domingo, 11 de setembro de 2016

Ninguém é irrecuperável

“Não há pecado em que caímos do qual, com a graça de Deus, não podemos nos reerguer”. Para o Papa Francisco, esta é a síntese do Evangelho proposto para este 24º domingo do Tempo Comum. Diante de milhares de fiéis e peregrinos que vieram à Praça São Pedro para rezar a oração mariana do Angelus, o Papa comentou o capítulo 15 do Evangelho de Lucas, considerado o capítulo da misericórdia, que reúne três parábolas com as quais Jesus responde aos murmúrios dos escribas e dos fariseus. Com essas três narrações, afirmou o Pontífice, Jesus quer explicar que Deus é o primeiro a ter em relação aos pecadores uma atitude acolhedora e misericordiosa. Na primeira parábola, Deus é apresentado como um pastor que deixa as 99 ovelhas para ir em busca daquela perdida. Na segunda, é comparado a uma mulher que perdeu uma moeda e a busca até que não a encontra. Na terceira parábola, Deus é imaginado como um pai que acolhe o filho que tinha se afastado. O Santo Padre nota que um elemento comum dessas parábolas é expresso pelos verbos que significam alegrar-se em companhia, festejar. “Esta festa de Deus por aqueles que voltam a Ele arrependidos está em sintonia com o Ano Jubilar que estamos vivendo, como diz o próprio termo jubileu.” “Com essas três parábolas, Jesus nos apresenta a verdadeira face de Deus, um Pai de braços abertos, que trata os pecadores com ternura e compaixão. A parábola que mais comove, porque manifesta o infinito amor de Deus, é a do pai que se lança e abraça o filho reencontrado. O que impressiona nem é tanto a triste história de um jovem que cai em desgraça, mas suas palavras decisivas: ‘Vou-me embora, procurar o meu pai.” A fraqueza de Deus Francisco destacou que o caminho de volta para casa é o caminho da esperança e da vida nova. “Deus nos aguarda com paciência, nos vê quando ainda estamos distantes, corre ao nosso encontro, nos abraça, nos beija e nos perdoa. Assim é Deus. E o seu perdão cancela o passado e nos regenera no amor. Aliás esta é a fraqueza de Deus: quando nos abraça, nos perdoa, perde a memória. Esquece o passado.” Ninguém é irrecuperável Quando nos convertemos Deus nos acolhe novamente em casa com festa e alegria, prosseguiu o Papa. Francisco se dirigiu aos fiéis para perguntar: “Vocês já pensaram que toda vez que nos aproximamos do confessionário há alegria e festa no Céu? Já pensaram nisso? É belo. Isso nos infunde grande esperança, porque não há pecado em que caímos do qual, com a graça de Deus, não podemos nos reerguer; não há uma pessoa irrecuperável, ninguém é irrecuperável! Porque Deus jamais deixa de querer o nosso bem, inclusive quando pecamos!” Ao concluir, o Santo Padre pediu que a Virgem Maria, refúgio dos pecadores, faça brotar nos corações a confiança que se acendeu no coração do filho pródigo: ‘Vou-me embora, procurar o meu pai e dizer-lhe: Pai, pequei.”

quinta-feira, 1 de setembro de 2016

Papa: “atenção às óticas preconceituosas sobre a mulher”

A misericórdia oferece dignidade. Este foi o tema da Audiência Geral do Papa nesta quarta-feira (31/08), na Praça São Pedro. Francisco pontuou sua reflexão com base nas narrações da mulher “cuja fé a salvou”. “Quanta fé, quanta fé tinha esta mulher. Tida como impura por causa das hemorragias e, por isso, excluída das liturgias, da vida conjugal, das normais relações com os demais: era uma mulher descartada pela sociedade”. Este caso nos faz refletir sobre como a mulher seja frequentemente percebida e representada, afirmou o Papa. “Todos devemos prestar atenção, também as comunidades cristãs, para óticas da feminilidade cheias de preconceitos e suspeitas que lesam a intangível dignidade da mulher”, alertou o Pontífice. “Jesus admirou a fé desta mulher que todos evitavam e transformou sua esperança em salvação. Não sabemos o seu nome, mas as poucas linhas com as quais o Evangelho descreve o seu encontro com Jesus delineiam um itinerário de fé capaz de reestabelecer a verdade e a grandiosidade da dignidade de todas as pessoas”. Cristo vê a mulher que se aproxima meio que escondida. Um olhar de misericórdia e ternura que salva. “Isto significa que Jesus não somente a acolhe, mas a considera digna de tal encontro ao ponto de lhe dirigir a sua palavra e sua atenção”. Coragem, filha, tua fé te salvou. Um encorajamento de Cristo que ecoa hoje. “Este ‘coragem, filha’ é a expressão de toda a misericórdia de Deus por aquela mulher e por todas as pessoas descartadas. Quantas vezes nos sentimos interiormente descartados pelos nossos pecados, que tanto fizemos, que tanto fizemos. E o Senhor nos diz: ‘coragem, vem, para mim não és um descartado. Coragem filho, tu és um filho e uma filha’. Este é o momento da graça, do perdão, momento de inclusão na vida de Jesus, da Igreja, de misericórdia. Hoje todos nós, grande ou pequenos pecadores, mas todos somos pecadores, o Senhor nos diz: ‘vem, coragem, não estás mais descartado, eu te abraço, eu te perdoo’. Assim é a misericórdia de Deus. Temos que ter coragem e ir até ele, pedir perdão dos nossos pecados e seguir adiante com coragem como fez esta mulher”. Este abraço de Cristo coloca tudo às claras: “Um descartado sempre faz algo escondido: ou durante toda a vida. Pensemos aos leprosos daquele tempo, ou aos sem-teto de hoje, pensemos aos pecadores, a nós pecadores, sempre fazemos algo às escondidas, como se tivéssemos a necessidade de agir assim porque nos envergonhamos daquilo que somos: e Cristo nos liberta disso, e nos coloca em pé: ‘levanta, vem, em pé”. (Rádio Vaticano)

E quando os pais têm de enterrar seus filhos?

Os pais de Santa Teresinha perderam quatro filhos ao longo da vida. Com seu exemplo eles deixaram, a todos os que sofrem com a morte de seus entes queridos, uma bela lição de como enfrentar o luto e suportar a ausência dos que amamos. Há um ditado comum, repetido especialmente em momentos de luto, de que “os pais não deveriam enterrar seus filhos”. Contrária à lógica da idade, a verdade é que, dado ninguém saber a hora de sua morte, não existe uma ordem convencional para que as coisas aconteçam. Filhos costumam enterrar os pais, é verdade, mas o contrário também procede, e as numerosas famílias de alguns anos atrás conheciam bem esses casos fortuitos. Em meio aos muitos filhos que tinham, era bastante recorrente que um ou dois viessem a falecer no meio do caminho, às vezes por alguma doença precoce, outras vezes por alguma fatalidade, dessas inerentes à condição humana. O fato é que os filhos também morrem e, quando eles se vão, o que resta são a dor e o sofrimento aos pais, desolados por terem de sepultar aqueles que viram nascer e entrar no mundo. Para você que lê este texto, esse fato talvez seja ou uma experiência de vida ou um medo presente, talvez seja o luto de algum amigo ou familiar, ou apenas a cena triste de algum filme ou tragédia da televisão. Independentemente do que seja, é importante que aprendamos a viver esses momentos com coragem — e é o que nos ensinam os santos e santas de Deus, quando também eles perdem os seus entes queridos. O exemplo que trazemos neste texto é, novamente, o do casal São Luís e Santa Zélia Martin, que, antes de dar ao mundo Santa Teresinha do Menino Jesus, perderam não um nem dois, mas quatro filhos. Quando o primeiro menino do casal nasceu, em 20 de setembro de 1866, Luís e Zélia já tinham quatro filhas: Maria, Paulina, Leônia e Helena. “Todas as noites”, a pedido da mãe, “as mãos das pequenitas juntavam-se para pedir a São José um irmãozinho que oferecesse a Hóstia Santa e fosse para terras distantes evangelizar os pagãos” [1]. Pedido aceito e concedido, o menino ganhou o nome do pai de Jesus e foi chamado de José Maria Luís. Cerca de um mês depois, a mãe escrevia a seu irmão Isidoro, não cabendo em si de felicidade: “Nunca nenhum dos meus filhos, a não ser a Maria, nasceu tão bem. Se soubesses como gosto do meu Josezinho! Saiu-me a sorte grande, segundo creio!” [2] Ao marido, ela revelava, com vaidade maternal: “Olha que mãozinhas tão bem feitas! Como há-de ser lindo quando subir ao altar ou ao púlpito!” [3] A alegria da família, no entanto, não duraria muito tempo. Em 14 de fevereiro de 1867, com pouco menos de 6 meses e “em circunstâncias que ficaram ocultas”, José seria o primeiro membro daquela virtuosa família no Céu. Para consolar a mãe, sua irmã visitandina enviava-lhe uma carta em que parafraseava o sofrimento do justo Jó: “Como hei-de eu consolar-te, minha querida irmãzinha? Eu também tenho necessidade de consolação; toda eu tremo, e contudo sinto-me resignada com a vontade de Deus. Ele no-lo deu. Ele no-lo tirou; bendito seja o Seu santo nome!Esta manhã, na Sagrada Comunhão, pedi tanto a Nosso Senhor que não nos levasse aquele menino a quem, aliás, só queríamos criar para a Sua glória e para a conquista das almas! E pareceu-me ouvir interiormente esta resposta: que queria as primícias e que te daria mais tarde outro filho que havia de ser como nós desejamos.” [4] A “profecia” daquela religiosa, que sofria junto com a família, não tardaria a cumprir-se e, em 19 de dezembro do mesmo ano, nove meses depois de fazerem mais uma novena em honra a São José, nascia José Maria João Batista, vindo de um parto doloroso. “É muito forte e muito vivo”, descrevia a mãe, “mas passei um mau bocado e a criança correu os maiores riscos. Sofri durante quatro horas dores tão violentas como nunca sentira. O pobrezinho estava quase asfixiado e o médico batizou-o antes de nascer” [5]. Só por esse relato já se percebe a principal preocupação que tinham São Luís e Santa Zélia Martin com os seus filhos. A morte natural precoce de alguns era para eles muito dolorosa, sem dúvida, mas assegurar o Céu era a prioridade absoluta daquele casal de profunda fé católica. A triste sina do segundo José também não demoraria a manifestar-se, e a mãe bem o pressentia. Três meses de bronquite agravados por uma crise intestinal fariam aquela santa mulher suplicar para que o calvário do filho cessasse logo. Seu pedido foi atendido, como consta nesse bilhete, escrito por ela a 24 de agosto de 1868: “O meu querido Josezinho morreu-me nos braços esta manhã às sete horas; estava eu só com ele. Passou uma noite de cruel sofrimento e eu pedia, com lágrimas, que Nosso Senhor o levasse. Foi um alívio quando o vi dar o último suspiro.” Coroado com rosas brancas, deitado num caixãozinho, a mãe às vezes soluçava ao vê-lo: “Meu Deus! então há-de ir para debaixo da terra?! Mas, visto que assim o quereis, faça-se a Vossa vontade!” Do mosteiro da Visitação vinham mais palavras de alento: “A medida das tuas alegrias há-de ser a que serviu para te medir as aflições. Acredita nisto sem a mais ligeira dúvida: agora semeias nas lágrimas, mas hás-de recolher na abundância da alegria do Senhor!” [6] * O golpe mais duro ainda estava por vir, no entanto. Luís e Zélia teriam de dar adeus a Heleninha, “a preferida de todas”, que contava com apenas 5 anos de idade. A pequena faleceu de repente, a 22 de fevereiro de 1870, “após uma crise que só durou um dia e sem que o médico tivesse adivinhado a gravidade do mal” [7]. É da pena da própria santa que recolhemos este relato comovente de depois da sua morte: “Olhava para ela, tristemente. Nos olhos embaciados já não havia vida e eu pus-me a chorar. Ela, então, rodeou-me o pescoço com os dois bracinhos e consolou-me o melhor que pôde. Durante esse dia dizia constantemente: Minha pobre mãezinha que esteve a chorar!’ Passei a noite ao pé dela: noite muito má. De manhã perguntamos-lhe se queria tomar o caldo; disse que sim, mas que não o podia engolir. Contudo fez um grande esforço, dizendo-me: ‘Se eu o tomar gostas-me mais?’ Tomou-o todo, mas em seguida sofreu horrivelmente e não sabia o que havia de ser dela. Olhava para uma garrafa de remédio que o médico tinha receitado e queria tomá-lo, dizendo que, quando tivesse bebido tudo ficaria curada. Depois, pelas dez menos um quarto, disse-me: ‘Sim, daqui a pouco vou ficar curada… sim, agora mesmo…’ Neste instante, enquanto eu a amparava, a cabecinha tombou-lhe para o meu ombro, os olhos fecharam-se-lhe e daí a cinco minutos já não existia… Senti uma impressão que nunca mais poderei esquecer; não contava com este desenlace repentino e o meu marido também não. Quando chegou a casa e viu a filhinha morta, desatou a soluçar, exclamando: ‘Minha querida Helena! minha querida Helena!’ Depois oferecemo-la ambos a Nosso Senhor… Antes do enterro passei a noite junto da minha querida filhinha que estava ainda mais bela depois de morta do que em vida. Fui eu que a amortalhei e pus no caixão: julguei que morria, mas não queria que outras mãos lhe mexessem.” [8] Ainda em carta à cunhada, um mês depois do acontecido, Santa Zélia revela toda a desolação de sua alma: “Garanto-te que não tenho nenhum apego à vida”, ela escreve. “Tive muita pena dos meus dois rapazinhos, mas a perda desta causou-me ainda maior desgosto. Agora é que eu começava a apreciá-la, tão meiga, tão desenvolvida para a idade! Não se passa um minuto em que não me lembre dela.” [9] Da Visitação vinha, mais uma vez, uma carta de consolação: “O teu coração está como esmagado por uma prensa, mas pela tua conformidade com todas as vontades divinas, sai dele um bálsamo que consola o Coração de Deus” [10]. Ainda mais uma filha o casal veria morrer, e no mesmo ano: Maria Melânia Teresa faleceu sem completar ao menos dois meses de vida. Tendo dificuldades em encontrar uma ama de leite para a menina, Zélia confiou a pequena “a uma mulher que morava na Rua da Barra, em Alençon, e que iludiu vergonhosamente a sua confiança, deixando definhar” a menina [11]. Em vão o casal tentou encontrar uma nova ama e, no dia 8 de outubro de 1870, expirou a infante, para novo luto da família. Os sofrimentos terríveis por que passou a família Martin nesse período seriam recompensados em 1873, com o nascimento de Teresa, a filha que maior glória trouxe à família. Até lá, no entanto, foi necessário que tomassem com coragem a dolorosa cruz da morte, por mais pesada que lhes parecesse. O que consolava o coração daqueles pais e o que pode e deve atenuar o luto de todos aqueles que perdem seus filhos ainda pequenos, é a esperança do Céu. O padre Stéphane Joseph Piat, biógrafo dos pais de Santa Teresinha, ao relatar todos esses fatos da vida do casal, diz que eles, “que conservavam gravadas na retina as feições queridas dos desaparecidos, consagravam-se aos que lhe ficavam, unindo, em magnífica solidariedade, a família terrena e a família que vivia no mundo melhor, sendo esta que protegia a outra” [12]. Assim, à pergunta de muitas famílias que sofrem tentando entender por que Deus leva tão cedo os seus pequeninos, a vida dos Martin talvez ofereça uma resposta, senão satisfatória, ao menos alentadora: essas coisas acontecem para adiantar as moradas de algumas famílias no Céu e fazer intercessores por aqueles que ficam. Essa intercessão, porém, que faz parte da “comunhão dos santos” que é a Igreja, nada tem a ver com evocação dos mortos. Ninguém confunda a piedade desses pais com alguma prática espírita ou superstição pagã, condenadas por Deus já no Antigo Testamento. A devoção que faz Santa Zélia escrever linhas tão puras não é espírita, mas católica: trata-se não de ilusões reencarnacionistas ou de sessões “analgésicas” com o além, mas da fé e da esperança cristãs na vida eterna, as únicas que podem aliviar e confortar verdadeiramente. Depois de perder os quatro filhos, é à sua cunhada que Zélia Martin revela o segredo para enfrentar bem a chegada da morte: “Quando fechava os olhos dos meus filhinhos e os metia no caixão, experimentava uma grande dor, mas sempre conformada. Nunca lamentava os trabalhos e preocupações que tinha sofrido por eles. Muitas pessoas diziam-me: ‘Mais valia não os ter tido’. Mas eu não podia suportar esta maneira de falar. Não pensava que os trabalhos e preocupações pudessem comparar-se com a felicidade eterna dos meus filhos. E depois, eu não os tinha perdido para sempre: a vida é curta e cheia de miséria e havemos de nos encontrar lá em cima.” [13] Ao morrerem aqueles que amamos, saibamos, como souberam Santa Zélia e São Luís, que não perdemos as pessoas para sempre. “A vida é curta e cheia de miséria e havemos de nos encontrar lá em cima” — de uma vez por todas —, com a graça de Deus.

quarta-feira, 31 de agosto de 2016

Considerações sobre Madre Teresa de Calcutá

Algumas linhas sobre a vida e testemunho da encantadora Madre de Calcutá e seu segredo de tanta ternura e caridade. Hoje após ter terminado minha oração pessoal, comecei a ler um livro de espiritualidade que traz a história da vida e ensinamentos de Madre Teresa de Calcutá. Como é belo ver alguém que pregou e viveu a maior virtude de Cristo que é a caridade. Isso toca o nosso coração e renova nossa alma. Essa mulher de espírito tão belo, que foi considerada a primeira dama da caridade, quando em dezembro de 1979 recebeu o prêmio Nobel da Paz, na cidade de Oslo, na Noruega, após ter recebido alto elogio do presidente da ONU, ela disse: “Eu sou somente uma pobre mulher que reza e rezando o Senhor Jesus me enche o coração de amor pelos pobres, assim, posso ama-los com o amor de Deus”. Madre Teresa se considerava como um simples lápis que Deus usava para escrever mensagens de amor. Madre Teresa fundou a congregação das Missionárias e dos Missionários da Caridade, em Calcutá, outubro de 1950, sua congregação tornou-se uma forte corrente de graça no seio da Igreja e pra toda a sociedade, as missionárias e missionários da Caridade, que em sessenta anos, cresceram de modo inimaginável. Madre Teresa influenciou com sua palavra, testemunho e exemplo toda uma geração de cristãos e não cristãos no incentivo à vivencia do amor aos pobres e miseráveis deste mundo. E assim, com sua congregação, ela continua a acolher os pobres para amar-lhes com o amor de Deus e para consolar-lhes com a mais bela e verdadeira notícia “Deus te ama”. A todos ela repetia incansavelmente , Deus é Amor. O Papa João Paulo II no dia da sua beatificação em Outubro de 2003 disse: “Estou pessoalmente grato a esta mulher corajosa, que senti sempre ao meu lado. Ícone do Bom Samaritano, ela ia a toda a parte para servir Cristo nos mais pobres entre os pobres. Nem conflitos, nem guerras conseguiam ser um impedimento para ela. A vida de Madre Teresa recorda a todos que a missão evangelizadora da Igreja passa através da caridade, alimentada na oração e na escuta da palavra de Deus. É emblemática deste estilo missionário a imagem que mostra a nova Beata que, com uma mão, segura uma criança e, com a outra, desfia o Rosário. Contemplação e ação, evangelização e promoção humana: Madre Teresa proclama o Evangelho com a sua vida inteiramente doada aos pobres mas, ao mesmo tempo, envolvida pela graça da oração”. Um jornalista visitando um hospital e, vendo a solicitude e o carinho com que madre Teresa de Calcutá, limpava as feridas de um mendigo, disse, com um lenço no nariz por causa do mau odor: – Irmã, eu não faria isso nem por um milhão de dólares! Então ela levantou os olhos doces e tranquilos para o jornalista e lhe disse: – Eu também não faria por um milhão de dólares. Faço por amor a Deus e a esse meu pobre irmão doente. Recordamos também, o fascinante fato: quando levaram uma mulher numa situação inacreditável, pois foi pisoteada em uma manifestação violenta, Madre Teresa a acolheu com sua grande delicadeza e carinho maternal cuidou dela e limpou suas feridas por horas. A mulher mesmo com toda sua situação triste por causas das feridas perguntou a Madre Teresa: “Irmã, mas porque você faz isso? Nem todos fazem assim, quem lhe ensinou essas coisas? Madre Teresa com docilidade de alma respondeu: “Quem me ensinou foi o meu Deus”. E aquela mulher lhe pediu: “Faça-me conhecer o teu Deus”. Naquele momento a Madre, abraçou-a, e lhe deu uma maravilhosa resposta: “O meu Deus você agora já conhece. O meu Deus se chama Amor”. O segredo de Madre Teresa é o segredo do cristianismo. O nosso segredo é o Deus que nos ama e sendo amados, nos tornamos capazes de fazer o amor acontecer na vida dos outros, de amar aonde estivermos.

Madre Teresa de Calcutá teve visões de Jesus?

A Madre Teresa dialogou e teve visões de Jesus antes de fundar as Missionárias da Caridade, algo que não se soube até a sua morte, um fato que também era ignorado por um dos seus amigos durante 30 anos, o Pe. Sebastian Vazhakala. Em diálogo com o Grupo ACI, o sacerdote missionário da caridade explicou que isto “foi uma grande descoberta”. Em 1997, dois anos depois de sua morte, foi aberta a causa de canonização da religiosa e foram encontrados diversos documentos nos quais foram relatadas estas locuções e visões que a Madre Teresa teve há muitos anos. O período desta profunda experiência foi entre o dia 10 de setembro de 1946 e 3 de dezembro de 1947, quando a Beata ainda permanecia na congregação das Irmãs de Loreto. A Madre Teresa escreveu que um dia, durante a Comunhão, escutou Jesus dizer: “Quero religiosas indianas, vítimas do Meu amor, que sejam Marta e Maria. Que estejam tão unidas a mim que irradiem Meu amor às almas”. Nestas locuções o Senhor instruiu a Madre Teresa para que fundasse as Missionárias da Caridade. Outra coisa que Jesus lhe disse foi: “Venha, seja Minha luz”, que além disso é o título do livro que o postulador da causa de canonização, Pe. Brian Kolodiejchuk, publicou com as cartas privadas da Beata. Em outra visão, Jesus Cristo disse a Madre Teresa que na nova congregação devia haver “freiras livres cobertas com a Minha pobreza da Cruz. Quero freiras obedientes cobertas com a minha obediência na cruz. Quero freiras cheias de amor cobertas com a minha caridade na Cruz”, explica o Pe. Vazhakala. Depois desta época intensa de visões e locuções do Senhor, em 1949, a Madre Teresa começou a experimentar uma “terrível escuridão e secura” em sua vida espiritual, uma etapa que duraria 50 anos, quase até o final da sua vida terrena, um período que na vida de fé é chamado de “noite escura”. Há alguns anos, em uma entrevista concedida a um meio de comunicação espanhol, o Pe. Brian Kolodiejchuk explicou que a “noite escura” é um momento “da vida espiritual no qual a pessoa é purificada antes da união íntima e transformante com Cristo”. “O que entendemos por noite escura foi vivido pela beata quando ainda estava em Loreto, a congregação religiosa onde começou sua entrega a Deus. Os anos 1946-1947 foram de íntima união gozosa e doce com Jesus. ‘Jesus se deu a mim’, diz a Madre em uma das suas cartas. A união da Madre com Jesus foi meio ‘violenta’, profundamente sentida e vivida. Em seguida, ao iniciar a obra com os pobres e a fundação da congregação, veio essa nova e prolongada escuridão, que já não era preparatória de outra etapa espiritual. Esta escuridão ela relata nas cartas aos seus confessores e diretores espirituais.” “Em 1942, a Madre fez um voto de não negar nunca nada a Jesus. Pouco depois foi quando ouviu que Jesus lhe dizia: ‘Venha, seja Minha luz’. No princípio a Madre levava a ‘luz’ a lugares inclusive de absoluta escuridão física: muitos pobres não tinham nem janelas. Aceitou sua escuridão interior para levar a luz a outros. O jesuíta Neuner (um de seus confessores) em 1962 explicou que essa escura noite era o ‘lado espiritual de seu trabalho apostólico’”, explicou o Pe. Kolodiejchuk. No recente diálogo do Pe. Vazhakala com o Grupo ACI, o sacerdote recorda que a Madre Teresa dizia: “se minha escuridão e secura pode ser uma luz para algumas almas, me deixem ser a primeira a fazer isso. Se minha vida, meu sofrimento, vai ajudar a salvar almas, então prefiro sofrer e morrer desde a criação do mundo até o fim dos tempos”. O sacerdote recorda que a religiosa também dizia: “quando eu morrer e for para a casa com Deus, poderei levar mais almas a Ele”. “Não vou dormir no céu, vou trabalhar mais ainda de outra forma”, afirmava. (via ACIdigital)

“Madre Teresa, quando a senhora morrer, o mundo será como antes. O que mudou depois de tanto esforço?”

Em 1979, a Madre Teresa de Calcutá foi a Oslo, Noruega, para receber o Prêmio Nobel da Paz. Recebeu-o com a coroa do Santo Rosário apertada nas mãos – e ninguém, nem mesmo em uma terra estritamente luterana, ousou censurar o seu carinho por Nossa Senhora. Na volta de Oslo, a Madre Teresa passou por Roma, onde vários jornalistas lotaram o pátio exterior da casa humilde das Missionárias da Caridade e foram acolhidos por ela como filhos. A madre, aliás, colocou na mão de cada um deles uma pequena medalha da Imaculada Conceição. Foi aí que um dos jornalistas fez uma pergunta um tanto provocadora: – Madre, a senhora tem setenta anos. Quando morrer, o mundo será como antes. O que mudou depois de tanto esforço? A Madre Teresa poderia ter reagido com um pouco de santa indignação, mas, em vez disto, sorriu luminosamente como se lhe tivessem dado um beijo carinhoso. E respondeu: – Veja, eu nunca pensei que poderia mudar o mundo! Eu só tentei ser uma gota de água limpa em que pudesse brilhar o amor de Deus. Você acha pouco?. O repórter não conseguiu responder. Ao redor da madre, tinha-se criado o silêncio da escuta e da emoção. A Madre Teresa retomou a palavra e pediu ao repórter: – Tente ser você também uma gota limpa e, assim, seremos dois. Você é casado? – Sim, madre. – Peça também à sua esposa, e assim seremos três. Tem filhos? – Três filhos, madre. – Peça também aos seus filhos e assim seremos seis.

quinta-feira, 25 de agosto de 2016

Nossa Senhora da Saudade: uma linda devoção que nasceu no Brasil Nossa Senhora da Saudade relembra a imensa saudade que a Virgem Maria teve de seu Filho, nos três dias em que seu corpo esteve no sepulcro

Nossa Senhora da Saudade relembra a imensa saudade que a Virgem Maria teve de seu Filho, nos três dias incompletos que seu corpo esteve no sepulcro. A devoção a Nossa Senhora da Saudade nasceu em 30 de março de 1918, após a Virgem Maria ter aparecido em sonho para a Irmã Ignez do Sagrado Coração de Jesus, uma das fundadoras do Carmelo de São José, na cidade de Petrópolis, no Rio de Janeiro, onde se encontra sua única, linda e comovente imagem, esculpida em mármore branco. Trata-se, portanto, de uma invocação genuinamente brasileira, “inspirada pelo Alto para, de modo especial, honrar a dor, até então desconhecida, do Imaculado Coração de Maria, durante as 36 horas, ou seja, os três dias incompletos, do encerramento de Jesus no sepulcro”. De acordo com o jornalista Mozart Monteiro, em seu livro “Nossa Senhora da Saudade”, “a devoção da Coroa de Saudades da Rainha dos Mártires foi desde logo apresentada ao eminente teólogo Padre Dr. João Gualberto do Amaral, e por ele examinada. Declarou o ilustre sacerdote ser esta devoção perfeitamente ortodoxa, nada tendo que contrariasse a sã doutrina da Igreja; e acrescentou que o número 36, das horas do sepultamento de Cristo, se encontra no corpo da ‘Suma’, de São Tomás de Aquino – cuja obra é a expressão mais perfeita da ortodoxia católica” (p. 139). Naquela época, a cidade de Petrópolis pertencia à Diocese de Niterói, cujo Bispo, Dom Agostinho Benassi, aprovou a devoção, autorizando a impressão de folhetos com a fórmula da Coroa de Saudades. Como explica Nilza Botelho Megale, no livro Invocações da Virgem Maria no Brasil, “foi então instituída a ‘Coroa da Saudade da Rainha dos Mártires’ (aprovada pelo bispo de Niterói), espécie de terço constituído de três mistérios, cada um constando de um ‘Pai Nosso’ e doze ‘Lembrai-vos’, somando, portanto, esta última oração o número 36, correspondente às horas de sofrimento da Mãe Celestial. Na medalha de Nossa Senhora com que termina a coroa rezam se três ‘Aves Marias’ e uma súplica especial à Rainha dos Mártires”. Com a criação da Diocese de Petrópolis, em 1948, o primeiro Bispo, Dom Manoel Pedro da Cunha Cintra, em decisão arbitrária, proibiu, em 1950, a difusão pelo país da devoção a Nossa Senhora da Saudade, autorizando-a apenas nos limites do Carmelo de São José. A restauração da Liturgia da Semana Santa pelo Papa Pio XII, em 1956, ratificando o luto intenso para o Sábado Santo, antigo Sábado de Aleluia, tornou evidente o martírio da Saudade sofrido pela Mãe Divina durante o sepultamento de Jesus, vindo respaldar o culto a Nossa Senhora da Saudade. A única imagem de Nossa Senhora da Saudade encontra-se na clausura do Carmelo de São José, em Petrópolis. Esculpida em Paris, em mármore Carrara, mede 1,66 m de altura, sem contar o globo terrestre que fica aos pés da Virgem. Foi doada por uma senhora da sociedade, em agradecimento às graças recebidas da Virgem Saudosa. NOSSA SENHORA SAUDADE IMAGEM A imagem representa Maria em tamanho natural, de pé sobre o globo terrestre e com a cabeça ligeiramente inclinada para baixo, encimada por bonita coroa de ouro. Seu semblante docemente triste deixa transparecer um sorriso melancólico. Sua mão esquerda se apoia sobre o peito, trespassado por um punhal de ouro, enquanto com a direita segura a “coroa da Saudade”, também de ouro. Acima da Imagem lê-se a inscrição; “Vinde a Ela, vós todos que sofreis, vós todos que chorais; e Ela vos consolará”. (via Flor do Carmelo)

Jovem assassino francês convertido caminha rumo à beatificação

Na história da Igreja Católica, só houve um outro caso precedente de alguém condenado à pena capital que tenha se convertido e, posteriormente, chegado à honra dos altares: o bom ladrão, crucificado junto a Jesus Cristo, há mais de dois mil anos. Em pleno século XXI, essa história tem grandes chances de se repetir. Trata-se do processo de beatificação do jovem francês Jacques Fesch, que foi guilhotinado em 1957 por matar um policial e ferir outra pessoa durante um roubo. Sua conversão radical aconteceu na prisão, nos meses que antecederam sua morte, aos 27 anos. O precedente único explica a cautela com que o caso do jovem foi apresentado à investigação diocesana, em 1987. O então Arcebispo de Paris, Cardeal Jean Marie Lustiger, orientou uma elaborada reflexão sobre a vida de Fesch e obteve a autorização da Congregação para as Causas dos Santos para abrir formalmente a causa de beatificação em 1993. O processo acaba de concluir sua fase diocesana e segue agora para Roma. "Declarar santo a alguém não significa para a Igreja admirar os méritos dessa pessoa, mas propor um exemplo da conversão de alguém que, independentemente de sua caminhada humana, foi capaz de ouvir a voz de Deus e se arrepender. Não há pecado tão grave que impeça o homem de chegar a Deus, que lhe propõe a salvação", disse o Cardeal Jean quando abriu a investigação. "Espero que, um dia, eu o venere como uma figura da santidade", agregou. A história O jovem nasceu em 6 de abril de 1930, em Saint-Germain-en-Laye. Era filho de um rico banqueiro de origem belga, artista e ateu, distante do filho e infiel à esposa, da qual pediu divórcio. Jacques foi educado na religião católica, mas abandonou a fé aos 17 anos. Aos 21, casou-se no civil com a noiva já grávida. Seu sogro conseguiu um trabalho no banco, período em que teve a vida de um playboy. No entanto, abandonou a esposa e a filha e teve um filho com outra mulher. O crime cometido por Jacques aconteceu em 24 de fevereiro de 1954, quando tentou roubar o cambista Alexandre Sylberstein, com o objetivo de financiar a compra de um barco que o levaria ao longo do Oceano Pacífico. Sylberstein ficou ferido, mas conseguiu apertar o alarme contra roubos. O jovem Fesch chegou a fugir, mas perdeu seus óculos ao longo do percurso. Durante a fuga, Fesch disparou contra um oficial de polícia que o perseguia, Jean Vergne, causando sua morte. Minutos mais tarde foi detido. Assassinar um oficial de polícia era um crime atroz e a opinião pública, inflamada pelos relatos da imprensa, manifestou-se decididamente favorável à sua execução. A Corte de Paris condenou-o à morte em 6 de abril de 1957. A conversão Logo após sua prisão, Jacques era indiferente à sua situação e ridicularizava a fé católica de seu advogado. No entanto, após um ano, o jovem assassino experimentou uma profunda conversão e arrependeu-se profundamente de seu crime. Ele aceitou sua pena e reconciliou-se com a esposa uma noite antes da execução. A última coisa que escreveu em seu diário foi: "Em cinco horas, verei a Jesus". Foi guilhotinado em 1º de outubro de 1957. Após a morte, sua esposa e filha honraram sua memória como exemplo de redenção. No princípio, tal reconhecimento foi depreciado pelo público, mas o trabalho de uma freira carmelita, irmã Véronique, e do padre Augustin-Michel Lemonnier fez com que a família publicasse o diário espiritual que Jacques havia escrito na prisão, páginas que serviram e servem de inspiração para muitas pessoas. Causa controvertida O caso de Jacques foi alvo de controvérsia entre os que pensavam que seus crimes o tornavam indigno como modelo a ser seguido e entre os que ressaltavam a esperança de sua conversão final. "Beatificar a Jacques Fesch não significa reabilitá-lo moralmente, nem dar-lhe um certificado de boa conduta ou um prêmio como a Legião de Honra. Sua conversão foi de ordem espiritual. Beatificar a Jacques Fesch será reconhecer que a comunidade cristã pode rezar a alguém que está ao lado de Jesus", escreveu o teólogo André Manaranche em resposta ao debate. Em 2 de dezembro de 2009, o Vigário-geral de Sua Santidade para a Cidade do Vaticano, Cardeal Angelo Comastri, acompanhou a irmã de Fesch, Monique, durante uma visita a Bento XVI, no Vaticano. Monique confidenciou ao Papa: "Meu irmão e eu nos entendíamos largamente. Quando ele fez oito anos de idade, fui sua madrinha de batismo, e, quando esteve no cárcere, acompanhei de perto sua extraordinária conversão". Junto ao biógrafo Ruggiero Francavilla, Monique mostrou ao Papa algumas das cartas escritas por Jacques enquanto estava na prisão. Na oportunidade, o Cardeal Comastri disse ao jornal L´Osservatore Romano que, quando exercia o cargo de capelão do presídio Regina Coeli, um preso apresentou-lhe a fascinante história de Fesch. "É um testemunho único: jovem descentrado, de rica família, torna-se assassino e é condenado à morte. Tinha 27 anos. No cárcere, vive uma conversão radical, fulgurante, alcançando altos cumes de espiritualidade", disse.

quarta-feira, 17 de agosto de 2016

Confie em Deus, em si mesmo e no trabalho duro

Paige McPherson, 25 anos, atleta olímpica e fenômeno do Taekwondo, está com pressa. É um dia sufocante – todo dia é sufocante em Miami – e McPherson está em uma pausa de seu treinamento para um merecido almoço, entre as práticas que são os últimos vestígios de sua preparação para os Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro. Levamos uma semana para coordenar essa entrevista em meio a sua agenda agitada, esgotante. Eu chamei McPherson para conversar sobre sua competição no Rio, onde ela participa de sua segunda Olimpíada. Há uma ansiedade em sua voz que é evidente, mas suas palavras são leves. Eu adio a interrogá-la sobre os Jogos Olímpicos e pergunto-lhe primeiramente sobre Miami, a cidade em que ela acaba de regressar depois de uma intensa semana de treino de Taekwondo na Grã-Bretanha. “Eu sabia que tinha que mudar para cá, para Miami, se eu quisesse alcançar meu objetivo de ir aos Jogos Olímpicos. Tem sido um sacrifício difícil. Eu não conhecia ninguém quando me mudei. Para realizar um sonho há sempre um sacrifício. E para mim, está aí. Estou indo para minha segunda Olimpíada”. E então sua voz desaparece por um momento. No fundo, há uma comoção, uma enxurrada de atividades. Ouço Paige responder rapidamente a alguém à distância. Muito obrigada. Em seguida, novamente. Obrigada, obrigada. Sua voz figurativamente se vira para mim. “Sinto muito”, ela retorna em silêncio, ao telefone. “Há tantas pessoas aqui”. Da rural Dakota do Sul para as luzes brilhantes de Miami Talvez os cidadãos de Miami, a cidade que McPherson adotou como casa desde 2009, estejam parando-a na rua para lhe desejar boa sorte. McPherson, a mulher que eles chamam McFierce, é apenas uma entre os quatro atletas dos Estados Unidos que irão ao Rio para competir no Taekwondo. Taekwondo, uma arte marcial coreana que evoluiu na década de 1940, tornou-se uma das duas únicas artes marciais asiáticas praticadas nos Jogos Olímpicos em 2000. Em 2012, Paige ganhou bronze nos Jogos Olímpicos de Londres em uma vitória de virada sobre Franka Anic, da Eslovênia, e estabeleceu seu domínio na divisão meio-médio das mulheres do esporte. Com 21 anos, em Londres, Paige estava no temor sobre a magnitude de competir nos Jogos Olímpicos. Enquanto ela se preparava para voltar aos Jogos mais uma vez, quatro anos depois e com um novo nível de experiência, maturidade e equilíbrio, sonhava em transformar esse bronze em ouro. A família Mas McPherson, sempre modesta e impenetravelmente ambiciosa, é também realista; ela está apenas esperando para absorver tudo o que puder com a experiência olímpica. Enquanto ela detalha para mim os destaques de sua infância, que foi muito distante do mundo de Miami, fica perceptível o quanto sua família moldou sua atitude destemida ao competir. Paige McPherson cresceu na cidade rural de Sturgis, Dakota do Sul. Ela era uma parte ativa da grande e diversificada família, dirigida pelos pais Dave e Susan McPherson. Os McPhersons adotaram todos os seus cinco filhos a partir de diversificadas culturas e origens; por esse motivo eles foram muitas vezes carinhosamente chamados de a Família Arco-íris pelos vizinhos. Paige é afro-americana e filipina, seus dois irmãos, Aaryn e Graham, fazem parte dos nativos americanos. Seu outro irmão, Evan, é coreano, e sua irmã, Hannah, veio do Caribe. McPherson afirma que foi essa singularidade que a formou como pessoa – e a atleta que ela é hoje. “Eu fui adotada em uma família muito diversificada. Com nós cinco vindo de todo o mundo, eu cresci aprendendo a me ajustar a certos tipos de situações e personalidades. Essa é uma das coisas que eu amei no Taekwondo – quão diversificado e dinâmico que é”. NEW YORK - SEPTEMBER 10: Paige McPherson bronz medal winner in Taekwondo at the 2012 Summer Olympic games poses during the WNBA Inspiring Women Luncheon at Pier Sixty at Chelsea Piers on September 10, 2012 in New York City. (Photo by Rob Tringali/Getty Images) Foi seu irmão mais velho, Evan, que começou no Taekwondo alguns anos à frente dela, o que primeiro despertou o interesse de Paige pelo esporte. “Eu ser a irmã mais nova, eu sempre quis fazer o que meu irmão mais velho fazia. Começou oficialmente quando eu tinha sete anos. Fui expulsa várias vezes porque eu era muito arisca, mas eu voltei mais calma. Foi, eventualmente, onde aprendi sobre respeito, integridade, perseverança – todas as coisas que me ajudam em outras áreas agora”. Depois de alguns anos de estudo dos fundamentos do Taekwondo, tornou-se evidente a seus treinadores e família que Paige tinha uma capacidade inata para o esporte. No ensino médio, seu atual treinador, Juan Miguel Moreno, deu a McPherson e sua família um pouco da maravilhosa e difícil verdade: se Paige quisesse competir em nível nacional no Taekwondo, mudar-se para Miami para treinar nas instalações da equipe nacional, a Peak Performance, seria o próximo passo essencial. Apesar de ter sido uma decisão angustiante para Paige, ela sabia o que tinha de fazer para ver seus sonhos se tornarem realidade. “Eu acredito que o Taekwondo foi um talento dado por Deus para mim”. O relacionamento de McPherson com Deus é o que ela muitas vezes invoca para guiá-la através de alguns dos seus momentos mais difíceis. É a sua fé na direção Dele que lhe dá um forte sentimento de paz quando ela pisa no tatame, mesmo no fervor da competição. Toda a preparação – duas vezes por dia, de cinco a seis dias por semana, a solidão de se afastar de sua família e amigos, a agenda de viagens e competições, que faz outros em seu esporte desistir ou desmoronar em meio à cansativa luta – ela sabe que tudo tem um propósito em ajudá-la a ter sucesso. Mas ela diz que é a presença de Deus em sua vida que firmemente consolida sua força e sucesso. “Eu fiz o que deveria fazer. Estou aprendendo, porém, que há certas coisas que eu simplesmente não posso controlar, e é aí que eu entrego a Ele”. Por causa disso, McPherson batalha mais a ansiedade que leva a uma competição do que ela faz no dia da luta. No dia de uma grande luta, ela depende tanto da sua fé como da sua formação e habilidade. “Deus tem definitivamente mostrado que Ele tem um plano para mim, tudo o que posso fazer é confiar Nele, dar tudo de mim. Em muitas competições eu me entreguei nas mãos de Deus”. Finalmente perguntei a ela sobre o Rio, o que ela antecipa para estes Jogos Olímpicos esta semana, que será diferente da primeira vez. “Desta vez eu estou um pouco mais focada, eu sei o que esperar. Estou trabalhando tão duro quanto posso para vencer”. É difícil imaginar McPherson derrotada. Antes de terminar a nossa conversa, pergunto se ela tem algo que gostaria de compartilhar. Ela não hesita. “Eu tenho uma mensagem que é realmente útil. É confiar em Deus, confiar em si mesmo e confiar no trabalho duro”. Esta frase parece caracterizar Paige McPherson, a atleta e a pessoa, com sucinta profundidade. E depois de ouvir o furor em sua voz e a determinação em suas palavras, é impossível não imaginar que ela possa ganhar o ouro nestas Olimpíadas. Mas ainda é cedo para saber o que vai acontecer esta sexta-feira, no Rio de Janeiro, para Paige McPherson e suas notáveis concorrentes. Texto Original: http://forher.aleteia.org/articles/rio-interview-olympian-paige-mcpherson-trust-god-trust-trust-grind/

Francisco: Jesus não faz nada pela metade

O Papa refletiu sobre o milagre da multiplicação dos pães na Audiência geral desta quarta-feira (17/08). Diante de milhares de pessoas que lotaram a Sala Paulo VI, Francisco afirmou: “Assim era Jesus, sempre com a compaixão. Sempre pensando nos outros”. O Papa destacou uma reação de Jesus diante da multidão: “Jesus não é frio, não tem um coração frio. Jesus é capaz de se comover”, disse o Pontífice. Silêncio Todavia – recordou o Papa – mesmo sentindo-se ligado à multidão e sem querer que essa vá embora, Cristo tem necessidade de momentos de solidão, “de oração com o Pai: e muitas vezes passa a noite rezando com seu Pai”, disse Francisco. E, assim, mais uma vez, Jesus se dedica ao povo. “A sua compaixão não é um sentimento vago; mostra toda a força da Sua vontade de estar próximo a nós e de nos salvar”. “Nos ama muito, Jesus, e quer estar próximo a nós”, refletiu o Pontífice. Nascer e renascer Ao reiterar que o “Senhor vai ao encontro das necessidades do homem”, mas que, todavia, quer que cada um de nós participe concretamente da sua compaixão, o Papa traçou um paralelo entre o milagre dos pães e a Eucaristia. “A comunidade cristã nasce e renasce continuamente desta comunhão eucarística” – prosseguiu o Papa – “Jesus quer chegar a todos, para levar a todos o amor de Deus. Por isso, faz de cada fiel um servidor da misericórdia”. “Assim, Jesus vê a multidão, sente compaixão, multiplica os pães – e o mesmo faz com a Eucaristia – e nós fiéis que recebemos este dom, somos incentivados por Jesus a levar este serviço aos outros, com a mesma compaixão de Jesus”. Tudo! O Papa então conclui sua reflexão recordando que todos ficaram saciados. “Quando Jesus com a sua compaixão, com o seu amor nos dá uma graça, perdoa os nossos pecados, nos abraça, nos ama, nunca faz pela metade. Tudo! Como aconteceu aqui. Todos se saciaram. Jesus preenche o nosso coração, a nossa vida, do seu perdão, da sua compaixão”. (Rádio Vaticano) COMPARTI

quarta-feira, 10 de agosto de 2016

ABC do amor do Papa Francisco inspirado na Madre Teresa de Calcutá

Oração, caridade, misericórdia, família e jovens: estas são as palavras-chaves do Papa Francisco para definir do legado da Madre Teresa de Calcutá, como segredos de uma vida feliz e realizada. A poucos meses de sua canonização, a Madre Teresa é a protagonista de um livro que reúne dois pronunciamentos inéditos da missionária em encontros com jovens e religiosas em 1973, em Milão. O autor do prefácio do livro é o Papa Francisco, que santificará a missionária da caridade no próximo dia 4 de setembro, no Vaticano. Sua reflexão sobre o texto se resume em cinco palavras: oração, caridade, misericórdia, família e jovens. Dirigindo-se precisamente aos jovens, com quem se reúne esta semana na JMJ de Cracóvia, o Papa convida a serem “construtores de pontes para romper a lógica da divisão, do rechaço, do medo dos outros” e “colocarem-se a serviço dos pobres”. “Não deixem que lhes roubem o futuro”, exorta. No livro, Madre Teresa afirma que “a doença mais grave não é a lepra ou a tuberculose, mas a solidão. Ela é a causa de desordens, divisões e guerras”. No início do prefácio, o Papa lembra que “a Igreja não é uma ONG; as ONGs trabalham para projetos e nós trabalhamos para Alguém. A Igreja trabalha para Cristo e para os pobres nos quais Cristo vive, nos estende a mão, invoca ajuda, pede o nosso olhar misericordioso, a nossa ternura”.

Papa Francisco: O olhar de Jesus ultrapassa os defeitos e vê a pessoa

Viagem do Papa Francisco à Polônia – JMJ 2016 Missa de Envio da Jornada Mundial da Juventude Campus Misericordiae Domingo, 31 de julho de 2016 wyd2016 Queridos jovens, viestes a Cracóvia para encontrar Jesus. E o Evangelho de hoje fala-nos precisamente do encontro entre Jesus e um homem, Zaqueu, em Jericó (cf. Lc 19, 1-10). Aqui, Jesus não Se limita a pregar ou a saudar alguém, mas quer – diz o Evangelista – atravessar a cidade (cf. v. 1). Por outras palavras, Jesus deseja aproximar-Se da vida de cada um, percorrer o nosso caminho até ao fim, para que a sua vida e a nossa se encontrem verdadeiramente. E assim acontece o encontro mais surpreendente, o encontro com Zaqueu, o chefe dos «publicanos», isto é, dos cobradores de impostos. Zaqueu era, pois, um rico colaborador dos odiados ocupantes romanos; era um explorador do seu povo, alguém que, pela sua má reputação, não podia sequer aproximar-se do Mestre. Mas o encontro com Jesus muda a sua vida, como sucedeu ou pode sucede cada dia com cada um de nós. Entretanto Zaqueu teve de enfrentar alguns obstáculos para encontrar Jesus: pelo menos três, que podem dizer algo também a nós. O primeiro é a baixa estatura: Zaqueu não conseguia ver o Mestre, porque era pequeno. Também hoje podemos correr o risco de ficar à distância de Jesus, porque não nos sentimos à altura, porque temos uma baixa opinião de nós mesmos. Esta é uma grande tentação, que não tem a ver apenas com a autoestima, mas toca também a fé. Porque a fé diz-nos que somos «filhos de Deus; e, realmente, o somos» (1 Jo 3, 1): fomos criados à sua imagem; Jesus assumiu a nossa humanidade, e o seu coração não se afastará jamais de nós; o Espírito Santo deseja habitar em nós; somos chamados à alegria eterna com Deus. Esta é a nossa «estatura», esta é a nossa identidade espiritual: somos os filhos amados de Deus, sempre. Compreendeis então que não aceitar-se, viver descontentes e pensar de modo negativo significa não reconhecer a nossa identidade mais verdadeira? É como voltar-se para o outro lado enquanto Deus quer pousar o seu olhar sobre mim, é querer apagar o sonho que Ele tem para mim. Deus ama-nos assim como somos, e nenhum pecado, defeito ou erro Lhe fará mudar de ideia. Para Jesus – assim nos mostra o Evangelho –, ninguém é inferior e distante, ninguém é insignificante, mas todos somos prediletos e importantes: tu és importante! E Deus conta contigo por aquilo que és, não pelo que tens: a seus olhos, não vale mesmo nada a roupa que vestes ou o celular que usas; não Lhe importa se andas na moda ou não, importas-Lhe tu. A seus olhos, tu vales; e o teu valor é inestimável. Quando acontece na vida diminuirmo-nos em vez de nos enobrecermos, pode ajudar-nos esta grande verdade: Deus é fiel em amar-nos, até mesmo obstinado. Ajudar-nos-á pensar que Ele nos ama mais do que nos amamos nós mesmos, que crê em nós mais de quanto acreditamos nós mesmos, que sempre nos apoia como o mais irredutível dos nossos fãs. Sempre nos aguarda com esperança, mesmo quando nos fechamos nas nossas tristezas e dores, remoendo continuamente as injustiças recebidas e o passado. Mas, afeiçoar-nos à tristeza, não é digno da nossa estatura espiritual. Antes pelo contrário; é um vírus que infecta e bloqueia tudo, que fecha todas as portas, que impede de reiniciar a vida, de recomeçar. Deus, por seu lado, é obstinadamente esperançoso: sempre acredita que podemos levantar-nos e não Se resigna a ver-nos apagados e sem alegria. Porque somos sempre os seus filhos amados. Lembremo-nos disto, no início de cada dia. Far-nos-á bem dizê-lo na oração, todas as manhãs: «Senhor, agradeço-Vos porque me amais; fazei-me enamorar da minha vida». Não dos meus defeitos, que hão de ser corrigidos, mas da vida, que é um grande dom: é o tempo para amar e ser amado. Zaqueu tinha um segundo obstáculo no caminho do encontro com Jesus: a vergonha paralisadora. Podemos imaginar o que se passou no coração de Zaqueu antes de subir àquele sicómoro: terá havido uma grande luta; por um lado, uma curiosidade boa, a de conhecer Jesus; por outro, o risco de fazer triste figura. Zaqueu era uma figura pública; sabia que, tentando subir à árvore, se faria ridículo aos olhos de todos: ele, um líder, um homem de poder. Mas superou a vergonha, porque a atração de Jesus era mais forte. Tereis já experimentado o que acontece quando uma pessoa se nos torna tão fascinante que nos enamoramos: então pode suceder fazermos voluntariamente coisas que de outro modo nunca teríamos feito. Algo semelhante aconteceu no coração de Zaqueu, quando sentiu que Jesus era tão importante que, por Ele, estava pronto a tudo, porque Ele era o único que poderia retirá-lo das areias movediças do pecado e da infelicidade. E assim a vergonha que paralisa não levou a melhor: Zaqueu – diz o Evangelho – «correndo à frente, subiu» e depois, quando Jesus o chamou, «desceu imediatamente» (vv 4.6). Arriscou e colocou-se em jogo. Aqui está também para nós o segredo da alegria: não apagar a boa curiosidade, mas colocar-se em jogo, porque a vida não se deve fechar numa gaveta. Perante Jesus, não se pode ficar sentado à espera de braços cruzados; a Ele que nos dá a vida, não se pode responder com um pensamento ou com uma simples «mensagem». Queridos jovens, não vos envergonheis de Lhe levar tudo, especialmente as fraquezas, as fadigas e os pecados na Confissão: Ele saberá surpreender-vos com o seu perdão e a sua paz. Não tenhais medo de Lhe dizer «sim» com todo o entusiasmo do coração, de Lhe responder generosamente, de O seguir. Não vos deixeis anestesiar a alma, mas apostai no amor formoso, que requer também a renúncia, e um «não» forte ao doping do sucesso a todo o custo e à droga de pensar só em si mesmo e nas próprias comodidades. Depois da baixa estatura e da vergonha incapacitante, houve um terceiro obstáculo que Zaqueu teve de enfrentar, não dentro de si mesmo, mas ao seu redor. É a multidão murmuradora, que primeiro o bloqueou e depois criticou-o: Jesus não devia entrar na casa dele, na casa dum pecador. Como é difícil acolher verdadeiramente Jesus! Como é árduo aceitar um «Deus, rico em misericórdia» (Ef 2, 4)! Poderão obstaculizar-vos, procurando fazer-vos crer que Deus é distante, rígido e pouco sensível, bom com os bons e mau com os maus. Ao contrário, o nosso Pai «faz com que o Sol se levante sobre os bons e os maus» (Mt 5, 45) e convida-nos a uma verdadeira coragem: ser mais fortes do que o mal amando a todos, incluindo os inimigos. Poderão rir-se de vós, porque acreditais na força mansa e humilde da misericórdia. Não tenhais medo, mas pensai nas palavras destes dias: «Felizes os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia» (Mt 5, 7). Poderão considerar-vos sonhadores, porque acreditais numa humanidade nova, que não aceita o ódio entre os povos, não vê as fronteiras dos países como barreiras e guarda as suas próprias tradições, sem egoísmos nem ressentimentos. Não desanimeis! Com o vosso sorriso e os vossos braços abertos, pregais esperança e sois uma bênção para a única família humana, que aqui tão bem representais. Naquele dia, a multidão julgou Zaqueu, mediu-o de cima a baixo; mas Jesus fez o contrário: levantou o olhar para ele (v. 5). O olhar de Jesus ultrapassa os defeitos e vê a pessoa; não se detém no mal do passado, mas entrevê o bem no futuro; não se resigna perante os fechamentos, mas procura o caminho da unidade e da comunhão; único no meio de todos, não se detém nas aparências, mas vê o coração. Com este olhar de Jesus, vós podeis fazer crescer outra humanidade, sem esperar louvores, mas buscando o bem por si mesmo, felizes por conservar o coração limpo e lutar pacificamente pela honestidade e a justiça. Não vos detenhais à superfície das coisas e desconfiai das liturgias mundanas do aparecer, da maquiagem da alma para parecer melhor. Em vez disso, instalai bem a conexão mais estável: a de um coração que vê e transmite o bem sem se cansar. E aquela alegria que gratuitamente recebestes de Deus, gratuitamente dai-a (cf. Mt 10, 8), porque muitos esperam por ela e esperam de vocês. Ouçamos, por fim, as palavras de Jesus a Zaqueu, que parecem ditas de propósito para nós hoje: «Desce depressa, pois hoje tenho de ficar em tua casa» (v. 5). Jesus dirige-te o mesmo convite: «Hoje tenho de ficar em tua casa». A JMJ – poderíamos dizer – começa hoje e continua amanhã, em casa, porque é lá que Jesus te quer encontrar a partir de agora. O Senhor não quer ficar apenas nesta bela cidade ou em belas recordações, mas deseja ir a tua casa, habitar a tua vida de cada dia: o estudo e os primeiros anos de trabalho, as amizades e os afetos, os projetos e os sonhos. Como Lhe agrada que tudo isto seja levado a Ele na oração! Como espera que, entre todos os contatos e os chat de cada dia, esteja em primeiro lugar o fio de ouro da oração! Como deseja que a sua Palavra fale a cada uma das tuas jornadas, que o seu Evangelho se torne teu e seja o teu «navegador» nas estradas da vida! Ao pedir para ir a tua casa, Jesus – como fez com Zaqueu – chama-te por nome. Jesus nos chama a todos pelo nome. O teu nome é precioso para Ele. O nome de Zaqueu evocava, na linguagem da época, a recordação de Deus. Fiai-vos na recordação de Deus: a sua memória não é um «disco rígido» que grava e armazena todos os nossos dados, mas um coração terno e rico de compaixão, que se alegra em eliminar definitivamente todos os nossos vestígios de mal. Tentemos, também nós agora, imitar a memória fiel de Deus e guardar o bem que recebemos nestes dias. Em silêncio, façamos memória deste encontro, guardemos a recordação da presença de Deus e da sua Palavra, reavivemos em nós a voz de Jesus que nos chama por nome. Assim rezemos em silêncio, fazendo memória, agradecendo ao Senhor que aqui nos quis e encontrou.

Entrevista com o diabo

Nem o diabo é ateu, pois ele viu Deus. Mas uma coisa é certa: a maior armadilha do diabo é fazer crer que ele mesmo não existe. Por isso ele se esconde, não quer aparecer apesar do seu desejo profundo: ser “senhor” deste mundo. Se ele aparecesse tal como é, os homens veriam que ele existe e se converteriam: e isso o demônio jamais quereria. Por isso, se aparecesse, o diabo aparentaria um “homem bom”, que atraísse o maior número de pessoas para as suas falsas doutrinas – muito bem pensadas e articuladas. ENTREVISTA COM O DIABO Quem o criou? Lúcifer: Fui criado pelo próprio Deus, bem antes da criação do homem (cf. Ezequiel 28,15). Como você era quando foi criado? Lúcifer: Vim à existência já na forma completa e, como Adão, não tive infância. Eu era um símbolo de perfeição, cheio de sabedoria e formosura e minhas “vestes” foram preparadas com pedras preciosas (cf. Ezequiel 28,12-13). Onde você morava? Lúcifer: No Jardim do Éden e caminhava no brilho das pedras preciosas do monte Santo de Deus (cf. Ezequiel 28,13). Qual era sua função no Reino de Deus? Lúcifer: Como serafim, minha função era guardar a Glória de Deus e conduzir os louvores dos anjos. Varri, com minha cauda, um terço deles e os atirei à terra (cf. Ezequiel 28,14; Apocalipse 12,4). Alguma coisa faltava a você? Lúcifer (reflexivo, diminui o tom de voz): Não, nada! O que aconteceu que o afastou da função de maior honra que um anjo poderia ter? Lúcifer: Não aconteceu de repente. Um dia eu me vi, como num espelho, e percebi que sobrepujava os outros anjos (talvez não a Miguel ou Gabriel) em inteligência, beleza e força. Comecei então a desejar ser adorado como deus. Do desejo passei à revolta contra Deus, com o brado “Non serviam” (Não servirei). Travei, com meus sequazes, uma enorme batalha no Céu, contra São Miguel e seus seguidores. Num determinado instante fomos precipitados para a terra e para o inferno, expulsos do Santo Monte de Deus (cf. Isaías 14,13-14; Ezequiel 28,15-17). O que detonou finalmente a sua rebelião? Lúcifer: Quando percebi que Deus estava para criar alguém semelhante a Ele e, por consequência, superior a mim, não consegui aceitar. Manifestei então os verdadeiros propósitos do meu espírito (cf. Isaías 14,12-14). O que aconteceu com os anjos seus sequazes? Lúcifer: Eles me seguiram e também foram expulsos. Formamos, juntos, o império das trevas (cf. Apocalipse 12,3-4). Como encaras o homem? Lúcifer (raivoso): Tenho ódio de toda criatura humana e faço tudo para perdê-las, porque eu as invejo. Eu é que deveria ser semelhante a Deus (cf. 1Pedro 5,8). Quais são suas estratégias para perder os homens? Lúcifer: Meu objetivo maior é afastá-los de Deus. Eu os estimulo a praticarem o mal e confundo suas ideias com um mar de filosofias, pensamentos e religiões cheias de mentiras, misturadas com algumas verdades. Envio meus mensageiros travestidos, para confundir aqueles que querem buscar a Deus. Torno a mentira parecida com a verdade, induzindo o homem ao engano e a ficar longe de Deus, achando que está perto. E tem mais. Faço com que a verdadeira mensagem de Jesus Cristo pareça anacrônica, tento estimular o orgulho, a soberba, o egoísmo, a inimizade e o ódio dos homens. Trabalho arduamente com o meu séquito para desvirtuar e enfraquecer a verdadeira Igreja, lançando divisões, desânimo, adultério, mágoas, friezas espirituais, avareza e falta de dedicação (ri descaradamente). Tento destruir a vida dos pastores, principalmente com o sexo, a ingratidão, a falta de tempo para Deus e o orgulho. (cf. I Pedro 5,8; Tiago 4,7; Gálatas 5,19-21; I Coríntios 3,3; II Pedro 2,1; II Timóteo 3,1-8; Apocalipse 12,9). E sobre o futuro? Lúcifer (com o semblante de ódio): Eu sei que não posso vencer a Deus e por fim irei definitivamente ao lago de fogo, minha prisão eterna. Eu e meus anjos trabalharemos com afinco para levarmos o maior número possível de pessoas conosco (cf. Ezequiel 28,19; Judas 6; Apocalipse 20,10-15). Autor Desconhecido _______________________ Publicado pelo blog Almas Castelos

quinta-feira, 4 de agosto de 2016

ABC do amor do Papa Francisco inspirado na Madre Teresa de Calcutá

Oração, caridade, misericórdia, família e jovens: estas são as palavras-chaves do Papa Francisco para definir do legado da Madre Teresa de Calcutá, como segredos de uma vida feliz e realizada. A poucos meses de sua canonização, a Madre Teresa é a protagonista de um livro que reúne dois pronunciamentos inéditos da missionária em encontros com jovens e religiosas em 1973, em Milão. O autor do prefácio do livro é o Papa Francisco, que santificará a missionária da caridade no próximo dia 4 de setembro, no Vaticano. Sua reflexão sobre o texto se resume em cinco palavras: oração, caridade, misericórdia, família e jovens. Dirigindo-se precisamente aos jovens, com quem se reúne esta semana na JMJ de Cracóvia, o Papa convida a serem “construtores de pontes para romper a lógica da divisão, do rechaço, do medo dos outros” e “colocarem-se a serviço dos pobres”. “Não deixem que lhes roubem o futuro”, exorta. No livro, Madre Teresa afirma que “a doença mais grave não é a lepra ou a tuberculose, mas a solidão. Ela é a causa de desordens, divisões e guerras”. No início do prefácio, o Papa lembra que “a Igreja não é uma ONG; as ONGs trabalham para projetos e nós trabalhamos para Alguém. A Igreja trabalha para Cristo e para os pobres nos quais Cristo vive, nos estende a mão, invoca ajuda, pede o nosso olhar misericordioso, a nossa ternura”. “Amemos quem não é amado” está sendo publicado na Itália pela Editora Missionária Italiana (EMI), tem 96 páginas e custa 8,55 euros. (via Rádio Vaticano)

Estado Islâmico responde ao Papa: nossa religião é da guerra e nós te odiamos

O grupo terrorista Estado Islâmico saiu publicamente para rejeitar as declarações do Papa Francisco de que a guerra travada por terroristas islâmicos não é de natureza religiosa. A publicação assegura ao pontífice que sua única motivação é religiosa e foi sancionada por Deus no Alcorão. Na mais recente edição da Dabiq, a revista de propaganda do Estado Islâmico, o ISIS critica Francisco por sua ingenuidade no apego à convicção de que os muçulmanos querem paz e que os atos de terror islâmicos são motivados por finalidades economicas. “Esta é uma guerra divinamente garantida entre a nação muçulmana e as nações dos infiéis”, afirmam os autores em um artigo intitulado “By the Sword. (Pela Espada)” O Estado Islâmico ataca diretamente o pontífice por afirmar que “autêntico Islã e uma leitura adequada do Alcorão se opõem a todas as formas de violência”. Segundo a publicação, fazendo isso “Francisco continua a esconder-se atrás de um véu enganador de ‘boa vontade’, escondendo suas reais intenções de pacificar a nação muçulmana “. O Papa Francisco “tem lutado contra a realidade” em seus esforços para retratar o Islã como uma religião de paz, insiste reiteradamente o artigo. Ao mesmo tempo, a publicação do ISIS pede a todos os muçulmanos para pegar a espada da jihad, a “maior obrigação de um verdadeiro muçulmano” contra os infiéis. O artigo lamenta que apesar da natureza obviamente religiosa de seus ataques, “muitas pessoas nos países das cruzadas (países ocidentais) expressam choque e até mesmo repugnância pelo fato da liderança do Estado Islâmico ‘usar a religião para justificar a violência… De fato, jihad – espalhando a regra de Deus pela espada – é uma obrigação encontrada no Alcorão que é a palavra de nosso Senhor”, relembra o artigo. “Derramar o sangue dos descrentes é uma obrigação comum. O comando é claro: Matar os descrentes, como disse Allah, ‘Então matar os idólatras onde quer que você encontre-los. ” O Estado Islâmico também reagiu à descrição do Papa Francisco de recentes atos de terror islâmico como “violência sem sentido”, insistindo que não há nada de absurdo nisso. “A essência da questão é que há uma rima para o nosso terrorismo, guerra, crueldade e brutalidade”, eles declaram, acrescentando que o seu ódio para o Ocidente cristão é absoluta e implacável. O fato é que mesmo se vocês (nações ocidentais) não nos bombardeassem, aprisionassem, não nos torturassem, nos difamassem e não usurpassem nossas terras, temos que continuar a odiar vocês. Nossa principal razão para odiar vocês não vai deixar de existir até que vocês abracem o Islã. Mesmo que vocês sejam submetidos a pagar jizyah [imposto para infiéis] e viver sob a autoridade do Islã na humilhação, gostaríamos de continuar a odiá-los. Em uma recente conferência de imprensa no avião de volta da Polônia, o Santo Padre disse aos jornalistas que o mundo está em guerra. “Mas é uma guerra real, não uma guerra religiosa”, disse o pontífice. (via FidesPress)

quarta-feira, 27 de julho de 2016

perdoar as injurias sofridas:

O Papa Francisco disse: “não se pode viver sem perdão”. Realmente o perdão é essencial para o ser humano, perdoar e sentir-se perdoado produz grande liberdade interior para a pessoa. O que é injuria: A palavra Injúria significa: insulto, ofensa, invasão dos direitos, injustiça, falsidade. No Direito consiste em atribuir a alguém qualidade negativa, que ofenda sua honra, dignidade ou decoro. É um crime que equivale em ofender verbalmente, por escrito ou fisicamente (injúria real), a dignidade ou o decoro de alguém, ofendendo o moral, abatendo o ânimo da vítima. A quinta obra de misericórdia nos chama a perdoar as injúrias, ou seja, dar o perdão para todo e qualquer tipo de ofensa, mesmo aquelas que continuam nos machucando. Motivos para perdoar as injurias sofridas: A maioria dos problemas tem origem na falta de perdão, ele gera doenças, ansiedade, angustia, medo, etc. Desta forma podemos compreender porque Jesus enfatiza tanto a importância do perdão. Pedro aproxima-se de Jesus e pergunta: “Senhor, quantas vezes devo perdoar meu irmãos, quando ele pecar contra mim? Até sete vezes?” O número sete na Bíblia significa infinitas vezes (Mt 18,21). Diante deste questionamento Jesus declara que devemos perdoar “setenta vezes sete”, isto é, um número infinito de vezes. Devemos perdoar sempre. (Mt 18, 22). Quando os discípulos perguntaram a Jesus como deveriam orar, Jesus responde que deveriam perdoar como são perdoados (Mt 6,12), isto é, se não perdoamos a oração fere mais do que cura. É o único aspecto do Pai Nosso que Jesus comenta: “Porque, se perdoardes aos homens as suas ofensas, vosso Pai celeste também vos perdoará”(Mt 6, 14-15). É a insistência no perdão e no passar a diante este perdão. Ele nos foi dado no derramamento do seu sangue no calvário. Porque nós recusamos o perdão a alguém? Geralmente de forma mais ou menos inconsciente queremos controlar os que nos feriram, castigando-os e, desta forma nos proteger de sofrimento maior, e atingir a consciência do outro. Mas a reação não será a esperada. Quando tentamos manipular os outros, através da falta de perdão, eles se revoltam, além do que, o sofrimento de nossos inimigos é mínimo, comparado com o sofrimento que impomos a nós mesmos. Em (Mt 7,2) lemos que seremos julgados com o mesmo julgamento que julgamos os outros. Lemos ainda que falta de perdão é um veneno fatal que nos separa do perdão de Deus (Mt 6, 12-15), da cura (Eclo 28,3) da oração (Mc 11, 24-25) e da adoração (Mt 5, 23-24). Sem estas graças somos entregues aos torturadores (Mt 18, 34). Estes torturadores não são pessoas, mas sentimentos como medo, depressão, frustração, ansiedade e ódio de si mesmo. À medida que estes algozes nos enfraquecem, nossa qualidade de vida se deteriora, caracterizando-se pela inutilidade, escapismo e ações compulsivas. Só Deus pode perdoar. Perdoamos os outros e a nós mesmos, ou nos destruímos, no entanto, é humanamente impossível perdoar. “Errar é humano e perdoar é divino”. Só Deus pode perdoar. Perdoar alguém é um milagre maior que a cura de um câncer terminal, mas Deus fará este milagre para nós. O Senhor nos pede para perdoar amorosamente com misericórdia como o Pai do filho pródigo (Lc 15, 20). As perguntas abaixo ajudam a diagnosticar se realmente perdoamos ou estamos enganando a nós mesmos. Tenho consciência de que Deus me deu a graça de perdoar e eu não aproveitei? Posso me imaginar abraçando quem me ofendeu? (Lc 15,20). Valorizo o sacramento da confissão e me utilizo dele frequentemente? Perdoo facilmente as pessoas que são injustas comigo no dia-a-dia? Se perdoarmos gratuitamente e amorosamente, seremos perdoados da mesma forma. Sabendo disso a confissão torna-se mais atraente. Um não a qualquer uma destas perguntas não significa que fomos perdoados, mas é um mau sinal. Para concluir, perdoar é um bom negócio, além de nos tornar livres, nos levará a cumprir a quinta obra de misericórdia: Perdoar as injúrias.

Acolher os Peregrinos

Senhor… quando foi que te vimos peregrino e te acolhemos…?” (Mt 25,38). Ao que o Senhor responde: “Em verdade eu vos declaro: todas as vezes que fizestes isto a um destes meus irmãos mais pequeninos, foi a mim mesmo que o fizestes” (Mt 25,40). Não podemos escapar às palavras do Senhor, com base nas quais seremos julgados, em cada um destes “mais pequeninos”, está presente o próprio Cristo. A sua carne torna-se de novo visível como corpo martirizado, chagado, flagelado, desnutrido, em fuga … a fim de ser reconhecido, tocado e assistido cuidadosamente por nós. Não esqueçamos as palavras de São João da Cruz: “Ao entardecer desta vida, examinar-nos-ão no amor ”. “Não vos esqueçais da hospitalidade…” Quem é o peregrino a quem Jesus convida a dar acolhimento? O peregrino é o romeiro, aquele que vai em peregrinação a um local sagrado ou para participar de um evento eclesial, a este peregrino, que muitas vezes necessita de hospedagem o Senhor espera que recebamos em nossa casa e que partilhemos de nossos alimentos. Recomenda a cartas aos Hebreus: “Não vos esqueçais da hospitalidade, pela qual alguns, sem o saberem, hospedaram anjos.”(Hb 13,2). A hospitalidade nos liberta do egoísmo. Abrir as portas de nossa casa atrai amizade, partilha, liberalidade, benignidade e enriquece nossos relacionamentos. “É para isso que passastes perto de vosso servo” Também se entende por peregrino aquela pessoa andante, que viaja que empreende longas jornadas, entre ele os estrangeiros, os deslocados e os refugiados. A Palavra de Deus ensina que um visitante sempre traz uma boa nova que passará despercebida se acostumarmos a cuidar somente de nossa própria vida, reclusos em nossos próprios problemas, sem prestar atenção no que acontece em torno. Temos o exemplo de Abraão, que justamente em meio a muitas tribulações foi visitado por Deus através de três homens desconhecidos: “Abraão levantou os olhos e viu três homens de pé diante dele. Levantou-se no mesmo instante da entrada de sua tenda, veio-lhes ao encontro e prostrou-se por terra. Meus senhores, disse ele, se encontrei graça diante de vossos olhos, não passeis avante sem vos deterdes em casa de vosso servo.” (Gn 18,2-3). É para isso que passastes perto de vosso servo…” (Gn 18, 5), Abraão reconheceu a presença de Deus naqueles peregrinos… – Passastes aqui – pensou Abraão – para que eu os ajudasse e pudesse ser abençoado por Deus. Quantas vezes, o Senhor nos envia pessoas precisando de nossa ajuda, para através delas nos abençoar, curar, libertar do egoísmo, nos salvar. “Fica conosco, já é tarde, e já declina o dia…” A passagem dos discípulos de Emaús narra que dois discípulos de Jesus estavam se retirando de Jerusalém, foi então que o próprio Jesus aproximou-se e caminhou com eles. Diz a Palavra de Deus: “Seus olhos estava como que vedados e não o reconheceram…” (Lc 24,16). Sabemos quem é Jesus, o que nem sempre sabemos é de que forma ele se manifestará para nós. Em dado momento os discípulos disseram: “Fica conosco, já é tarde, e já declina o dia…” (Lc 24,29); o Senhor ficou com eles e manifestou-se, o Senhor sempre se manifesta quando é bem acolhido. “Então se lhes abriram os olhos e lhe reconheceram… mas ele desapareceu” (Lc 24,31). O Senhor desapareceu e se esconde em muitos que cruzam conosco todos os dias. Não deixe o Senhor passar sem estender sua mão para ele.

quinta-feira, 21 de julho de 2016

Rezar pelos vivos e pelos mortos

Como indica o Catecismo da Igreja Católica no tópico 362, “A pessoa humana, criada à imagem de Deus, é um ser ao mesmo tempo corporal e espiritual”. Isto é, toda pessoa tem uma dimensão espiritual a qual rompe as barreiras do espaço e do tempo, de maneira que, em certa forma, pode ser estado unido a outras pessoas sem importar o local ou o momento em que se encontre; já seja que se encontre neste mundo ou que parta dele, como o afirma o Catecismo da Igreja no tópico 953, se referindo à comunhão dos santos. Uma dessas obras de misericórdia é rezar pelos vivos e pelos defuntos, pois os efeitos da oração cumprem as características próprias de nossa condição espiritual. 362. A pessoa humana, criada à imagem de Deus, é um ser ao mesmo tempo corporal e espiritual. A narrativa bíblica exprime esta realidade numa linguagem simbólica, quando afirma que “Deus formou o homem com o pó da terra, insuflou-lhe pelas narinas um sopro de vida, e o homem tornou-se num ser vivo” (Gn 2, 7). O homem, no seu ser total, foi, portanto, querido por Deus. 953. A comunhão da caridade: na sanctorum communio, “nenhum de nós vive para si mesmo, e nenhum de nós morre para si mesmo” (Rm 14, 7). “Se um membro sofre, todos os membros sofrem com ele; se um membro for honrado por alguém, todos os membros se alegram com ele. Vós sois Corpo de Cristo e seus membros, cada um na parte que lhe diz respeito” (1 Cor 12, 26-27). “A caridade não é interesseira” (1 Cor 13, 5) (512). O mais insignificante dos nossos actos, realizado na caridade, reverte em proveito de todos, numa solidariedade com todos os homens, vivos ou defuntos, que se funda na comunhão dos santos. Pelo contrário, todo o pecado prejudica esta comunhão. A oração A Igreja convida-nos a orar pelos vivos e os defuntos; porém, o que é a oração? Através dos anos, deram-se muitas definições; uma delas é apresenta o tópico 2559 do Catecismo da Igreja, onde afirma que é “a elevação da alma a Deus ou a petição a Deus de bens convenientes”; e como Santa Teresa da Criança Jesus dizia: “É um impulso do coração”, com o qual se pode interceder ante Ele. 2559. “A oração é a elevação da alma para Deus ou o pedido feito a Deus de bens convenientes”. De onde é que falamos, ao orar? Das alturas do nosso orgulho e da nossa vontade própria, ou das “profundezas” (Sl 130, 1) dum coração humilde e contrito? Aquele que se humilha é que é elevado. A humildade é o fundamento da oração. “Não sabemos o que havemos de pedir para rezarmos como deve ser” (Rm 8, 26). A humildade é a disposição necessária para receber gratuitamente o dom da oração: o homem é um mendigo de Deus. Rezar pelos vivos Muitas vezes uma pessoa aproxima-se a outra para lhe dizer: “Reze por mim”, ou “Reze por meu irmão, amigo, ou avô”; talvez porque há algum problema que lhe está afligindo, lhe faz cair na desesperança e em alguns casos ir perdendo o sentido da vida; e tem a confiança de pedir à outra pessoa que interceda ante Deus, pois acha firmemente que Ele escuta as súplicas que se lhe enviam. Mas, como saber se as orações para valer são escutadas pelo Pai? Em numerosas passagens dos Evangelhos, Jesus mesmo convida as pessoas que lhe seguiam a que pedissem confiadamente ao Pai, porque sabe que seu Pai realmente escuta as súplicas e as atende segundo seja Sua Vontade. (Cf. Mt 7:7-11; Mt 18:19-20; Mt 21:22; Mc 11:24-26; Jn 15:7; Jn 14:13; Jn 15:16) Alguns exemplos escritos no Novo Testamento são: a intercessão de Maria no milagre das bodas de Canã (Jn 2:1-11), com a mulher Cananeia que pede por sua filha doente (Mt 15: 21-28), e como o pai de um epiléptico que se ajoelha ante Jesus (Mt 17:14-20). Nestes exemplos demonstra-se como quem se acerca a Jesus e pede ao Pai por outras pessoas, este escuta a seu Filho e concede o que aquele esteja necessitando. Rezar pelos defuntos Talvez se tenha escutado de parte de muitas pessoas, em especial das “não católicas”, que de nada serve rezar pelos que já morreram, e a maioria das vezes se baseiam em Eclesiastes 9:5 (onde se afirma que os mortos deixam de existir, pelo que é inútil pedir por eles) e em que nas Escrituras nunca se pede para orar por eles. O primeiro que teria que assinalar é que o Eclesiastes é um livro do Antigo Testamento, e o Povo de Israel, nesse tempo, estava confuso quanto acreditar ou não em uma vida após a morte, pelo que existia certa divisão (Cf. Atos 23:7-8). Com a vinda de Jesus Cristo ao mundo, Deus deixa claro que após a morte o homem espera, seja para contemplar Sua Glória no Céu ou o “pranto e rechinar de dentes”, isto é, o Inferno. Portanto, se uma pessoa crê em Cristo, sem importar que seja católico ou não, necessariamente deve crer nas palavras escritas no Novo Testamento, pois neste se dá a plenitude da mensagem da salvação desenvolvida progressivamente nos livros do Antigo Testamento... Cristo veio para dar plenitude à lei. (Cf. Mt 5:17) Agora, se olhar com cuidado o que diz Jesus nos Evangelhos, fica claro sua mensagem de que qualquer coisa que peçamos ao Pai, Ele a concederá; não faz exceções, nem notas aclamatórias que assinalem que de nada vale pedir pelos que já morreram. Em disso, Jesus ora, e devolve a vida a Lázaro ante o pedido de Marta e Maria (Jn 11:17-44); à filha de Jairo quando este lhe implora que a cure (Mc 5:21-43); ou ao filho da viúva de Naín (Lc 7:11-17). Cristo faz isto porque sabe que tão importante é pedir pelos vivos ou pelos mortos, pois Ele sempre está da mesma maneira disposto a acolher com ternura as súplicas e a atuar segundo Sua Vontade. Purgatório Também nesta parte é importante fazer menção ao purgatório. O Catecismo da Igreja, nos tópicos 1030 e 1031, explicam como “... a purificação final dos escolhidos...“, isto é, que aqueles que morrem na graça e amizade de Deus, mas não purificados no tudo, precisam ser abraçados pelo fogo do Espírito Santo, “...a fim de obter a santidade necessária para entrar na alegria do Céu.” Biblicamente, Paulo expressa que no dia do Julgamento “... o fogo provará a obra de cada qual: se sua obra resiste ao fogo será premiado... ele se salvará, mas como quem passa pelo fogo” (1Co 3:13-15). Este processo de purificação pode ser acelerado mediante práticas como a oração (Cf. 2 Macabeos 12:46); daí as intenções particulares que se apresentam nas Eucaristias, e a Celebração dos Fiéis Defuntos onde se pede por todos os mortos, inclusive por aqueles dos quais ninguém se recorda. Agora bem, muitos que negam a existência do purgatório argumentando que essa palavra não se encontra na Bíblia; no entanto, as palavras Encarnação e Trindade também não aparecem, mas são necessárias para explicar os mistérios de Nossa Redenção. 1030. Os que morrem na graça e na amizade de Deus, mas não de todo purificados, embora seguros da sua salvação eterna, sofrem depois da morte uma purificação, a fim de obterem a santidade necessária para entrar na alegria do céu. 1031. A Igreja chama Purgatório a esta purificação final dos eleitos, que é absolutamente distinta do castigo dos condenados. A Igreja formulou a doutrina da fé relativamente ao Purgatório, sobretudo nos concílios de Florença (622) e de Trento (623). A Tradição da Igreja, referindo-se a certos textos da Escritura (624) fala dum fogo purificador: “Pelo que diz respeito a certas faltas leves, deve crer-se que existe, antes do julgamento, um fogo purificador, conforme afirma Aquele que é a verdade, quando diz que, se alguém proferir uma blasfêmia contra o Espírito Santo, isso não lhe será perdoado nem neste século nem no século futuro (Mt 12, 32). Desta afirmação podemos deduzir que certas faltas podem ser perdoadas neste mundo e outras no mundo que há-de vir” (625). Conclusão Então, para que orar pelos vivos e pelos defuntos? Oramos pelos vivos para que Deus, no infinito de seu Amor e Misericórdia, devolva a esperança, a ilusão, a vontade de viver para aquelas pessoas que as perderam, que caíram na miséria. E oramos pelos mortos para que Ele, em sua infinita Bondade e Misericórdia, acelere o processo de purificação da alma no purgatório. Desta maneira espera-se que acolha mais prontamente em seu Santo Reino aos que partiram deste mundo e lhes conceda desfrutar da Vida Eterna que é a meta pela qual todos os cristãos aspiram alcançar. Neste Ano da Misericórdia é uma excelente oportunidade para pôr em prática esta obra, e assim ser como o Pai, rico em Ternura e Misericórdia, o qual, por meio de seu Filho prometeu: “Ditosos os misericordiosos porque eles alcançarão misericórdia” (Mt 7:7).

Enterrar os mortos

“Mas Tobit temia mais a Deus que ao rei, e continuava a levar para a sua casa os corpos daqueles que eram assassinados, onde os escondia e os sepultava durante a noite.” Tobit enterrava os mortos, mesmo sendo proibido, pois temia mais a Deus que ao rei. Pesquisas científicas comprovam que o homem começou a “esconder” os corpos de seus mortos a mais de 100 mil anos atrás; fósseis humanos foram encontrados em covas e outros locais protegidos principalmente em cavernas. Na palavra de Deus, o costume de enterrar os mortos aparece como um dos preceitos do Deus de Abraão, veja a atitude do fiel personagem Tobit, diante de um cadáver de um de seus conterrâneos degolado e exposto na praça, ele mesmo, correndo risco de morte, tomou o morto e levou para sua casa: “Quando o sol se pôs, ele foi e o sepultou. Seus vizinhos criticavam-no unanimemente. Já uma vez ordenaram que te matassem, precisamente por isso, e mal escapaste dessa sentença de morte, recomeças a enterrar os cadáveres! Mas Tobit temia mais a Deus que ao rei, e continuava a levar para a sua casa os corpos daqueles que eram assassinados, onde os escondia e os sepultava durante a noite.” Por este exemplo compreendemos que enterrar os mortos além de uma questão de saúde pública, é uma atitude de temor a Deus, de piedade, respeito, amor e misericórdia para com o falecido. A sepultura dos mortos revela o nível de humanização e o grau de civilização de uma sociedade humana. Todos nós sentimos horror diante de imagens que mostram ultrajes e violências contra os corpos mortos de inimigos durante a guerra. Percebemos uma sacralidade violada, consideramos ímpia e desumana essa forma de atuação. O livro do Eclesiástico (Eclo 38,16) diz: “Meu filho derrama lágrimas sobre um morto… sepulta o seu corpo segundo o costume, não descuide de sua sepultura.” A ausência da sepultura era considerada uma maldição, um sinal de abandono da parte de Deus (Sl 78, 2-3; Jr 16, 4-6); ainda podemos observar o costume de comparar a morte com o sono, o livro de Genesis ( 46, 4), o termo “cemitério” deriva de um termo grego que significa “dormitório”. São João Crisóstomo escreve: “O lugar da sepultura chama-se ‘cemitério’ para que se saiba que aqueles que aí repousam não estão mortos, mas a dormir”; e, depois de ter observado que, muitas vezes, na Escritura, a morte é evocada com a imagem do sono e se diz dos mortos que estão adormecidos, acrescenta que daí deriva a palavra “cemitério”, ou seja, “dormitório”, “lugar onde se dorme”a espera da ressurreição. O corpo é templo do Espírito Santo. No Novo Testamento esta ação de enterrar os mortos toma uma dimensão ainda mais especial: a palavra de Deus diz: Ou não sabeis que o vosso corpo é o templo do Espírito Santo, que habita em vós, o qual recebestes de Deus e que, por isso mesmo, já não vos pertenceis? Porque fostes comprados por um grande preço; glorificai, pois, a Deus no vosso corpo, (1 Cor 6, 19-20). O corpo do homem é templo do Espírito Santo, foi comprado por alto preço, o sangue de nosso redentor Jesus. Tratá-lo com dignidade, respeito e caridade e o mínimo esperado para o templo do Senhor que é o corpo humano, mesmo depois de morto. A morte, a espera e o sepultamento. Após a morte, a imediata preocupação dos vivos é com o sepultamento, até que isso aconteça, também faz parte da obra de misericórdia, a contemplação do mistério daquela vida e morte, a oração, a presença e o tempo dedicado somente para acompanhar os últimos momentos da presença corporal do defunto. As inscrições nas catacumbas, cemitérios cristãos dos primeiros séculos, incluem votos para que os defuntos encontrem repouso e “refrigério” (= consolação). Desde os primeiros tempos, a Igreja honrou a memória dos defuntos e ofereceu preces em seu favor, principalmente missas, recomendando, também, esmolas, indulgências e obras de penitência em favor deles.

terça-feira, 19 de julho de 2016

Perdoar os que nos ofenderam

O perdão é o verdadeiro caminho até a liberdade, e sem ele, o mundo se torna um lugar muito difícil de vivermos. A vida nem sempre é justa, muitas pessoas podem ser cruéis, a dor pode se tornar muitas vezes insuportável, e injustiças são muito comuns. Precisamos escolher o caminho do perdão se quisermos ter uma vida de paz, harmonia e felicidade com o nosso próximo, e, na maioria das vezes, nosso próximo está em nossa própria família. A coragem, o poder, o amor e a moderação, são atributos que precisamos desenvolver. A falta de perdão causa tragédias mundiais O ato de perdoar não é uma das tarefas mais fáceis para nós, seres humanos. Tribos, sociedades, países, famílias e amigos já travaram e ainda travam batalhas, e verdadeiras guerras, por causa das diferenças entre as pessoas, ou devido a algum ato que tenha lhe desagradado ou prejudicado, por vingança ou ainda pela sede de poder, e assim espalham pelo mundo ainda mais rancor e nem um pouco de paz. O perdão traz bem-estar físico e mental O perdão não é impossível, nem mesmo nos casos mais graves. O perdão reduz a agitação que leva a problemas físicos. Perdoar reduz o estresse que vem de pensar em algo doloroso, mas que não pode ser mudado. Ele também limita a ruminação que leva ao sentimento de impotência que reduz a capacidade de alguém cuidar de si mesmo. O restabelecimento pessoal através da prática A diminuição da ira e da mágoa vem de se vivenciar o perdão. O perdão é a experiência interior de se recuperar a paz e o bem-estar. Pode acontecer de alguém perdoar um dia, e a raiva voltar depois, e isso é normal. Dessa forma, o perdão é um processo que deve ser praticado. Para perdoar, você pode começar por entender e praticar estes passos: Seu ódio não atinge seu adversário, mas sua própria alma. A melhor resposta aos seus inimigos é ter uma vida cheia de sucesso e realização. A segunda melhor resposta é devolver com um ato bom, quebrando a corrente. Veja o lado positivo que veio da ofensa. Pense nas pessoas que já lhe fizeram algo de bom. Olhe para a grande figura como um todo. Seja caridoso consigo mesmo. Tente equilibrar confiança e sabedoria. Pare de contar o ocorrido às outras pessoas. Ore por seus inimigos ou quem lhe magoou. Tente se colocar no lugar dele e imagine como ele vê o que fez. Mantenha a perspectiva, pessoas podem ofender outras, mas é seu dever perdoá-las. Restituição Às vezes, a pessoa foi realmente prejudicada. O perdão não elimina esse fato; apenas o torna menos importante. O perdão implica que se pode ficar em paz mesmo tendo sofrido um mal causado por outro. Não conseguimos escapar de todos os males, que geralmente fazem as pessoas continuarem estressadas porque os problemas ainda persistem. O perdão reconhece o mal, mas permite que o prejudicado leve a vida em frente. O perdão pode conviver com a justiça e não impede que se faça as coisas justas ou adequadas. Você apenas não as faz de uma perspectiva rancorosa ou transtornada. Afinal de contas, não somos perfeitos e todos cometemos erros. Não perdoar incute no mesmo erro de ofender. Quando amamos nosso próximo, somos pacientes e tolerantes. Separamos as pessoas de seus atos. Perdoamos para sermos perdoados. Nossa melhor contribuição para o mundo é a prática do perdão, a mais divina das vitórias, a cura para os problemas da humanidade.

Visitar os presos

“…estava na prisão e viestes a mim…” (Mt 25,36) O encarcerado é uma das únicas pessoas saudáveis e normais que necessitam que os outros venham até eles, porém, quão poucos se encorajam a visitar o preso. Há medo, indiferença, preconceito, estruturas de segurança embaraçosas, e além de tudo parece uma atitude sem importância. Mas que significa visitar o preso? “… estava na prisão e viestes a mim”. Quem visita um preso, visita Jesus prisioneiro dos homens por causa dos nossos pecados. (Jo 18) Sim, Jesus foi privado da liberdade desde o horto das oliveiras, até sua morte de Cruz, a liberdade de Cristo foi retomada somente depois da Sua morte. Quantos presos se encontram na mesma situação de Jesus, com penas altíssimas, com prisão perpétua, sem nenhuma perspectiva de futuro e liberdade. Lembremo-nos que Jesus assumiu também o delito destes presos e que, nossa parte é levar este conhecimento até eles. Disse o Papa Francisco: “Confesso que muitas vezes penso… nas pessoas que vivem nas prisões.”[i] Dificilmente em uma de suas viagens apostólicas o Papa deixa de visitar uma prisão, certamente é uma tentativa do Papa, para que seja transformada a mentalidade dos cristãos em relação aos encarcerados. A evangelização do preso sem dúvida alguma pode transforma-lo e libertá-lo, não os livrando das grades externas, mas das grades internas, de seus corações. “Na história da Igreja, muitos chegaram à santidade através de experiências duras e difíceis, abram a porta de seu coração a Cristo e será Ele a reverter a sua situação“[ii]. Para que um preso abra a porta a Cristo, é preciso que Cristo seja levado até ele. As mensagens de encorajamento do Santo Padre aos presos nos chamam a buscar a transformação de nossa mentalidade em relação aos irmãos e irmãs privados da liberdade. A obra de misericórdia exige a visita, a presença, o calor humano que somente outro humano pode dar a quem está no ‘gelo’ da reclusão, da solidão, do abandono e da indiferença. Todo cristão é convidado, a pelo menos uma vez na vida visitar uma prisão, e assim, compartilhar da dor daqueles que ali se encontram. Na prisão, o tempo parece estar parado, parece que não passa nunca, mas a dimensão real do tempo não é a do relógio. Diz ainda o Papa: “Estejam certos de que Deus nos ama pessoalmente; para Ele a sua idade e cultura não têm importância, nem mesmo o que vocês foram, as coisas que fizeram, as metas que alcançaram, os erros que cometeram, as pessoas que feriram. Não se fechem no passado; transformem-no em caminho de crescimento, de fé e de caridade. Deem a Deus a possibilidade de fazê-los brilhar através desta experiência”. Outro aspecto desta obra de misericórdia é a família do preso. Visitar a família é indiretamente visitar o detento, a família também se torna prisioneira do preconceito, da indiferença, do medo… Os pais, as esposas e os filhos além de sofrerem pelo motivo que causou a prisão do familiar, sofrem diretamente com as consequências de sues delitos. Quantas esposas e filhos passam fome, são desalojados, perdem emprego… Façamos como o Papa, pensemos neles, rezemos por eles, façamos uma visita e o tudo que está ao nosso alcance.

Experiência com a Misericórdia 1

Todos sabem que para se ter um bom conhecimento da Misericórdia de Deus, além de ter um bom conhecimento da Palavra de Deus é preciso que tenha em suas mãos os escritos de uma Santa que foi citada na Bula Rosto da Misericórdia pelo Papa Francisco: "E a nossa oração estenda-se também a tantos Santos e Beatos que fizeram da misericórdia a sua missão vital. Em particular, o pensamento volta-se para a grande apóstola da Misericórdia, Santa Faustina Kowalska. Ela, que foi chamada a entrar nas profundezas da misericórdia divina, interceda por nós e nos obtenha a graça de viver e caminhar sempre no perdão de Deus e na confiança inabalável do seu amor." Assim, também para mim mesmo se no princípio da missão de anunciar a Misericórdia não tinha nenhuma intimidade com santa Faustina nem com o Diário escrito por ela, aos poucos tive que ir adquirindo este conhecimento na prática mesmo. INclusive muitas pessoas, mas muitas mesmas me perguntam sobre qual seria a melhor forma de se utilizar o Diário de santa Faustina, e, nessa série de artigos que estamos iniciando por aqui quero ajudar a você - se Deus quiser e você permitir - através das experiências partilhadas a tomar conhecimento sobre a melhor forma de se utilizar e entrar na intimidade da Misericórdia através do Diário. Deus abençoe e boa leitura.

quinta-feira, 14 de julho de 2016

Consolar os aflitos

Nosso Senhor Jesus Cristo deu-nos muitos exemplos de consolação, lembremos principalmente, seu empenho em consolar Marta e Maria na morte de Lázaro (Jo 11, 19). Paulo, fiel apóstolo de Jesus, começa sua segunda carta aos Coríntios dizendo: “Bendito seja Deus, o Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai das misericórdias, Deus de toda a consolação, que nos conforta em todas as nossas tribulações, para que, pela consolação com que nós mesmos somos consolados por Deus, possamos consolar os que estão em qualquer angústia!” (2Cor 1, 3-4). Todos nós passamos na vida momentos de aflições e sofrimentos, algumas vezes em conseqüência de nossos próprios erros, em outras por perdas, enfermidades, problemas pessoais ou familiares. Nesses momentos precisamos de consolação. Da parte de Deus ela vem com certeza, pois consolar é atributo de Deus. Em Isaías encontramos Deus comparado a uma mãe: “Como uma criança que a mãe consola, sereis consolados em Jerusalém” (Is 66,13). Mas, aliviar, diminuir dor, ou sofrimento moral e espiritual deve acontecer também da parte dos irmãos, como recomenda São Paulo: “Consolai-vos mutuamente e edificai-vos uns aos outros.” (1Tes 5, 11). Porém, o mundo está cada vez mais povoado. Pessoas vão e vêem trombando umas nas outras, nas ruas, repartições e elevadores, mas quase ninguém se conhece muitos menos partilham suas experiências. Solitários em meio à multidão, pouco falamos de nossos sentimentos e, menos ainda, ouvimos os outros. Não há tempo. Não queremos arrumar tempo, pois ouvir compromete. A atitude de consolar apresentada como uma obra de misericórdia, mais do que nunca, torna-se uma virtude cristã a ser exercitada no cotidiano. Exercitar os olhos para as tragédias alheias; aguçar os ouvidos para escutar os soluços dos que sofrem; oferecer o ombro para deixar reclinar quem chora; estender a mão para levantar quem tropeça e cai. Hoje consolamos, amanhã seremos consolados.

Visitar os enfermos

5) Visitar os enfermos Trata-se de uma verdadeira atenção para com os doentes e idosos, tanto no aspeto físico, como em lhes proporcionar um pouco de companhia. O melhor exemplo da Sagrada Escritura é o da parábola do Bom Samaritano que curou o ferido e, ao não poder continuar a cuidar dele diretamente, confiou os cuidados que necessitava a outro em troca de pagamento (ver Lc 10, 30-37). “A doença, sobretudo se grave, põe sempre em crise a existência humana e suscita interrogativos que nos atingem em profundidade. Por vezes, o primeiro momento pode ser de rebelião: por que havia de acontecer precisamente a mim? Podemos sentir-nos desesperados, pensar que tudo está perdido, que já nada tem sentido... Nestas situações, a fé em Deus se, por um lado, é posta à prova, por outro, revela toda a sua força positiva; e não porque faça desaparecer a doença, a tribulação ou os interrogativos que daí derivam, mas porque nos dá uma chave para podermos descobrir o sentido mais profundo daquilo que estamos vivendo; uma chave que nos ajuda a ver como a doença pode ser o caminho para chegar a uma proximidade mais estreita com Jesus, que caminha ao nosso lado, carregando a Cruz. E esta chave é-nos entregue pela Mãe, Maria, perita deste caminho”. “O banquete das bodas de Caná é um ícone da Igreja: no centro, está Jesus misericordioso que realiza o sinal; em redor d’Ele, os discípulos, as primícias da nova comunidade; e, perto de Jesus e dos seus discípulos, está Maria, Mãe providente e orante. Maria participa na alegria do povo comum, e contribui para aumenta-la; intercede junto de seu Filho a bem dos esposos e de todos os convidados. E Jesus não rejeitou o pedido de sua Mãe. Quanta esperança há neste acontecimento para todos nós! Temos uma Mãe de olhar vigilante e bom, como seu Filho; o coração materno e repleto de misericórdia, como Ele; as mãos que desejam ajudar, como as mãos de Jesus que dividiam o pão para quem tinha fome, que tocavam os doentes e os curavam. Isto enche-nos de confiança, fazendo-nos abrir à graça e à misericórdia de Cristo. A intercessão de Maria faz-nos experimentar a consolação, pela qual o apóstolo Paulo bendiz a Deus ‘o Pai das misericórdias e o Deus de toda consolação! Ele nos consola em toda a nossa tribulação, para que também nós possamos consolar aqueles que estão em qualquer tribulação, mediante a consolação que nós mesmos recebemos de Deus’ (2 Cor 1, 3-5). Maria é a Mãe ‘consolada’, que consola os seus filhos”.

quarta-feira, 13 de julho de 2016

Guia prático de como ir para o inferno Existem vários caminhos possíveis, mas somente um tem garantia absoluta de sucesso

O inferno é, em essência, a completa ausência de Deus. E não é Deus quem condena alguém ao inferno: é o próprio pecador que, livre e conscientemente, rejeita Deus em sua vida. Todo pecado mortal nos afasta de Deus, mas Deus está sempre pronto para nos perdoar até as mais abomináveis e terríveis ofensas. Basta que nos deixemos perdoar por Ele! Pense nos maiores pecadores confessos de toda a história da humanidade. Pense nas piores abominações já cometidas por um ser humano em qualquer época ou lugar. Pense nos piores e mais hediondos pecados que a sua mente puder imaginar e esteja certo de que todos eles, absolutamente todos eles, podem ser perdoados por Deus – todos, menos um: o pecado contra o Espírito Santo. Quem nos afirma isto é ninguém menos que Jesus Cristo: “Por isso, eu vos digo: todo pecado e toda blasfêmia serão perdoados aos homens, mas a blasfêmia contra o Espírito não lhes será perdoada” (Mateus 12, 31). Se Jesus Cristo falou, então está falado: Deus é capaz de perdoar as maiores e piores abominações, mas não pode perdoar a blasfêmia contra o Espírito santo. E, afinal, em que consiste esse pecado que nem mesmo Deus, em toda a sua misericórdia, pode perdoar? Simples: consiste precisamente em não deixar que Deus perdoe! O Espírito Santo de Deus está sempre nos iluminando para que “enxerguemos” o Seu Amor e o aceitemos. Foi só para isso que Deus nos criou: para nos amar e nos oferecer o Seu Amor sem reservas! O pecado contra o Espírito Santo consiste em não aceitar a Sua Luz e o Seu Amor; consiste em fechar-se completamente, consiste em recusar radicalmente a Deus, em endurecer o coração de modo impenitente, empedernido, irrevogável, sem permitir que Deus entre nele de forma alguma. O pecado contra o Espírito Santo é o pecado pelo qual o homem se nega, livre e conscientemente, a receber o Amor, o Perdão, a Misericórdia de Deus. Diante disso, o que é que Deus pode fazer? Respeitar a decisão do pecador. O Amor de Deus é tão incompreensivelmente total, extremo e infinito que, mesmo podendo “forçar” qualquer criatura a submeter-se à Sua Vontade, Deus não o faz! Deus escolhe respeitar a liberdade das suas próprias criaturas! Deus não quer nos impor o Seu Amor: Ele apenas o oferece a nós, submetendo-Se à nossa liberdade de aceitá-Lo ou rejeitá-Lo! E quando uma pessoa, livre e conscientemente, decide impedir que Deus faça parte da sua vida, ela “tira” de Deus até mesmo a possibilidade de perdoá-la – porque Deus não pode forçá-la nem sequer a ser perdoada se ela não quiser. Qualquer pecado mortal, pela sua gravidade e por ter sido cometido com plena consciência e pleno consentimento, pode nos privar de Deus. Mas qualquer pecado mortal pode ser perdoado se permitirmos que Deus nos perdoe. O único, absolutamente único jeito de “garantir” a viagem sem volta para o inferno é o pecado contra o Espírito Santo. E, certamente, não é uma viagem que valha a pena. COMPARTILHAR TWEET WHATSAPP

A Igreja católica usa o termo “Jeová” como nome de Deus? Surpreenda-se com a resposta

Desde o século XIII, a palavra “Jeová” foi utilizada em diversos escritos e traduções católicas da Bíblia e chegou a adornar espaços em igrejas e catedrais. A primeira referência escrita da palavra “Jeová” como o nome de Deus mencionado em Ex 3, 14-15 é o livro “Pugio Fidei Christianae”, do padre Raimundo Martí (c. 1220- c. 1284), escrito em latim e hebraico. O padre Martí foi um sacerdote dominicano catalão que teve notável influência na difusão do termo latino “Iehova” pelo mundo católico. Em português, o termo originado foi “Jeová”, enquanto em espanhol a palavra respectiva é “Jehová”. Em alguns filmes mexicanos, é possível observar que, entre os católicos, era frequentemente usado o termo “Jehová” como o nome próprio de Deus: Em “Los Tres Huastecos”, com Pedro Infante, numa cena em que se está dando catecismo às crianças (especialmente em 1:36:37). Em “Jesús Nuestro Señor”, na cena que apresenta o Menino Jesus perdido e achado no templo. Em “Los Tres Reyes Magos”, que foi o primeiro filme de animação da América Latina, se usa o termo “Jehová” quando o rei Herodes faz rimas sobre como atacar o Menino Jesus. Em antigos catecismos e manuais de liturgia ou teologia também aparece o termo Jeová como o nome de Deus revelado no Antigo Testamento. Foi entre os séculos XIX e XX que a Igreja católica optou pela tradução “Javé”, considerada mais correta e mais próxima da pronúncia hebraica original do nome divino. Esse termo passou a ser adotado nas traduções do Antigo Testamento. Já o Novo Testamento nos esclarece que o nome de Deus é Pai, Filho e Espírito Santo (cf. Mt 28, 19; 2Cor 13,13), conforme revelado por Jesus aos seus discípulos. Este é o nome divino utilizado na liturgia da Igreja desde os tempos apostólicos. RESPEITO E CONHECIMENTO Apesar do desuso atual entre os católicos, o termo “Jeová” continua merecendo todo o respeito devido ao nome de Deus. É importante recordar que o termo foi usado durante cerca de setecentos anos pela Igreja, até que a pronúncia “Javé” fosse preferida por ser mais correta etimologicamente. No diálogo com os irmãos separados, especialmente com o grupo religioso dos Testemunhas de Jeová, é especialmente recomendável usá-lo com esse respeito e com o devido conhecimento de causa.

seremos julgados pelas obras de misericórdia

“No final, seremos julgados pelas obras de misericórdia”. Foi o que recordou o Papa Francisco aos fiéis presentes na Praça São Pedro neste domingo, antes da oração do Angelus, comentando a parábola “simples e estimulante do Bom Samaritano”. E fez isso citando inclusive uma canção italiana “Parole, parole, parole, - "Palavras, palavras, palavras." "Apenas palavras que o vento leva embora”, disse para distinguir as obras de misericórdia de uma solidariedade só em palavras. “Também nós – sublinhou - podemos nos fazer esta pergunta: quem é o meu próximo? Quem devo amar como a mim mesmo? Os meus parentes? Os meus amigos? Os meus compatriotas? Os da minha mesma religião?”. Francisco explicou que Jesus muda essa perspectiva: “Eu não devo catalogar os outros para decidir quem é o meu próximo e quem não é. Depende de mim, ser ou não ser o próximo da pessoa que encontro, e que precisa de ajuda, mesmo se estranha ou até hostil. E Jesus recomenda: “Vai e faça você também o mesmo”'. E ele repete a cada um de nós: “Vai e faça você também o mesmo, faça-se próximo ao irmão e à irmã que você vê em dificuldades. O Evangelho, recordou Francisco, “indica um modo de vida, cujo centro de gravidade não somos nós mesmos, mas os outros, com as suas dificuldades, que encontramos em nosso caminho e nos interpelam. E quando os outros não nos interpelam, algo neste coração não funciona, algo neste coração não é cristão”. Devemos, disse o Papa, “realizar boas obras, não basta somente dizer palavras que vão ao vento”. “ Vem-me em mente aquela canção "palavras, palavras, palavras". E, no Dia do Julgamento, o Senhor vai nos dizer': “Mas você, você se recorda daquela vez na estrada de Jerusalém a Jericó? Aquele homem quase morto era eu. Você se lembra? Aquela criança com fome era eu. Você se lembra? Aquele migrante que muitos querem expulsar era eu. Aquele avó sozinho, abandonado em casas para idosos, era eu. Aquele doente sozinho no hospital, que ninguém vai ver, era eu”. “A atitude do Bom Samaritano – explicou Francisco – é necessária para dar prova da nossa fé, a qual “se não é acompanhada por obras, em si mesma é morta”, como recorda o Apóstolo Tiago". “Através das boas obras, que realizamos com amor e com alegria aos outros, a nossa fé - acrescentou - germina e dá frutos”. Bergoglio, em seguida exortou: “Perguntemo-nos: a nossa fé é fecunda? Ela produz boas obras? Ou é um pouco estéril e, portanto, mais morta do que viva? Faço-me próximo ou simplesmente passo ao lado?”. “Estas perguntas - concluiu – devemos fazê-las frequentemente, porque no fim seremos julgados pelas obras de misericórdia”.