quarta-feira, 29 de junho de 2016

Obras de Misericórdia Corporais: Dar de comer a quem tem fome

1. DAR DE COMER A QUEM TEM FOME O povo bíblico sempre deu grande atenção aos pobres, mas será a partir de Cristo que tal atenção se torna central e a obra primordial. De tal modo é essencial que Bento XVI escreveu na Encíclica Caritas in veritate: «Os direitos à alimentação e à água revestem um papel importante para a consecução de outros direitos, a começar pelo direito primário à vida.» (N.º 27) Trata-se do inviolável direito à vida Deus, Pai de Misericórdia, alimentou o seu povo ao longo dos séculos e continua a fazê-lo diariamente, colocando o alimento na nossa mesa. Neste Jubileu extraordinário da Misericórdia, o dom diário dos alimentos não só deve reavivar em nós o agradecimento a Deus, mas também a preocupação com os irmãos que não têm o sustento diário. Pensemos nos milhões de pessoas no mundo que não têm nada ou quase nada para pra comer. Em contrapartida, em alguns lugares, ás vezes a comida é desperdiçada: para reduzir as reservas, por negligência ou para manter os preços elevados. "Os alimentos que são jogados no lixo - são palavras do Santo Padre - são como se fossem roubados da mesa de quem é pobre". Por isso, o Papa animou em várias ocasiões a melhorar a distribuição de produtos no mundo, e, assim, combater com esta e outras iniciativas, a "cultura do descartável", como ele mesmo chama. Dirijamos o nosso olhar para Cristo, e admiremos como multiplicou os pães e os peixes para saciar a multidão faminta. Um pouco antes, os apóstolos tinham sugerido que ele despedisse as pessoas: "Este lugar é deserto e já é tarde. Despede-os, para que possam ir aos sítios e povoados vizinhos e comprar algo para comer”, propuseram. Curiosamente, os Apóstolos propunham que depois de ter ouvido a palavra de Deus, cada família procurasse o próprio sustento. Mas o Senhor manifesta com fatos que dar de comer ao faminto é tarefa de todos nós: “Vós mesmos, dai-lhes de comer”, diz Jesus a eles, e então se realiza o grande milagre que surpreende a todos. Os Doze aprenderam bem a lição, pois mais tarde, nos primeiros anos da Igreja, encorajaram a distribuição de alimentos entre os fiéis mais pobres. Esta atitude manifestou-se na Igreja até hoje, e surgiram muitas iniciativas de caridade impulsionadas pelos cristãos. Devem ecoar na nossa alma as palavras de Jesus: "eu estava com fome, e me destes de comer". Perguntemos a nós mesmos: o que eu posso fazer? Como animo os outros? Jesus, que é Dador de vida, não só distribuiu os pães e os peixes numa colina da Galileia, mas também, ao chegar o momento sublime da Última Ceia, vemo-lo distribuir o pão transformado no Seu Corpo e o vinho transformado no seu Sangue. Se alguma vez nos desculpamos para não nos comprometermos com as obras de caridade, ou se o egoísmo leva-nos a afastar o olhar dos que não têm o mínimo necessário; se desperdiçamos dinheiro; ou se pensarmos que a fome é um tema muito complexo para lidar com ele pessoalmente, olhemos mais atentamente para Cristo-Eucaristia: Ele, Justiça suprema, ofereceu-se como alimento e se entregou completamente. Veio a este mundo para que a sua vida fosse sustento da nossa. Sua generosidade nos dá vigor, e a sua morte devolve-nos a vida.

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