sexta-feira, 3 de junho de 2016

Papa indica aos padres a leitura da encíclica de Pio XII sobre o Sagrado Coração.

– Na primeira das três meditações para o Jubileu dos Sacerdotes, Francisco convida a retomar a carta de Pacelli sobre o amor de Deus que não se esfria nem desaparece “à vista de monstruosas infidelidades e pérfidas traições”. A reportagem é de Andrea Tornielli, publicada no sítio Vatican Insider, 02-06-2016. A tradução é de Moisés Sbardelotto. O Papa Francisco, na primeira das meditações sobre a misericórdia para o Jubileu do Clero, realizada na Basílica de São João de Latrão, na manhã dessa quinta-feira, 2 de junho, ele citou uma encíclica de Pio XII. Falando do Sagrado Coração de Jesus, culto particularmente celebrado no mês de junho, ele aconselhou os bispos e os padres que o ouviam a reler o texto de Pacelli. “Recordo que, quando a encíclica foi publicada – disse o Papa Bergoglio –, houve quem, torcendo o nariz, disse que o culto do Sagrado Coração era um culto de freiras.” Em vez disso, “nos fará bem relê-la”, acrescentou, embora alguns dirão que “é pré-conciliar”. Francisco explicou que “o Coração de Jesus é o centro”, e talvez justamente as freiras, que são “mães” na Igreja, entenderam isso melhor. A encíclica Haurietis aquas traz a data de 15 de maio de 1956 e é dedicada ao culto do Sagrado Coração de Jesus, que Pio XII pretendia purificar de formas e práticas de um certo devocionalismo sentimental, mas sem diminuí-lo em nada, mostrando, em vez disso, a sua verdadeira doutrina: o culto do Sagrado Coração se refere a toda a pessoa de Jesus e tem como objeto o coração por ser um símbolo não só do amor humano e divino de Cristo, mas também de toda a Sua vida. Por isso, o Papa Pacelli convidava os homens a dirigirem o seu olhar ao Nazareno crucificado. A encíclica é um hino ao amor divino: “Não nos deve causar estranheza que Moisés e os profetas (…) compreendendo bem que o fundamento de toda a lei se baseava nesse mandamento do amor, descrevessem todas as relações existentes entre Deus e a sua nação recorrendo a semelhanças tiradas do amor recíproco entre pai e filhos, ou do amor dos esposos, em vez de representá-las com imagens severas inspiradas no supremo domínio de Deus ou na nossa devida servidão cheia de temor”. Deus, continuava Pio XII, ama “o seu povo escolhido com um amor justo e cheio de santa solicitude, qual é o amor de um pai cheio de misericórdia e de amor, ou de um esposo ferido na sua honra. É um amor que, longe de decair e de cessar à vista de monstruosas infidelidades e pérfidas traições, castiga-os, sim, como eles merecem, mas não para os repudiar e os abandonar a si mesmos, mas só com o fim de limpar, de purificar a esposa afastada e infiel e os filhos ingratos, para tornar a uni-los novamente consigo uma vez renovados e confirmados os vínculos de amor”. “O mistério da redenção divina”, escrevia ainda o papa, “é, antes de tudo e pela sua própria natureza, um mistério de amor: isto é, um mistério de amor justo da parte de Cristo para com seu Pai celeste, a quem o sacrifício da cruz, oferecido com coração amante e obediente, apresenta uma satisfação superabundante e infinita pelos pecados do gênero humano.” “Não havendo, pois, dúvida alguma de que Jesus possuía um verdadeiro corpo humano, dotado de todos os sentimentos que lhe são próprios, entre os quais o amor claramente tem o primado, do mesmo modo é muito verdade que Ele foi provido de um coração físico em tudo semelhante ao nosso, não sendo possível que a vida humana, privada desse excelentíssimo membro do corpo, tenha a sua natural atividade afetiva. Por conseguinte, o Coração de Jesus Cristo, unido hipostaticamente à Pessoa divina do Verbo, sem dúvida deve ter palpitado de amor e de todo outro afeto sensível; contudo, esses sentimentos eram tão conformes e estavam tão em harmonia com a vontade humana, transbordante de caridade divina, e com o próprio amor infinito, que o Filho tem em comum com o Pai e com o Espírito Santo, que jamais se interpôs a mínima oposição e discórdia entre esses três amores.” “O culto ao Sacratíssimo Coração de Jesus“, concluía Pio XII, “é o culto ao amor que Deus tem por nós em Jesus Cristo, e, ao mesmo tempo, a prática do nosso amor a Deus e aos homens.”

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