aquelas pessoas que as perderam, que caíram na miséria. E oramos pelos mortos para que Ele, em sua infinita Bondade e Misericórdia, acelere o processo de purificação da alma no purgatório. Desta maneira espera-se que acolha mais prontamente em seu Santo Reino aos que partiram deste mundo e lhes conceda desfrutar da Vida Eterna que é a meta pela qual todos os cristãos aspiram alcançar. Neste Ano da Misericórdia é uma excelente oportunidade para pôr em prática esta obra, e assim ser como o Pai, rico em Ternura e Misericórdia, o qual, por meio de seu Filho prometeu: “Ditosos os misericordiosos porque eles alcançarão misericórdia” (Mt 7:7).

Enterrar os mortos

“Mas Tobit temia mais a Deus que ao rei, e continuava a levar para a sua casa os corpos daqueles que eram assassinados, onde os escondia e os sepultava durante a noite.” Tobit enterrava os mortos, mesmo sendo proibido, pois temia mais a Deus que ao rei. Pesquisas científicas comprovam que o homem começou a “esconder” os corpos de seus mortos a mais de 100 mil anos atrás; fósseis humanos foram encontrados em covas e outros locais protegidos principalmente em cavernas. Na palavra de Deus, o costume de enterrar os mortos aparece como um dos preceitos do Deus de Abraão, veja a atitude do fiel personagem Tobit, diante de um cadáver de um de seus conterrâneos degolado e exposto na praça, ele mesmo, correndo risco de morte, tomou o morto e levou para sua casa: “Quando o sol se pôs, ele foi e o sepultou. Seus vizinhos criticavam-no unanimemente. Já uma vez ordenaram que te matassem, precisamente por isso, e mal escapaste dessa sentença de morte, recomeças a enterrar os cadáveres! Mas Tobit temia mais a Deus que ao rei, e continuava a levar para a sua casa os corpos daqueles que eram assassinados, onde os escondia e os sepultava durante a noite.” Por este exemplo compreendemos que enterrar os mortos além de uma questão de saúde pública, é uma atitude de temor a Deus, de piedade, respeito, amor e misericórdia para com o falecido. A sepultura dos mortos revela o nível de humanização e o grau de civilização de uma sociedade humana. Todos nós sentimos horror diante de imagens que mostram ultrajes e violências contra os corpos mortos de inimigos durante a guerra. Percebemos uma sacralidade violada, consideramos ímpia e desumana essa forma de atuação. O livro do Eclesiástico (Eclo 38,16) diz: “Meu filho derrama lágrimas sobre um morto… sepulta o seu corpo segundo o costume, não descuide de sua sepultura.” A ausência da sepultura era considerada uma maldição, um sinal de abandono da parte de Deus (Sl 78, 2-3; Jr 16, 4-6); ainda podemos observar o costume de comparar a morte com o sono, o livro de Genesis ( 46, 4), o termo “cemitério” deriva de um termo grego que significa “dormitório”. São João Crisóstomo escreve: “O lugar da sepultura chama-se ‘cemitério’ para que se saiba que aqueles que aí repousam não estão mortos, mas a dormir”; e, depois de ter observado que, muitas vezes, na Escritura, a morte é evocada com a imagem do sono e se diz dos mortos que estão adormecidos, acrescenta que daí deriva a palavra “cemitério”, ou seja, “dormitório”, “lugar onde se dorme”a espera da ressurreição. O corpo é templo do Espírito Santo. No Novo Testamento esta ação de enterrar os mortos toma uma dimensão ainda mais especial: a palavra de Deus diz: Ou não sabeis que o vosso corpo é o templo do Espírito Santo, que habita em vós, o qual recebestes de Deus e que, por isso mesmo, já não vos pertenceis? Porque fostes comprados por um grande preço; glorificai, pois, a Deus no vosso corpo, (1 Cor 6, 19-20). O corpo do homem é templo do Espírito Santo, foi comprado por alto preço, o sangue de nosso redentor Jesus. Tratá-lo com dignidade, respeito e caridade e o mínimo esperado para o templo do Senhor que é o corpo humano, mesmo depois de morto. A morte, a espera e o sepultamento. Após a morte, a imediata preocupação dos vivos é com o sepultamento, até que isso aconteça, também faz parte da obra de misericórdia, a contemplação do mistério daquela vida e morte, a oração, a presença e o tempo dedicado somente para acompanhar os últimos momentos da presença corporal do defunto. As inscrições nas catacumbas, cemitérios cristãos dos primeiros séculos, incluem votos para que os defuntos encontrem repouso e “refrigério” (= consolação). Desde os primeiros tempos, a Igreja honrou a memória dos defuntos e ofereceu preces em seu favor, principalmente missas, recomendando, também, esmolas, indulgências e obras de penitência em favor deles.

terça-feira, 19 de julho de 2016

Perdoar os que nos ofenderam

O perdão é o verdadeiro caminho até a liberdade, e sem ele, o mundo se torna um lugar muito difícil de vivermos. A vida nem sempre é justa, muitas pessoas podem ser cruéis, a dor pode se tornar muitas vezes insuportável, e injustiças são muito comuns. Precisamos escolher o caminho do perdão se quisermos ter uma vida de paz, harmonia e felicidade com o nosso próximo, e, na maioria das vezes, nosso próximo está em nossa própria família. A coragem, o poder, o amor e a moderação, são atributos que precisamos desenvolver. A falta de perdão causa tragédias mundiais O ato de perdoar não é uma das tarefas mais fáceis para nós, seres humanos. Tribos, sociedades, países, famílias e amigos já travaram e ainda travam batalhas, e verdadeiras guerras, por causa das diferenças entre as pessoas, ou devido a algum ato que tenha lhe desagradado ou prejudicado, por vingança ou ainda pela sede de poder, e assim espalham pelo mundo ainda mais rancor e nem um pouco de paz. O perdão traz bem-estar físico e mental O perdão não é impossível, nem mesmo nos casos mais graves. O perdão reduz a agitação que leva a problemas físicos. Perdoar reduz o estresse que vem de pensar em algo doloroso, mas que não pode ser mudado. Ele também limita a ruminação que leva ao sentimento de impotência que reduz a capacidade de alguém cuidar de si mesmo. O restabelecimento pessoal através da prática A diminuição da ira e da mágoa vem de se vivenciar o perdão. O perdão é a experiência interior de se recuperar a paz e o bem-estar. Pode acontecer de alguém perdoar um dia, e a raiva voltar depois, e isso é normal. Dessa forma, o perdão é um processo que deve ser praticado. Para perdoar, você pode começar por entender e praticar estes passos: Seu ódio não atinge seu adversário, mas sua própria alma. A melhor resposta aos seus inimigos é ter uma vida cheia de sucesso e realização. A segunda melhor resposta é devolver com um ato bom, quebrando a corrente. Veja o lado positivo que veio da ofensa. Pense nas pessoas que já lhe fizeram algo de bom. Olhe para a grande figura como um todo. Seja caridoso consigo mesmo. Tente equilibrar confiança e sabedoria. Pare de contar o ocorrido às outras pessoas. Ore por seus inimigos ou quem lhe magoou. Tente se colocar no lugar dele e imagine como ele vê o que fez. Mantenha a perspectiva, pessoas podem ofender outras, mas é seu dever perdoá-las. Restituição Às vezes, a pessoa foi realmente prejudicada. O perdão não elimina esse fato; apenas o torna menos importante. O perdão implica que se pode ficar em paz mesmo tendo sofrido um mal causado por outro. Não conseguimos escapar de todos os males, que geralmente fazem as pessoas continuarem estressadas porque os problemas ainda persistem. O perdão reconhece o mal, mas permite que o prejudicado leve a vida em frente. O perdão pode conviver com a justiça e não impede que se faça as coisas justas ou adequadas. Você apenas não as faz de uma perspectiva rancorosa ou transtornada. Afinal de contas, não somos perfeitos e todos cometemos erros. Não perdoar incute no mesmo erro de ofender. Quando amamos nosso próximo, somos pacientes e tolerantes. Separamos as pessoas de seus atos. Perdoamos para sermos perdoados. Nossa melhor contribuição para o mundo é a prática do perdão, a mais divina das vitórias, a cura para os problemas da humanidade.

Visitar os presos

“…estava na prisão e viestes a mim…” (Mt 25,36) O encarcerado é uma das únicas pessoas saudáveis e normais que necessitam que os outros venham até eles, porém, quão poucos se encorajam a visitar o preso. Há medo, indiferença, preconceito, estruturas de segurança embaraçosas, e além de tudo parece uma atitude sem importância. Mas que significa visitar o preso? “… estava na prisão e viestes a mim”. Quem visita um preso, visita Jesus prisioneiro dos homens por causa dos nossos pecados. (Jo 18) Sim, Jesus foi privado da liberdade desde o horto das oliveiras, até sua morte de Cruz, a liberdade de Cristo foi retomada somente depois da Sua morte. Quantos presos se encontram na mesma situação de Jesus, com penas altíssimas, com prisão perpétua, sem nenhuma perspectiva de futuro e liberdade. Lembremo-nos que Jesus assumiu também o delito destes presos e que, nossa parte é levar este conhecimento até eles. Disse o Papa Francisco: “Confesso que muitas vezes penso… nas pessoas que vivem nas prisões.”[i] Dificilmente em uma de suas viagens apostólicas o Papa deixa de visitar uma prisão, certamente é uma tentativa do Papa, para que seja transformada a mentalidade dos cristãos em relação aos encarcerados. A evangelização do preso sem dúvida alguma pode transforma-lo e libertá-lo, não os livrando das grades externas, mas das grades internas, de seus corações. “Na história da Igreja, muitos chegaram à santidade através de experiências duras e difíceis, abram a porta de seu coração a Cristo e será Ele a reverter a sua situação“[ii]. Para que um preso abra a porta a Cristo, é preciso que Cristo seja levado até ele. As mensagens de encorajamento do Santo Padre aos presos nos chamam a buscar a transformação de nossa mentalidade em relação aos irmãos e irmãs privados da liberdade. A obra de misericórdia exige a visita, a presença, o calor humano que somente outro humano pode dar a quem está no ‘gelo’ da reclusão, da solidão, do abandono e da indiferença. Todo cristão é convidado, a pelo menos uma vez na vida visitar uma prisão, e assim, compartilhar da dor daqueles que ali se encontram. Na prisão, o tempo parece estar parado, parece que não passa nunca, mas a dimensão real do tempo não é a do relógio. Diz ainda o Papa: “Estejam certos de que Deus nos ama pessoalmente; para Ele a sua idade e cultura não têm importância, nem mesmo o que vocês foram, as coisas que fizeram, as metas que alcançaram, os erros que cometeram, as pessoas que feriram. Não se fechem no passado; transformem-no em caminho de crescimento, de fé e de caridade. Deem a Deus a possibilidade de fazê-los brilhar através desta experiência”. Outro aspecto desta obra de misericórdia é a família do preso. Visitar a família é indiretamente visitar o detento, a família também se torna prisioneira do preconceito, da indiferença, do medo… Os pais, as esposas e os filhos além de sofrerem pelo motivo que causou a prisão do familiar, sofrem diretamente com as consequências de sues delitos. Quantas esposas e filhos passam fome, são desalojados, perdem emprego… Façamos como o Papa, pensemos neles, rezemos por eles, façamos uma visita e o tudo que está ao nosso alcance.

Experiência com a Misericórdia 1

Todos sabem que para se ter um bom conhecimento da Misericórdia de Deus, além de ter um bom conhecimento da Palavra de Deus é preciso que tenha em suas mãos os escritos de uma Santa que foi citada na Bula Rosto da Misericórdia pelo Papa Francisco: "E a nossa oração estenda-se também a tantos Santos e Beatos que fizeram da misericórdia a sua missão vital. Em particular, o pensamento volta-se para a grande apóstola da Misericórdia, Santa Faustina Kowalska. Ela, que foi chamada a entrar nas profundezas da misericórdia divina, interceda por nós e nos obtenha a graça de viver e caminhar sempre no perdão de Deus e na confiança inabalável do seu amor." Assim, também para mim mesmo se no princípio da missão de anunciar a Misericórdia não tinha nenhuma intimidade com santa Faustina nem com o Diário escrito por ela, aos poucos tive que ir adquirindo este conhecimento na prática mesmo. INclusive muitas pessoas, mas muitas mesmas me perguntam sobre qual seria a melhor forma de se utilizar o Diário de santa Faustina, e, nessa série de artigos que estamos iniciando por aqui quero ajudar a você - se Deus quiser e você permitir - através das experiências partilhadas a tomar conhecimento sobre a melhor forma de se utilizar e entrar na intimidade da Misericórdia através do Diário. Deus abençoe e boa leitura.

quinta-feira, 14 de julho de 2016

Consolar os aflitos

Nosso Senhor Jesus Cristo deu-nos muitos exemplos de consolação, lembremos principalmente, seu empenho em consolar Marta e Maria na morte de Lázaro (Jo 11, 19). Paulo, fiel apóstolo de Jesus, começa sua segunda carta aos Coríntios dizendo: “Bendito seja Deus, o Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai das misericórdias, Deus de toda a consolação, que nos conforta em todas as nossas tribulações, para que, pela consolação com que nós mesmos somos consolados por Deus, possamos consolar os que estão em qualquer angústia!” (2Cor 1, 3-4). Todos nós passamos na vida momentos de aflições e sofrimentos, algumas vezes em conseqüência de nossos próprios erros, em outras por perdas, enfermidades, problemas pessoais ou familiares. Nesses momentos precisamos de consolação. Da parte de Deus ela vem com certeza, pois consolar é atributo de Deus. Em Isaías encontramos Deus comparado a uma mãe: “Como uma criança que a mãe consola, sereis consolados em Jerusalém” (Is 66,13). Mas, aliviar, diminuir dor, ou sofrimento moral e espiritual deve acontecer também da parte dos irmãos, como recomenda São Paulo: “Consolai-vos mutuamente e edificai-vos uns aos outros.” (1Tes 5, 11). Porém, o mundo está cada vez mais povoado. Pessoas vão e vêem trombando umas nas outras, nas ruas, repartições e elevadores, mas quase ninguém se conhece muitos menos partilham suas experiências. Solitários em meio à multidão, pouco falamos de nossos sentimentos e, menos ainda, ouvimos os outros. Não há tempo. Não queremos arrumar tempo, pois ouvir compromete. A atitude de consolar apresentada como uma obra de misericórdia, mais do que nunca, torna-se uma virtude cristã a ser exercitada no cotidiano. Exercitar os olhos para as tragédias alheias; aguçar os ouvidos para escutar os soluços dos que sofrem; oferecer o ombro para deixar reclinar quem chora; estender a mão para levantar quem tropeça e cai. Hoje consolamos, amanhã seremos consolados.

Visitar os enfermos

5) Visitar os enfermos Trata-se de uma verdadeira atenção para com os doentes e idosos, tanto no aspeto físico, como em lhes proporcionar um pouco de companhia. O melhor exemplo da Sagrada Escritura é o da parábola do Bom Samaritano que curou o ferido e, ao não poder continuar a cuidar dele diretamente, confiou os cuidados que necessitava a outro em troca de pagamento (ver Lc 10, 30-37). “A doença, sobretudo se grave, põe sempre em crise a existência humana e suscita interrogativos que nos atingem em profundidade. Por vezes, o primeiro momento pode ser de rebelião: por que havia de acontecer precisamente a mim? Podemos sentir-nos desesperados, pensar que tudo está perdido, que já nada tem sentido... Nestas situações, a fé em Deus se, por um lado, é posta à prova, por outro, revela toda a sua força positiva; e não porque faça desaparecer a doença, a tribulação ou os interrogativos que daí derivam, mas porque nos dá uma chave para podermos descobrir o sentido mais profundo daquilo que estamos vivendo; uma chave que nos ajuda a ver como a doença pode ser o caminho para chegar a uma proximidade mais estreita com Jesus, que caminha ao nosso lado, carregando a Cruz. E esta chave é-nos entregue pela Mãe, Maria, perita deste caminho”. “O banquete das bodas de Caná é um ícone da Igreja: no centro, está Jesus misericordioso que realiza o sinal; em redor d’Ele, os discípulos, as primícias da nova comunidade; e, perto de Jesus e dos seus discípulos, está Maria, Mãe providente e orante. Maria participa na alegria do povo comum, e contribui para aumenta-la; intercede junto de seu Filho a bem dos esposos e de todos os convidados. E Jesus não rejeitou o pedido de sua Mãe. Quanta esperança há neste acontecimento para todos nós! Temos uma Mãe de olhar vigilante e bom, como seu Filho; o coração materno e repleto de misericórdia, como Ele; as mãos que desejam ajudar, como as mãos de Jesus que dividiam o pão para quem tinha fome, que tocavam os doentes e os curavam. Isto enche-nos de confiança, fazendo-nos abrir à graça e à misericórdia de Cristo. A intercessão de Maria faz-nos experimentar a consolação, pela qual o apóstolo Paulo bendiz a Deus ‘o Pai das misericórdias e o Deus de toda consolação! Ele nos consola em toda a nossa tribulação, para que também nós possamos consolar aqueles que estão em qualquer tribulação, mediante a consolação que nós mesmos recebemos de Deus’ (2 Cor 1, 3-5). Maria é a Mãe ‘consolada’, que consola os seus filhos”.

quarta-feira, 13 de julho de 2016

Guia prático de como ir para o inferno Existem vários caminhos possíveis, mas somente um tem garantia absoluta de sucesso

O inferno é, em essência, a completa ausência de Deus. E não é Deus quem condena alguém ao inferno: é o próprio pecador que, livre e conscientemente, rejeita Deus em sua vida. Todo pecado mortal nos afasta de Deus, mas Deus está sempre pronto para nos perdoar até as mais abomináveis e terríveis ofensas. Basta que nos deixemos perdoar por Ele! Pense nos maiores pecadores confessos de toda a história da humanidade. Pense nas piores abominações já cometidas por um ser humano em qualquer época ou lugar. Pense nos piores e mais hediondos pecados que a sua mente puder imaginar e esteja certo de que todos eles, absolutamente todos eles, podem ser perdoados por Deus – todos, menos um: o pecado contra o Espírito Santo. Quem nos afirma isto é ninguém menos que Jesus Cristo: “Por isso, eu vos digo: todo pecado e toda blasfêmia serão perdoados aos homens, mas a blasfêmia contra o Espírito não lhes será perdoada” (Mateus 12, 31). Se Jesus Cristo falou, então está falado: Deus é capaz de perdoar as maiores e piores abominações, mas não pode perdoar a blasfêmia contra o Espírito santo. E, afinal, em que consiste esse pecado que nem mesmo Deus, em toda a sua misericórdia, pode perdoar? Simples: consiste precisamente em não deixar que Deus perdoe! O Espírito Santo de Deus está sempre nos iluminando para que “enxerguemos” o Seu Amor e o aceitemos. Foi só para isso que Deus nos criou: para nos amar e nos oferecer o Seu Amor sem reservas! O pecado contra o Espírito Santo consiste em não aceitar a Sua Luz e o Seu Amor; consiste em fechar-se completamente, consiste em recusar radicalmente a Deus, em endurecer o coração de modo impenitente, empedernido, irrevogável, sem permitir que Deus entre nele de forma alguma. O pecado contra o Espírito Santo é o pecado pelo qual o homem se nega, livre e conscientemente, a receber o Amor, o Perdão, a Misericórdia de Deus. Diante disso, o que é que Deus pode fazer? Respeitar a decisão do pecador. O Amor de Deus é tão incompreensivelmente total, extremo e infinito que, mesmo podendo “forçar” qualquer criatura a submeter-se à Sua Vontade, Deus não o faz! Deus escolhe respeitar a liberdade das suas próprias criaturas! Deus não quer nos impor o Seu Amor: Ele apenas o oferece a nós, submetendo-Se à nossa liberdade de aceitá-Lo ou rejeitá-Lo! E quando uma pessoa, livre e conscientemente, decide impedir que Deus faça parte da sua vida, ela “tira” de Deus até mesmo a possibilidade de perdoá-la – porque Deus não pode forçá-la nem sequer a ser perdoada se ela não quiser. Qualquer pecado mortal, pela sua gravidade e por ter sido cometido com plena consciência e pleno consentimento, pode nos privar de Deus. Mas qualquer pecado mortal pode ser perdoado se permitirmos que Deus nos perdoe. O único, absolutamente único jeito de “garantir” a viagem sem volta para o inferno é o pecado contra o Espírito Santo. E, certamente, não é uma viagem que valha a pena. COMPARTILHAR TWEET WHATSAPP

A Igreja católica usa o termo “Jeová” como nome de Deus? Surpreenda-se com a resposta

Desde o século XIII, a palavra “Jeová” foi utilizada em diversos escritos e traduções católicas da Bíblia e chegou a adornar espaços em igrejas e catedrais. A primeira referência escrita da palavra “Jeová” como o nome de Deus mencionado em Ex 3, 14-15 é o livro “Pugio Fidei Christianae”, do padre Raimundo Martí (c. 1220- c. 1284), escrito em latim e hebraico. O padre Martí foi um sacerdote dominicano catalão que teve notável influência na difusão do termo latino “Iehova” pelo mundo católico. Em português, o termo originado foi “Jeová”, enquanto em espanhol a palavra respectiva é “Jehová”. Em alguns filmes mexicanos, é possível observar que, entre os católicos, era frequentemente usado o termo “Jehová” como o nome próprio de Deus: Em “Los Tres Huastecos”, com Pedro Infante, numa cena em que se está dando catecismo às crianças (especialmente em 1:36:37). Em “Jesús Nuestro Señor”, na cena que apresenta o Menino Jesus perdido e achado no templo. Em “Los Tres Reyes Magos”, que foi o primeiro filme de animação da América Latina, se usa o termo “Jehová” quando o rei Herodes faz rimas sobre como atacar o Menino Jesus. Em antigos catecismos e manuais de liturgia ou teologia também aparece o termo Jeová como o nome de Deus revelado no Antigo Testamento. Foi entre os séculos XIX e XX que a Igreja católica optou pela tradução “Javé”, considerada mais correta e mais próxima da pronúncia hebraica original do nome divino. Esse termo passou a ser adotado nas traduções do Antigo Testamento. Já o Novo Testamento nos esclarece que o nome de Deus é Pai, Filho e Espírito Santo (cf. Mt 28, 19; 2Cor 13,13), conforme revelado por Jesus aos seus discípulos. Este é o nome divino utilizado na liturgia da Igreja desde os tempos apostólicos. RESPEITO E CONHECIMENTO Apesar do desuso atual entre os católicos, o termo “Jeová” continua merecendo todo o respeito devido ao nome de Deus. É importante recordar que o termo foi usado durante cerca de setecentos anos pela Igreja, até que a pronúncia “Javé” fosse preferida por ser mais correta etimologicamente. No diálogo com os irmãos separados, especialmente com o grupo religioso dos Testemunhas de Jeová, é especialmente recomendável usá-lo com esse respeito e com o devido conhecimento de causa.

seremos julgados pelas obras de misericórdia

“No final, seremos julgados pelas obras de misericórdia”. Foi o que recordou o Papa Francisco aos fiéis presentes na Praça São Pedro neste domingo, antes da oração do Angelus, comentando a parábola “simples e estimulante do Bom Samaritano”. E fez isso citando inclusive uma canção italiana “Parole, parole, parole, - "Palavras, palavras, palavras." "Apenas palavras que o vento leva embora”, disse para distinguir as obras de misericórdia de uma solidariedade só em palavras. “Também nós – sublinhou - podemos nos fazer esta pergunta: quem é o meu próximo? Quem devo amar como a mim mesmo? Os meus parentes? Os meus amigos? Os meus compatriotas? Os da minha mesma religião?”. Francisco explicou que Jesus muda essa perspectiva: “Eu não devo catalogar os outros para decidir quem é o meu próximo e quem não é. Depende de mim, ser ou não ser o próximo da pessoa que encontro, e que precisa de ajuda, mesmo se estranha ou até hostil. E Jesus recomenda: “Vai e faça você também o mesmo”'. E ele repete a cada um de nós: “Vai e faça você também o mesmo, faça-se próximo ao irmão e à irmã que você vê em dificuldades. O Evangelho, recordou Francisco, “indica um modo de vida, cujo centro de gravidade não somos nós mesmos, mas os outros, com as suas dificuldades, que encontramos em nosso caminho e nos interpelam. E quando os outros não nos interpelam, algo neste coração não funciona, algo neste coração não é cristão”. Devemos, disse o Papa, “realizar boas obras, não basta somente dizer palavras que vão ao vento”. “ Vem-me em mente aquela canção "palavras, palavras, palavras". E, no Dia do Julgamento, o Senhor vai nos dizer': “Mas você, você se recorda daquela vez na estrada de Jerusalém a Jericó? Aquele homem quase morto era eu. Você se lembra? Aquela criança com fome era eu. Você se lembra? Aquele migrante que muitos querem expulsar era eu. Aquele avó sozinho, abandonado em casas para idosos, era eu. Aquele doente sozinho no hospital, que ninguém vai ver, era eu”. “A atitude do Bom Samaritano – explicou Francisco – é necessária para dar prova da nossa fé, a qual “se não é acompanhada por obras, em si mesma é morta”, como recorda o Apóstolo Tiago". “Através das boas obras, que realizamos com amor e com alegria aos outros, a nossa fé - acrescentou - germina e dá frutos”. Bergoglio, em seguida exortou: “Perguntemo-nos: a nossa fé é fecunda? Ela produz boas obras? Ou é um pouco estéril e, portanto, mais morta do que viva? Faço-me próximo ou simplesmente passo ao lado?”. “Estas perguntas - concluiu – devemos fazê-las frequentemente, porque no fim seremos julgados pelas obras de misericórdia”.

quinta-feira, 7 de julho de 2016

Ensinar os ignorantes

«Compreendes, verdadeiramente, o que estás a ler?», pergunta Filipe ao funcionário etíope que está a ler uma passagem do profeta Isaías. E ele responde: «E como poderei compreender, sem alguém que me oriente?» (Atos dos Apóstolos 8, 30-31). Este diálogo mostra a necessidade de uma instrução para entrar no conhecimento da Escritura. De um modo mais geral, toda a vida de fé requer um ensinamento. Como este ensinamento tem uma dimensão religiosa fundamental, não admira que, no Antigo Testamento, o próprio Deus seja chamado «Mestre», e que o orante se lhe deve dirigir para ser iluminado e tornado sábio. Mesmo o simples, o inexperiente, o ignorante, torna-se sábio pelo conhecimento da vontade do Senhor: «As ordens do Senhor são firmes, dão sabedoria ao homem simples» (Salmo 19, 8). É com os profetas, sobretudo com Oseias, que a «Tora» (termo muitas vezes traduzido por «lei», mas que significa «instrução», «ensinamento») indica o conjunto unitário da vontade de Deus. Este conjunto passará a ser a Tora escrita: os cinco primeiros livros da Bíblia («Pentateuco»). Um âmbito primordial, antigo e importantíssimo, de educação e instrução é a família. No século II antes de Cristo, em Israel, confirma-se também a existência de outro ambiente educativo dedicado à transmissão do saber: a escola. A dimensão histórica da fé bíblica e o caráter relacional do Deus bíblico — Deus que se liga em aliança ao povo de Israel — dão vida a uma transmissão da fé que tem lugar segundo uma modalidade narrativa e dialógica, e não impessoal nem doutrinal, abstratamente teológica ou dogmática. É uma modalidade que envolve o narrador e o destinatário da narração, ambos «encerrados» na narração e tornados participantes da história narrada. Leitura pública da Tora e ensinamento dos seus conteúdos de viva voz, nos santuários e em família, são os meios didáticos deste ensinamento que também é transmissão da fé e inserção numa história familiar e do povo. Tradição oral, ensinamento de viva voz, leitura pública, narração: estas formas de transmissão da vontade do Senhor abrangem todos, também os analfabetos, aqueles que não sabem ou não podem ler. O Novo Testamento apresenta o próprio Jesus como «mestre». A atividade de ensino de Jesus, que se dirige a doutos e ignorantes, envolve a sua pessoa, assumindo um aspeto de testemunho. Jesus ensina com as palavras, com os gestos, com o seu modo de viver, com a sua pessoa. A sua pessoa é ensinamento, ou antes, é revelação de Deus. Jesus Cristo é o sinal do Pai, «o sacramento de Deus»: «Quem me vê, vê o Pai» (João 14, 9). O ensinamento disposto por Jesus para os crentes de todos os tempos é radical: Jesus ensina a viver. Ele apareceu para «nos ensinar a viver neste mundo» (Tito 2, 12).

Vestir os nús

Jesus está misteriosamente presente naquele que está nu, é preciso sensibilidade para vê-lo. Quando o Senhor esteve nu? Em dois momentos extraordinários: Cristo esteve publicamente nu ao nascer (Lc 2,7) e no Calvário (Mc 15,24), quando foi despido de suas vestes. Ao nascer, foi coberto por Maria, Sua mãe, e ao ser descido da Cruz foi envolvido por panos pelos piedosos José de Arimatéia e Nicodemos e posto nos braços maternos de Sua mãe. Portanto, todas as vezes que vestimos um nu nos tornamos a materna mão da mãe de Deus a cobri-lo e atualizamos este insólito mistério. “… Nu e me vestistes…” (Mt 25,36a). Jesus está em todo aquele que necessita de ajuda para cobrir sua nudez. Estar nu sem dúvida possui um significado profundo, porém se tratando das obras de misericórdia seu sentido é literal. Todas as vezes que vestimos um irmão necessitado, estamos vestindo a Jesus, seja ele um morador de rua, um desabrigado pelas enchentes, um refugiado estrangeiro, um idoso, um doente ou uma criança que não consegue se vestir. Muitas vezes não é falta de agasalho, mas a incapacidade de vestir este agasalho. Quantos indigentes precisam de alguém que lhe cubra, assista e ajude. Neste ano da misericórdia, o Papa convida a Igreja para ser: “Igreja em saída”. Que a Igreja vá ao encontro, ponha-se a serviço, não daqueles que estão longe, mas daqueles que estão perto. Diz ainda o santo Padre em sua primeira Exortação Apostólica Evangelii Gaudium : “Os excluídos continuam a esperar (…) Quase sem nos dar conta, tornamo-nos incapazes de nos compadecer ao ouvir os clamores alheios, já não choramos à vista do drama dos outros, nem nos interessamos por cuidar deles, como se tudo fosse uma responsabilidade de outrem, que não nos incumbe…” (cf. EG. 54) Devemos tomar cuidado com a tentação da indiferença, do consumismo e da ganância, que, como diz o Papa Francisco nos anestesia: “A cultura do bem-estar anestesia-nos, a ponto de perdermos a serenidade se o mercado oferece algo que ainda não compramos, enquanto todas estas vidas ceifadas por falta de possibilidades nos parecem um mero espetáculo que não nos incomoda de forma alguma.” (cf EG. 54) Oração: Perdão Senhor. Deus rico em misericórdia que conhece meus pecados e dissestes: “a caridade cobre uma multidão de pecados” (1 Pd 4,8). Ajuda-me a aprender a partilhar do que tenho, do meu tempo, dos meus bens, de minha capacidade de ajudar aos outros. Dá-me a graça da sabedoria e do discernimento para que eu saiba onde e quando posso fazer o bem. Mostra-me onde estás nu, para que eu possa vestir-te como fizeram as castas mãos de Tua mãe e a piedosas mãos e José de Arimatéia e Nicodemos. Jesus, ouvi-me. Amém.

quarta-feira, 6 de julho de 2016

Papa Francisco: ““As teorias abstratas nos levam às ideologias e as ideologias nos levam a negar que Deus se fez Carne, um de nós!”

Como exceção nesse mês de Julho o Papa recebeu hoje 200 peregrinos franceses, acompanhados por seu Arcebispo, Card. Philippe Barbarin. De fato, franceses desempregados, que vivem nas ruas ou doentes. Em seu discurso fez as seguintes afirmações: “Qualquer que seja a condição de vocês, a sua história ou o peso que carregam é Jesus que nos une. Sejam bem-vindos, sua presença é importante para mim.” “Quando sentirem tudo isso, não se esqueçam que Jesus viveu a mesma experiência. Esta é a prova de que vocês são preciosos e estão no coração da Igreja. Jesus sempre deu prioridade a pessoas como vocês.” “As teorias abstratas nos levam às ideologias e as ideologias nos levam a negar que Deus se fez Carne, um de nós! Porque a vida compartilhada com os pobres nos transforma e nos converte. Pensem bem nisto, eh! E o Ano da Misericórdia é a ocasião para redescobrir e viver esta dimensão de solidariedade, de fraternidade, de ajuda e de apoio recíproco.” “Nós acreditamos num Deus que repara todas as injustiças, que consola todas as penas e sabe recompensar os que mantêm a confiança Nele. À espera deste dia de paz e de luz, a contribuição de vocês é essencial para a Igreja e para o mundo.” “Eu lhes confio a missão de rezar pelos culpados de sua pobreza, para que se convertam! Rezar por tantos ricos que vestem púrpura e escarlate e fazem festa com grandes banquetes, sem perceber que à porta deles há tantos Lázaros desejosos de matar a fome com as sobras de suas refeições. Rezem também pelos sacerdotes, pelos levitas que – ao verem aquele homem meio morto – passam olhando para o outro lado, porque não têm compaixão. A todas essas pessoas, desejem o bem e peçam a Jesus que as convertam. E lhes garanto que, se fizerem isso, haverá grande alegria na Igreja, no coração de vocês e também na amada França”.

Santa Maria Goretti, mártir da castidade… aos 11 anos de idade!

“L’Amore Più Forte” (“O Amor Mais Forte“) é uma belíssima canção composta e interpretada pelo sacerdote alemão pe. Albert Gutberlet, LC. Trata-se de uma meditação sobre o testemunho heroico de pureza da mártir italiana Santa Maria Goretti, que, resistindo a uma tentativa de estupro, foi esfaqueada e morta aos 11 anos de idade, em 1902. A pequena grande santa foi canonizada em 1950. Nesta música, o padre se coloca no lugar do assassino, imaginando-o arrependido e assombrado diante do Amor Mais Forte, maior do que a morte, que vibrava na jovem mártir! O AMOR MAIS FORTE Pe. Albert Gutberlet, LC Mas que loucura! Fiquei fora de mim! Nunca mais vou encontrar essa minha doce paixão! Eras mais forte, e com a tua doçura, a tua ingênua firmeza, disseste “não!” Mas como é que essa frágil inocência não cede à violência? Eu, já descontrolado, para te conquistar, para te dominar, golpeei o teu corpo, derramei o teu sangue, matei o amor! Diz-me por que tu não quiseste! Poderias ter-te rendido a mim! O que é que vês que eu não vejo? Um amor mais forte, maior do que a morte, que vibra em ti! Eu sei, Maria, que voaste para longe, feliz com o teu Deus, e eu continuo sozinho… Eu olho para o céu, depois para as minhas mãos, e vejo o meu pecado… Não sei o que fazer! Mas tu, abençoada, me esqueceste ou me condenaste para sempre? Que pensas tu de mim? Agora vês Aquele a quem amavas! O Amor mais forte, que vence a morte, já vive em ti! Sinto que Deus me rejeita! Eu roubei uma vida, eu matei o amor! Maria, diz que me perdoas! Se implorares ao Senhor, a Ele que é puro amor, Ele me perdoará mais uma vez! Eu vi, nas praças, sem barreiras, os jovens do mundo com olhos como os teus, nos quais brilhava a eterna jovialidade que é a tua pureza, uma estranha em nossa terra… Eu vou com eles em direção a um novo amanhã, a um novo coração e a novas mãos, lavadas no amor! Finalmente entendi que amar é respeitar: mais que desfrutar, o amor quer sempre, sempre dar-se!

segunda-feira, 4 de julho de 2016

Corrigir os que erram

Uma obra de misericórdia espiritual, sem dúvida importante, mas delicada e, às vezes, difícil e espinhosa é corrigir os que erram. Quem nunca errou? Quem está isento de errar? Quanto menos conseguirmos errar, tanto melhor. Nem sempre gostamos de ser corrigidos. O orgulho presente em todo coração humano é a causa de não gostarmos de ser corrigidos, e é, também, a causa de que os outros não gostem de ser corrigidos por nós. Às vezes, a omissão diante de uma correção a fazer pode levar alguém a cometer erros graves que comprometem a sua vida ou a de outros. Essa correção, que é obra de misericórdia espiritual, deve sempre ser feita com o objetivo de auxiliar a pessoa, de tirá-la de um mau caminho, de hábitos errados, de vícios, enfim, daquilo que a pessoa está fazendo, desejando, pensando ou falando que não seja bom para ela e, eventualmente, para os demais. Essa correção sempre deve ser feita na hora certa, com as palavras corretas, com sentimentos de bem querer, de modo que a pessoa corrigida percebe o bem que lhe queremos. Corrigir os que erram, com amor e com vontade de ajudá-los, é uma excelente obra de bondade e de caridade. Quantos erros são evitados graças a essas correções. Sendo uma obra de misericórdia, também essa alcança a promessa de Jesus que disse: “Bem aventurados os misericordiosos porque alcançarão misericórdia”. Não nos omitamos de corrigir quando se trata de ajudar alguma pessoa. Mesmo que seja espinhoso.

Dar de beber a quem tem sede

A segunda obra de misericórdia corporal é “Dar de beber a quem tem sede”. Jesus está misteriosamente presente naquele que perdeu seu direito inalienável de sobrevivência pela falta de água potável. Um dia o Senhor nos falará: “Tive sede e me deste de beber” (Mt 24,35). “Dá-me de beber”(Jo 4,7) Segundo pesquisas quando o ser humano está com sede é porque já passou do ponto de beber água. A água é uma das substâncias mais comuns em nosso planeta, cerca de 71% da superfície da Terra é coberta por água em estado líquido. A água não é apenas importante, mas indispensável para a vida humana, representando cerca de 60% do peso de um adulto. Um ser humano pode ficar semanas sem ingerir alimentos, mas passar de três a cinco dias sem ingerir líquidos pode ser fatal. Essencial para a sobrevivência Diz o Papa Francisco na Carta Encíclica Laudato Si': Na realidade, o acesso à água potável e segura é um direito humano essencial, fundamental e universal, porque determina a sobrevivência das pessoas e, portanto, é condição para o exercício dos outros direitos humanos. (cf. LS n.30), Sem água o ser humano não pode sobreviver e não terá forças para reivindicar seus direitos, o valor da água é insubstituível, por isso, tornou-se motivo de dominação, escravidão e guerra. Que o Senhor nos ensine, como cidadãos comuns, a fazer nossa parte, ajudando a prolongar a vida humana, aumentando assim, para cada homem, a possibilidade de um encontro com Deus, o criador de todas as coisas. “… deixai a vossa luz resplandecer diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem o vosso Pai que está nos céus” (Mt 5, 16). Que o Senhor seja glorificado pelo bem que fizermos e pelas pessoas que atingirmos com este bem.

Devemos estar atentos às novas pobrezas do bem-estar, alerta o Papa

Por Iacopo Scaramuzzi Em um mundo globalizado, no qual as novas formas de pobreza materiais e espirituais se multiplicaram, pede-se que os cristãos “estejam alertas como sentinelas, para que não aconteça que, diante das pobrezas produzidas pela cultura do bem-estar”, caiam na indiferença. As palavras são do Papa Francisco e foram pronunciadas durante a última Audiência extraordinária jubilar antes do recesso de verão, na qual destacou que “as obras de misericórdia não são temas teóricos, mas testemunhos concretos”. Francisco também fez um apelo pelas famílias que sofrem com a falta de trabalho e com a precariedade. O Pontífice recordou sua recente viagem à Armênia e disse aos fiéis que em setembro viajará, como parte da sua viagem ao Cáucaso, à Geórgia e ao Azerbaijão, para impulsionar, entre outras coisas, “esperanças e caminhos de paz”. “Quantas vezes – disse o Papa – durante estes primeiros meses do Jubileu, ouvimos falar das obras de misericórdia! Hoje, o Senhor nos convida a fazer um sério exame de consciência. Fará bem, de fato, não esquecer nunca que a misericórdia não é uma palavra abstrata, mas um estilo de vida. Uma coisa é falar de misericórdia, outra é viver a misericórdia”. O que dá vida à misericórdia, explicou o Papa, “é seu constante dinamismo para ir ao encontro das necessidades de todos os que vivem mal-estar espiritual e material. A misericórdia tem olhos para ver, ouvidos para escutar, mãos para ajudar. A vida cotidiana nos permite tocar com a mão muitas das exigências que afetam os mais pobres e sofridos. Pede-se a nós essa atenção particular que nos leva a nos dar conta do estado de sofrimento e da necessidade em que se encontram tantos irmãos e irmãs”. “Às vezes, prosseguiu o Papa, passamos diante de situações dramáticas de pobreza e parece que estas não nos tocam; tudo continua como se nada fosse, numa indiferença que, ao final, nos torna hipócritas e, sem perceber, acaba numa forma de letargia espiritual em que o ânimo se torna insensível e a vida, estéril. Mas tem gente que passa toda a vida sem nunca perceber as necessidades dos outros, sem ver todas as necessidades espirituais e materiais. São pessoas que passam sem viver, que não servem os outros. Lembrem-se bem: quem não vive para servir, não serve para viver”. Francisco acrescentou: “Quem experimentou na própria vida a misericórdia do Pai não pode permanecer insensível diante das necessidades dos irmãos”. Além disso, o Papa Bergoglio convidou para pensar em quantos são os aspectos da misericórdia de Deus para conosco mesmos, e acrescentou que a causa das mudanças de nosso mundo globalizado, alguns tipos de pobreza, materiais e espirituais, se multiplicaram. Por esta razão, exortou para dar espaço à criatividade da caridade para personalizar as novas modalidades operacionais. Deste modo, indicou o Papa ao concluir a catequese, a via da misericórdia será cada vez mais concreta, motivo pelo qual se pede a nós para que permaneçamos vigilantes como sentinelas para que, diante das pobrezas produzidas pela cultura do bem-estar, o olhar do cristão não se enfraqueça e se torne incapaz de ver o essencial. Por último, o Pontífice recordou sua viagem apostólica à Armênia, o primeiro país a abraçar o cristianismo e que fez de 24 a 26 de junho: “Dou graças ao Senhor pela minha recente viagem à Armênia. Agradeço ao presidente da República, ao Catholicos Karekin II, ao Patriarca e aos Bispos católicos e a todo o povo armênio por me acolher como peregrino de fraternidade e de paz. Se Deus quiser, dentro de três meses, viajarei à Geórgia e ao Azerbaijão. Decidi visitar estes países da região do Cáucaso para apreciar suas antigas raízes cristãs e encorajar a esperança e os caminhos de paz”. O Papa deu também a bênção à estátua de Nossa Senhora da Flor, trazida pelos fiéis de Acquapendente e saudou as religiosas da União das Superioras Maiores da Itália. Depois, saudou especialmente a Associação dos Conselheiros do Trabalho, que iniciam, no dia de hoje, quinta-feira, seu Festival do Trabalho. Para eles foi o alento do Santo Padrepara que promovam “a cultura do trabalho que assegura a dignidade da pessoa humana e bem comum da sociedade, a partir da sua célula, a família”. “É precisamente a família – enfatizou o Papa – que sofre mais as consequências de um mau trabalho: mau por sua escassez e por sua precariedade”. “Vocês, conselheiros do trabalho – prosseguiu o Bispo de Roma –, não têm uma tarefa assistencial, mas de promoção, para que no âmbito nacional e europeu as instituições e os agentes econômicos persigam, de modo concertado, o objetivo da plena e digna ocupação”.