quinta-feira, 7 de julho de 2016

Vestir os nús

Jesus está misteriosamente presente naquele que está nu, é preciso sensibilidade para vê-lo. Quando o Senhor esteve nu? Em dois momentos extraordinários: Cristo esteve publicamente nu ao nascer (Lc 2,7) e no Calvário (Mc 15,24), quando foi despido de suas vestes. Ao nascer, foi coberto por Maria, Sua mãe, e ao ser descido da Cruz foi envolvido por panos pelos piedosos José de Arimatéia e Nicodemos e posto nos braços maternos de Sua mãe. Portanto, todas as vezes que vestimos um nu nos tornamos a materna mão da mãe de Deus a cobri-lo e atualizamos este insólito mistério. “… Nu e me vestistes…” (Mt 25,36a). Jesus está em todo aquele que necessita de ajuda para cobrir sua nudez. Estar nu sem dúvida possui um significado profundo, porém se tratando das obras de misericórdia seu sentido é literal. Todas as vezes que vestimos um irmão necessitado, estamos vestindo a Jesus, seja ele um morador de rua, um desabrigado pelas enchentes, um refugiado estrangeiro, um idoso, um doente ou uma criança que não consegue se vestir. Muitas vezes não é falta de agasalho, mas a incapacidade de vestir este agasalho. Quantos indigentes precisam de alguém que lhe cubra, assista e ajude. Neste ano da misericórdia, o Papa convida a Igreja para ser: “Igreja em saída”. Que a Igreja vá ao encontro, ponha-se a serviço, não daqueles que estão longe, mas daqueles que estão perto. Diz ainda o santo Padre em sua primeira Exortação Apostólica Evangelii Gaudium : “Os excluídos continuam a esperar (…) Quase sem nos dar conta, tornamo-nos incapazes de nos compadecer ao ouvir os clamores alheios, já não choramos à vista do drama dos outros, nem nos interessamos por cuidar deles, como se tudo fosse uma responsabilidade de outrem, que não nos incumbe…” (cf. EG. 54) Devemos tomar cuidado com a tentação da indiferença, do consumismo e da ganância, que, como diz o Papa Francisco nos anestesia: “A cultura do bem-estar anestesia-nos, a ponto de perdermos a serenidade se o mercado oferece algo que ainda não compramos, enquanto todas estas vidas ceifadas por falta de possibilidades nos parecem um mero espetáculo que não nos incomoda de forma alguma.” (cf EG. 54) Oração: Perdão Senhor. Deus rico em misericórdia que conhece meus pecados e dissestes: “a caridade cobre uma multidão de pecados” (1 Pd 4,8). Ajuda-me a aprender a partilhar do que tenho, do meu tempo, dos meus bens, de minha capacidade de ajudar aos outros. Dá-me a graça da sabedoria e do discernimento para que eu saiba onde e quando posso fazer o bem. Mostra-me onde estás nu, para que eu possa vestir-te como fizeram as castas mãos de Tua mãe e a piedosas mãos e José de Arimatéia e Nicodemos. Jesus, ouvi-me. Amém.

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