segunda-feira, 18 de abril de 2016

Cuidado com a interferência

Existe alguma coisa que pode me impedir de viver a misericórdia? Existe. As chamadas interferências? Interferência? Sim, interferência. Certa vez, estava passando por uma grande tribulação. Naquele momento eu estava interiormente atribulado, tinha dificuldades para orar, consequentemente para escutar a Deus e assim experimentar sua misericórdia. Cheguei a pensar que Deus havia se esquecido de mim, que havia me abandonado. Como estava tendo dificuldades para escutar a Deus procurarei a ajuda de pessoas para rezarem por mim, e, me ajudassem a compreender o motivo pelo qual Deus estava permitindo que eu passasse por isso. Eles oraram por mim e a imagem que Deus lhes deu foi a de que ele estava falando comigo, mas que ele fala apenas numa sintonia. Então, o diabo pra impedir que eu escutasse à misericórdia estava gerando interferência externa pra que eu ficasse agitado interiormente e não percebesse que Deus continuava falando comigo. Assim também se deu com s. Faustina que conta que certa vez ela estava magoada com uma pessoa que havia abusado da sua bondade a ponto de quando essa pessoa apareceu na sua frente ela queria dar-lhe uma grande reprimenda. Os sentimentos estavam gerando interferência no coração de Faustina a ponto dela não estar conseguindo ouvir a misericórdia. De fato não é a toa que Jesus insiste no D. 1760 para que não nos deixemos dominar pelos sentimentos pois não termos domínio sobre eles e nem podemos permitir que eles tenham domínio sobre nós. Faustina conta que somente depois de ver a misericórdia diante dos olhos é que ela percebeu que não deveria agora pelo sentimento é tratar aquela pessoa como ela havia lhe tratado, mas, viu diante dos olhos a misericórdia de Deus e resolveu tratar aquela mulher, herói como Jesus a trataria se estivesse no seu lugar. É isso. As interferências têm da parte do mal a intenção de nós impedir de viver a misericórdia e de nós sentirmos objeto dela. Essa tática do maligno não é novidade, pois pelo contrário foi a tática que ele usou com Adão e Eva interferindo na escuta deles, no relacionamento deles com Deus. Quando Jesus Misericordioso diz a santa Faustina que o pecado que mais fere o seu coração são os pecados de desconfiança, de incredulidade, ele está querendo nos alertar sobre essa realidade espiritual de que o demônio não deseja que tenhamos com ele um relacionamento pessoal, de confiança. O primeiro mandamento de Israel, portanto para um judeu é o de ouvir a Deus: “Ouve ó Israel, o Senhor é o único Senhor”. Ouvir a Deus é o primeiro mandamento de Deus para cada um de nós. Ele deseja ter um relacionamento pessoal comigo e com você, deseja que você confie nele e estabeleça com ele um relacionamento de confiança. Mas, para isso precisamos entender que travamos um verdadeiro combate espiritual pois as interferências criadas pelo maligno não deseja isso. Existe uma passagem do diário de Santa Faustina onde Jesus Misericordioso lhe falar que está presente no sacrário todinho para cada um de nós e diz ainda que esse amor dele por nós, esse desejo que ele tem de ter um relacionamento pessoal com comigo e com você, exige apenas uma coisa: a reciprocidade, isso é, o desejo também de que queiramos ter esse relacionamento de confiança e amizade com ele. Jesus sempre insistiu comigo nesse aspecto. Durante a jornada mundial da juventude de 2000 indo para Roma onde estava ocorrendo a jornada, preocupado com a guerra que naquele momento estava ocorrendo entre Timor Leste e Indonésia me deixava tomar por essa preocupação quando tiver uma locução interior tão forte que me dizia: “Não busque fora de você o que está dentro de você”, isso é, não me busque fora de você pois eu estou dentro de você. É que sempre tive a fraqueza de me deixar levar pelas coisas fora de mim e não buscava cultivar um relacionamento pessoal de confiança com Jesus. Essas palavras de Jesus que me foram ditas mostram que para viver a misericórdia é preciso olhar para dentro de nós mesmos. Jo 8 nos fala da adúltera que ia ser apedrejada. Acontece que aos homens que estavam com pedras nas mãos Jesus disse a eles que quem não tivesse pecados que atirasse a primeira pedra, isso é, olhem para dentro de si mesmos e vissem se eram tão diferentes daquela mulher que estavam prestes a matar pois ao fazerem isso iriam perceber que não eram tão diferentes dela, pois tinham tantos pecados quanto ela tinha, logo, isso lhes impossibilitava de jogar pedras nela pois tinham pecados. Quem entra dentro de si mesmo, percebe quem ele é e vai perceber que ao invés de tirar o cisco do olho do irmão vai enxergar a trave que cerca o próprio olho e que tal exemplo o esteja impedindo de ser e de viver a misericórdia. As interferências geradas pelo maligno têm também a intenção de impedir que nos conheçamos a nós mesmos e de perceber que mesmo sendo assim somos amados, somos queridos por Deus cujo coração se abre para a nossa miséria. No diário de Santa Faustina 584 Jesus Misericordioso fala sobre isso: Quando reflete sobre o que te digo no fundo do teu coração, tiras mais proveito do que se tivesses lido muitos livros. Oh se as almas quisessem ouvir a minha voz, quando falo no fundo dos seus corações, em pouco tempo atingiriam os cumes da perfeição.

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